SÃO MIGUEL ARCANJO, TERRA DOS NOGUEIRAS!
Uma vez emancipada político-administrativamente - mas não muito, pois até hoje dependemos de Itapetininga em diversas coisas - começou em São Miguel Arcanjo uma luta desmedida para fazer dela uma cidade boa para se viver, criar e educar seus futuros cidadãos.
Muitos itapetininganos optaram por fincar raízes no novo solo - que não era tão novo, pois aqui já existia o prédio da cadeia, onde o Corpo Policial Permanente constituia-se de cinco praças soldados Maneco, José Floriano, Valério, que era corneteiro, Galdinão e Mané Moço, este contando na época cerca de 60 primaveras, comandadas pelo Cabo Vicente, um baiano alto, moreno, espadaúdo que, além de reunir tudo quanto havia de nobre, integrara-se de tal forma na vida de soldado que o resto do mundo para ele não tinha valor nenhum; pegado à cadeia, o cemitério que já começava a desabar e, quase pegada a ele, a capela dedicada a São Roque.
Melhoramentos?
Já havia engenhos de serrar madeira e moer cana, dois armazéns, quatro tabernas, sapateiros, ferreiros e carpinteiros.
Na praça, uma capela pobrezinha, mas pouco visitada, uma porque os moradores não eram lá muito de frequentar missa e também não havia vigário para ministrá-la.
Já residiam no lugar e eram possuidores de terras pessoas como Ana de Souza Vaz, João Vaz Filho, Francisco Domingos Vito Paschoal Valio Trombetti (meu bisavô), Philomeno Bráulio de Oliveira - nos fundos do quintal de Trombetti - , João Bento Mariano, João Antonio de Almeida, João Rosa Batista e Carolina Ribeiro.
Havia também muita gente pobre, ignorantes e até morféticos.
Alguns itapetininganos descendentes do finado Tenente Urias Emigdio Nogueira de Barros, que não foi o fundador da cidade, alguns deles maçons como Alfredo Olegário, Juvenal e Euclides dos Santos Terra e outros confrades como Antonio Mariano de Oliveira Fróes, José Soares da Silva, Leopoldino de Almeida Fama e Manoel Afonso Pereira, entre outros, vieram para cá atrás de datas para construir suas residências.
Poucas ruas haviam e já estavam sendo nomeadas.
Na Rua do Comércio, morava a senhora Maria Joaquina.
Na Rua Aurora, a Palmira Viotto e o Delmiro Januário de Araujo.
Na Rua Nova, o João Rodrigues.
Na Rua 13 de Maio, o Benedito Terra.
Outras ruas eram denominadas de Rua 12 de Outubro, Rua do Guapé, Rua da Matriz, Rua Bela Vista, etc.
O comércio começou a florescer com a chegada de mais beneficiados com terras por aqui.
A agricultura tomou pulso; começaram as lavouras de fumo, algodão e milho, depois trigo.
Mascates surgiram aos montes.
Libaneses, italianos, depois também os japoneses.
Gado.
Chegou a política.
Banda de música.
Usina de energia elétrica.
Reformas.
E política.
Mudanças.
Vindicações.
Reivindicações.
Impostos.
E política.
Escolas.
Coreto na praça.
Dante Carraro.
Cac.
Água encanada.
E política.
Agências bancárias.
Batata.
Era esperar pelo melhor.
Era querer e construir uma igreja maior.
Uva.
Empresa de ônibus.
E política.
Mas os homens de barbas morreram todos.
Morreram os Válio, contestadores. Morreram os mascates, odiados pelos comerciantes. Morreram os maiores empreendedores que no século passado aqui fizeram suas moradias sonhando com um futuro melhor e igualitário.
Hoje nota-se o vazio que foi preenchido por lendas e mentiras que chegam a meter medo na população que se esconde, com medo do futuro, sem apoio moral, sem mais nada.
Do Tenente Urias, que não era Terra e sim Nogueira, sobraram os Nogueiras, estes, sim, herdeiros legítimos das terras conquistadas ao governo pelo desbravador.
Luiza Válio.
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