Prisões de Milton Ribeiro e dos “pastores do MEC” são a antessala de acordo de delação premiada
Por Redação Ucho.Info/22 de junho de 2022.
Em operação deflagrada nesta quarta-feira (22), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão em desfavor do ex-ministro Milton Ribeiro, da Educação, e dos pastores que integravam um gabinete paralelo na pasta e são acusados de corrupção. Até o momento, a PF prendeu, além de Ribeiro, o pastor Gilmar Santos da Silva, e está à procura do também pastor Arilton Moura.
Na edição de 11 de abril passado, o UCHO.INFO afirmou que caso os pastores alarifes do Ministério da Educação decidissem contar a verdade às autoridades que investigam esquema de corrupção na pasta, o presidente Jair Bolsonaro mergulharia em situação extremamente difícil.
Enquanto o ex-ministro Milton Ribeiro estava acuado, outros pastores, entre eles Arilton Moura e Gilmar Santos da Silva, faziam contatos dos mais diversos e acreditavam que sairiam impunes do escândalo. Diferentemente do que foi divulgado até o momento, o grupo próximo de Bolsonaro e que atuava nos subterrâneos do ministério é formado por pelo menos 15 pastores, cada qual com tarefa específica.
A confiança dos protagonistas do escândalo era tamanha, que mesmo após a divulgação do caso alguns pastores continuaram oferecendo cargos na Educação e na Economia como forma de obter vantagens no âmbito da estratégia de defesa. Em outras palavras, desejavam usar a estrutura do governo para custear as respectivas defesas. Além disso, não escondiam que a interferência de Bolsonaro nos bastidores do caso soava como senha para a impunidade.
Assustado com os desdobramentos do escândalo, Milton Ribeiro temia pela segurança dele próprio e da família, tendo cogitado a possibilidade de fazer delação premiada, mas acabou convencido a esperar. O ex-ministro chegou a pensar em sair do País, como noticiamos na edição de 19 de abril, possivelmente na esteira de alguma sinecura criada pelo governo.
Assessores palacianos e integrantes do núcleo duro da campanha de Bolsonaro pela reeleição consideram a ação da PF como um desastre, mas na verdade vai muito além disso. Afinal, Ribeiro tornou-se alvo do que nos bastidores dizia temer: a prisão.
Quando depôs à PF no escopo do inquérito que investiga o esquema de corrupção no Ministério da Educação, Milton Ribeiro ratificou sua fala na gravação revelada pela “Folha de S.Paulo”: que a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a prefeituras indicadas pelos pastores Gilmar e Arilton atendia a um pedido direto de Bolsonaro.
Se a epopeia criminosa das vacinas contra Covid-19 desfez-se com o tempo, o escândalo dos “pastores do MEC” deve render dividendos negativos ao presidente da República. Isso porque Milton Ribeiro, que foi abandonado à própria sorte pelo governo, não precisará de muito tempo para ingressar no terreno da colaboração premiada.
Bolsonaro disse que colocaria “a cara no fogo” por Milton Ribeiro. Resta saber até quando o presidente da República suportará o calor das labaredas do escândalo.
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