sexta-feira, 9 de julho de 2021

A HISTÓRIA QUE O "SEU TICO" CONTAVA:

 

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Contava o velho servente da escola que, quando os "gaúchos" atingiram o local onde o grupo de soldados paulistas esteve entrincheirado por alguns dias, e não encontraram ninguém, o comandante da tropa inimiga teria ficado possesso e deu ordem para que direcionassem a boca do canhão sobre a capela, lá embaixo, onde a imagem de São Miguel Arcanjo ocupava o topo do altar, ara onde ardia perenemente a vela-símbolo da consubstanciação do sangue e do corpo de Cristo na hóstia consagrada, no mistério do Sacrário, à espera dos fiéis para o santo sacrifício do cordeiro rememorado na missa.
Depois de municiada aquela peça de artilharia pesada, teria o comandante mandado abrir fogo.
Foi nesse instante que se fez um clarão de ofuscar o sol e no rastro da luz de brilho indescritível desce das nuvens um soldado de armaduras prateadas ornadas de ouro e cravejada de brilhantes e outras pedras preciosas, que, de espada em punho, posta-se diante da boca do obus enquanto a soldadesca estupefata cai por terra.
O comandante, duro de espanto e de temor, não teria conseguido balbuciar a ordem de tiro e, mal se recompôs, ordenou a retirada da tropa.
A ermida continuou intacta.
A cidade continuou intacta.
Só não continuou intacto o patrimônio do Leôncio de Góes, o pai do Ivan, da Glorinha, do João e do diácono Zé Antonio. De pura maldade, os soldados requisitaram o único caminhãozinho que ele tinha, um Chevrolet motor "cabeça de cavalo", que nunca mais foi devolvido.
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