quarta-feira, 14 de julho de 2021

A FOME NO MUNDO

 

Pandemia do novo coronavírus agravou a fome no planeta, aponta relatório da ONU.
Por Redação Ucho.Info/13 de julho de 2021.



A pandemia de Covid-19 contribuiu para o agravamento da fome em todo o planeta, aponta relatório divulgado na segunda-feira (12) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
De acordo com o documento, estima-se que quase 10% da população global tenha sofrido de desnutrição no ano passado, ante 8,4% em 2019.
Em 2020, entre 720 milhões e 811 milhões de pessoas passaram fome em todo o planeta.
Considerando o meio da faixa projetada (768 milhões), isso significa que 118 milhões de pessoas a mais enfrentaram a fome em relação a 2019.
A conclusão do relatório é um retrocesso nos esforços da ONU para garantir que todos tenham acesso adequado a alimentos e indica que dificilmente será atingida a meta de erradicar a fome até 2030.
O estudo anual Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo também mostra que entre as pessoas que começaram a passar fome no ano passado, 57 milhões estão na Ásia, 46 milhões na África e 14 milhões na América Latina e no Caribe. A África teve o aumento mais acentuado, com 21% de sua população estimada em desnutrição.
“Quase uma em cada três pessoas no mundo [2,37 bilhões] não tinha acesso a alimentos adequados em 2020, um aumento de quase 320 milhões de pessoas em apenas um ano”, destaca o relatório.

Atraso no crescimento
Em 2020, estima-se que mais de 149 milhões de crianças menores de cinco anos sofreram atrasos no crescimento ou estavam muito baixas para sua idade e que mais de 45 milhões estavam debilitadas ou muito magras para sua altura. Além disso, quase 39 milhões estavam acima do peso.
A maior parte das crianças desnutridas com menos de cinco anos vive na África e na Ásia. Essas regiões são o lar de nove em cada 10 crianças com atraso de crescimento e de nove em cada 10 com peso abaixo do previsto para a idade. A maioria das crianças desnutridas vive em países afetados por múltiplos fatores, como conflitos internos, desastres ambientais e crises econômicas.
Três bilhões de adultos e crianças permaneceram excluídos de dietas saudáveis, em grande parte devido aos custos excessivos dos alimentos. Ao redor do globo, cerca de 30% das mulheres de 15 a 49 anos padecem de anemia.
O documento ressalta que a situação poderia ter sido pior se diversos países não tivessem adotado medidas de proteção social, como o pagamento de auxílio emergencial.
O relatório foi elaborado em conjunto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que pode ser feito
Para combater esse cenário, a FAO diz que os governos devem, entre outros pontos, fortalecer a capacidade econômica das populações mais vulneráveis, promover intervenções ao longo das cadeias de abastecimento para reduzir o custo de alimentos nutritivos e combater a pobreza e as desigualdades estruturais.
“Em um mundo de fartura, não temos desculpa para bilhões de pessoas não terem acesso a uma dieta saudável. É por isso que estou convocando uma Cúpula de Sistemas Alimentares global em setembro”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“[Investir em] mudanças em nossos sistemas alimentares iniciará uma mudança para um mundo mais seguro, justo e sustentável. É um dos investimentos mais inteligentes e mais necessários que podemos fazer”, acrescentou.
Na última semana, a organização humanitária Oxfam estimou que atualmente 11 pessoas morram de fome por minuto. “Esse número supera a atual taxa de mortalidade pandêmica, que é de sete pessoas por minuto”, revela a ONG.
As consequências sociais e econômicas da pandemia de Covid-19 também agravaram a fome no Brasil. Levantamento feito por pesquisadores do grupo Alimento para Justiça, da Universidade Livre de Berlim, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de Brasília (UnB), mostrou que insegurança alimentar grave ou moderada atingiu 27,7% da população no final do ano passado.

(Com agências de notícias)

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