quinta-feira, 21 de julho de 2022

VERGONHA DE SER BRASILEIRO

 

Imprensa internacional vê Bolsonaro repetir roteiro golpista de Donald Trump
Por Redação Ucho.Info/19 de julho de 2022.



Que o estrago na imagem do Brasil no cenário internacional seria grande na esteira de mais uma manifestação golpista do presidente Jair Bolsonaro todos sabiam, mas os efeitos colaterais foram piores do que se imaginava incialmente.
Veículos da imprensa internacional que cobriram a apresentação feita por Bolsonaro a diplomatas estrangeiros no Palácio da Alvorada, na segunda-feira (18), ocasião em que voltou a questionar o sistema de votação, destacaram similaridades entre o comportamento do líder brasileiro com o do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Assim como Bolsonaro, Trump também disseminava suspeitas sobre a votação na eleição norte-americana de 2020, alegando que seu adversário, o democrata Joe Biden, teria sido beneficiado por “fraudes” no processo. Trump não reconheceu a derrota e usou o argumento de que as eleições haviam sido fraudadas para insuflar seus apoiadores, que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Na segunda-feira, o presidente brasileiro tentou deslegitimar a autoridade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para organizar as eleições e repetiu alegações de fraude nas eleições de 2018, as quais já foram desmentidas de forma categórica pela Polícia Federal e pela Corte eleitoral.

“Prévia de estratégia”
Ao noticiar sobre a reunião de Bolsonaro com os diplomatas, o jornal americano “The New York” Times afirmou que a apresentação do brasileiro foi uma “prévia potencial de sua estratégia para uma eleição daqui a 75 dias e para a qual as pesquisas preveem que ele perderá por grande margem”.
“Muitos diplomatas presentes ao evento foram impactados pela apresentação, inclusive pela sugestão de Bolsonaro de que a forma para garantir eleições seguras seria com um envolvimento mais intenso dos militares brasileiros […] Esses diplomatas se preocuparam que Bolsonaro esteja criando os fundamentos para uma tentativa de questionar o resultado das urnas, se perder.”
“Bolsonaro parece estar aderindo ao esquema do ex-presidente Donald Trump […] parece estar desacreditando a votação antes que ela se realize, num suposto esforço para aumentar sua confiabilidade e transparência”, analisou o jornal nova-iorquino.
O britânico “The Guardian” também lembrou em sua cobertura sobre o evento que Bolsonaro era um apoiador de Trump, e que já havia tentado aprovar um projeto de lei que determinasse o retorno ao voto impresso, rejeitado pela Câmara dos Deputados.
“A decisão de Bolsonaro de intensificar suas críticas [ao processo eleitoral] perante um público internacional pode estar ligada à seu mau desempenho nas pesquisas. A maioria delas dá ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma vantagem de dois dígitos, e seus apoiadores estão otimistas de que ele poderia até vencer no primeiro turno”.

“Alertas sem provas”
A revista alemã “Der Spiegel” foi outra publicação que fez paralelos entre o brasileiro e o ex-presidente americano. “De forma repetida, Bolsonaro dissemina dúvidas sobre a confiabilidade do sistema de votação. No ano passado, ele não conseguiu aprovar uma reforma. Como o ex-presidente dos EUA Donald Trump, Bolsonaro faz alertas de possível manipulação, sem provas. Ele exige, por exemplo, que os votos sejam também registrados em papel impresso – do contrário não reconheceria o resultado da eleição em outubro”, escreveu o veículo.
A agência de notícias Bloomberg, por sua vez, registrou que Bolsonaro, ao dizer que as urnas eletrônicas do Brasil estão sujeitas a fraudes, repetia “teorias da conspiração antigas e desmentidas sobre a segurança do sistema que o Brasil vem usando há mais de duas décadas”.
A agência de notícias Reuters afirmou que Bolsonaro é “um nacionalista de extrema direita que diz que seu governo tem como exemplo o de Donald Trump”, que “ecoou as alegações sem provas de fraude feitas pelo ex-líder dos EUA nas eleições americanas de 2020”.
“Ele vem questionando de forma repetida as urnas eletrônicas do Brasil, alegando, sem provas, que elas são suscetíveis a fraudes, o que desperta o receio que possa se recusar a admitir uma derrota, como fez Trump em 2020”, escreveu a Reuters.

(Com agências internacionais)

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