quinta-feira, 3 de junho de 2021

A MENTE QUE MENTE MAIS PARECE UM ABORTO.

 

Em pronunciamento ao som de “panelaço”, Bolsonaro oscila entre a mitomania e a desfaçatez.
Por Redação Ucho.Info/02 de junho de 2021.



Que Jair Messias Bolsonaro recorre à desfaçatez para encobrir a inépcia de um governo negacionista e que flerta com o totalitarismo todo brasileiro de bem já sabe, mas em pronunciamento em rede de rádio e televisão o presidente abusou da mitomania.
Ao som de intenso “panelaço” em muitas cidades do País, Bolsonaro exaltou os feitos do seu governo, como se os brasileiros vivessem o melhor dos cenários. O presidente afirmou, sem qualquer sinal de rubor facial, que o Brasil é o quaro país que mais vacina contra a Covid-19.
“O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. Neste ano, todos os brasileiros que assim o desejarem, serão vacinados, vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa”, afirmou.
O presidente se valeu de números absolutos, tática típica de delinquente intelectual disposto a ludibriar a opinião pública. Falar em vacinação só é válido quando se usa números proporcionais, em relação à população. Desse modo, o Brasil é o 58º país que mais vacinou em todo o planeta, não o quarto como afirmou o mitômano Bolsonaro.
Como sempre afirmamos, qualquer comentário sobre vacinação contra Covid-19 deve levar em conta a necessidade de aplicação de duas doses de imunizante, conforme recomendação dos laboratórios farmacêuticos. Com base nesse cenário, o Brasil vacinou até terça-feira (1) apenas 10,6% da população. Em outras palavras, Bolsonaro mentiu sem cerimônia.
Em relação à economia, o presidente afirmou que no primeiro trimestre do corrente ano o Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1,2%, com projeção de crescimento acima de 4% até o final do ano.
Sempre vivendo em um mundo paralelo, onde a mentira e a distorção dos fatos são mandatárias, Bolsonaro omitiu que a produção industrial registrou em abril a terceira queda consecutiva, com queda de 1,3%. Esse índice fez com que a atividade da indústria ficasse em patamar 1% menor do que o registrado no período anterior à pandemia.
No que se refere à alta do PIB no primeiro trimestre do ano é importante ressaltar que a escorchante carga tributária brasileira é responsável por mais de 31% das riquezas produzidas no País.
Ademais, beira a esquizofrenia política exaltar o desempenho da economia enquanto o número de desempregados se aproxima de 15 milhões e a inflação está em alta. Além disso, a desvalorização do real frente à moeda norte-americana foi responsável por essa alta no PIB do primeiro trimestre, pois as commodities brasileiras tornaram-se mais atrativas em termos de preço no mercado internacional.
Não obstante, o anúncio de que a Fiocruz e a farmacêutica AstraZeneca assinaram acordo de transferência de tecnologia para a produção de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) no Brasil funcionou como cortina de fumaça para a irresponsável decisão do governo de recepcionar a Copa América no País.
“Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América. O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição. Considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho, e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis. Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade”, afirmou Bolsonaro, que insiste em falar sobre respeito à Constituição, ao mesmo tempo em que incentiva e participa de manifestações que pregam a intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.
De volta à realidade da pandemia… 
Enquanto o presidente da República mente aos brasileiros sobre a situação da pandemia, o País registrou nas últimas 24 horas 2.390 mortes por Covid-19 e 92.115 novos casos da doença.
Os números acima mostram de forma clara e inequívoca que as críticas feitas pelo chefe do Executivo federal às medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos foram, como sempre, descabidas e com cunho meramente político.
“O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais. Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea”, declarou.
Qualquer pessoa minimamente coerente que analisar os números do desemprego e da pandemia perceberá que Jair Bolsonaro tratou ambos os assuntos “com a mesma responsabilidade e de forma simultânea”. 
Em suma, o espetáculo de mentira foi tamanho, que até mesmo o responsável por redigir o pronunciamento se deu conta da armadilha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário