sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

ECOLOGISTAS ASSASSINADOS NO PARÁ: FAMÍLIA DO ZÉ DO LAGO.

 


MPF diz que assassinato de família no Pará 'se insere em contexto de ataques a ambientalistas' e monitora investigação
Procedimento foi aberto pelo MPF nesta sexta-feira para cobrar providências de autoridades. Pai, mãe e filha viviam em área de preservação e faziam soltura de quelônios na cidade de São Félix do Xingu.
Por g1 Pará — Belém/14/01/2022 13h48 Atualizado há 2 horas



Família de ambientalistas é assassinada na área rural de São Félix do Xingu, no PA.
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento nesta sexta-feira (14) para acompanhar as investigações e cobrar providências em relação ao assassinato de uma família de ambientalistas em São Félix do Xingu, no sul do Pará.
O MPF considera a possibilidade de o crime ter relação com o trabalho desenvolvido pelas vítimas e diz que com o procedimento aberto, vai "cobrar das autoridades providências e investigações céleres".
"Os fatos são de extrema gravidade e se inserem em um contexto de reiterados ataques a ambientalistas e defensores de direitos humanos no país", informou o MPF.
José Gomes, conhecido como "Zé do Lago", de 61 anos, a mulher, Marcia Nunes Lisboa, de 39, e a filha do casal, Joane Nunes Lisboa, de 17, foram encontrados mortos na propriedade da família, na ilha da cachoeira do Mucura, às margens do rio Xingu. Nenhum pertence foi levado, não houve prisões e a morte segue sem respostas.
O triplo homicídio é investigado pela Divisão de Homicídios de Marabá e pelo Núcleo de Apoio à Investigação da Polícia Civil de Redenção.
A família ocupava uma terra dentro de área de jurisdição do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) inserida na Área de Preservação Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, que compreende 1,5 milhão de hectares.
A prefeitura de São Félix do Xingu emitiu uma nota lamentando a morte e dizendo que a família a era parceira na área ambiental. Eles faziam a soltura de quelônios no rio Xingu e eram conhecidos na região pelas ações de preservação da floresta.
As investigações são acompanhadas por diferentes entidades ligadas aos direitos humanos e causas ambientais. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA) está entre elas, assim como a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), que encaminhou ofício à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) solicitando apuração sobre o caso.

Carta de entidades cobra agilidade
Ao divulgar sobre a abertura de procedimento para acompanhar a investigação sobre a morte da família, o MPF mencionou a carta pública assinada por diferentes organizações, incluindo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH), foi divulgada na quinta (13) cobrando agilidade nas investigações.
Em um trecho, a carta diz que além de registrar altos índices de desmatamento, a carta pública cita que "São Félix do Xingu é conhecido por conflitos fundiários graves resultantes de ações de grilagens de terras públicas, desmatamento ilegal voltado à atividade da pecuária extensiva, invasões de terras indígenas e áreas de preservação, além da instalação de garimpos ilegais".
A carta ainda menciona que só no Pará, nas últimas quatro décadas, a CPT registrou 29 massacres com 152 vítimas. No mesmo período, 75 lideranças foram assassinadas no sul e sudeste do estado.

Entenda o caso
Os corpos das três pessoas da mesma família foi encontrado no domingo (9 de janeiro) na área rural de São Félix do Xingu. A suspeita é que o triplo homicídio a tiros tenha ocorrido há, ao menos, três dias antes de os corpos serem encontrados devido ao estado de decomposição.



Família de ambientalistas é morta no interior do Pará. — Foto: Reprodução / TV Liberal.
O delegado responsável pelo caso disse que já ouviu depoimentos, apreendeu objetos na cena do crime, mas que ainda não poderia passar outros detalhes sobre as investigações.
Até então, nenhum suspeito foi identificado ou preso. As suspeitas iniciais são de que os autores do crime sejam pistoleiros. A motivação segue sendo apurada. Munições foram encontradas no local das mortes.
Informações que possam auxiliar nas investigações podem ser informadas pelo disque-denúncia, no telefone 181.

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