Senadores ameaçam com pedido de impeachment se Aras não encaminhar denúncia contra Bolsonaro.
Por Redação Ucho.Info/15 de fevereiro de 2022Procurador-geral da República, Augusto Aras sonhou durante algum tempo com a possibilidade de frequentar o Supremo Tribunal Federal (STF) na condição de ministro da Corte. Para que o sonho tornasse realidade era preciso uma “canetada” do presidente Jair Bolsonaro, que não aconteceu. Enquanto acalentava o sonho, Aras ficou “em cima do muro” em muitas decisões que deveria tomar em defesa do interesse público – o MP serve para isso –, mas preferiu proteger Bolsonaro.
O UCHO.INFO, sabem os leitores, não tem político de estimação, não tergiversa diante dos fatos e defende o estrito cumprimento da lei. E em muitos casos o procurador-geral fez vistas grossas. Agora, sem a possibilidade de chegar ao Supremo, Aras terá de decidir se desce do muro e cumpre o que manda a lei ou permanece agarrado à malemolência interpretativa, que permitirá seu ingresso na história pela porta do fundo e como “engavetador-geral”.
Em que pese o direito de Augusto Aras de pautar sua gestão da forma que bem entender, senadores que integraram a CPI da Covid ameaçam protocolar um pedido de impeachment do PGR caso não haja o encaminhamento de denúncias contra Jair Bolsonaro e outras autoridades investigadas no âmbito dos escândalos que brotaram no terreno da pandemia.
Os integrantes da CPI podem protocolar um pedido de impeachment de Augusto Aras, mas o processo só avançará mediante autorização do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que em muitas ocasiões abusa da folclórica “mineirice”.
“A jurisdição sobre a fiscalização dos trabalhos (da PGR) cabe ao Senado Federal e nós vamos ter de exercer isso, haja o que houver, sob pena de não estarmos dando o encaminhamento necessário que a Constituição manda”, disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi relator da CPI, durante a inauguração, nesta terça-feira (15), do Memorial criado pelo Senado em homenagem às vítimas da Covid-19.
Pacheco foi anunciado, meses atrás, como pré-candidato do PSD ao Palácio do Planalto, mas os números mostram que seu nome não empolgou os defensores de um candidato da chamada “terceira via”. Presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab negocia a filiação de Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, para lançá-lo como candidato à Presidência da República.
A Rodrigo Pacheco, cujo mandato termina em janeiro de 2027, resta tentar se reeleger como presidente do Senado, o que exigirá apoio de senadores de todas as correntes, inclusive os que integram a base bolsonarista.
Pacheco entende como legítimo o desejo dos senadores de verem concluídas as investigações iniciadas no âmbito da CPI e os devidos indiciamentos, mas imaginar que o presidente do Senado se movimentará para dificultar a vida de Augusto Aras é sonhar demais, assim como fez o PGR em relação ao Supremo.
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