terça-feira, 25 de abril de 2023

REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, EM PORTUGAL

 

Revolução dos Cravos

A Revolução dos Cravos aconteceu no dia 25 de abril de 1974, em Portugal, e lutou contra a ditadura, a crise econômica e as guerras em países colonizados da África.


Os cravos se tornaram símbolo da revolução que derrotou o fascismo em Portugal, a Revolução dos Cravos. [1]

A Revolução dos Cravos aconteceu em 25 de abril de 1974, em Portugal, que vivia em uma ditadura desde 1926. Esse regime continuou autoritário e ganhou ares fascistas com a ascensão ao poder de Antônio Salazar, que assumiu em 1932 e mudou a Constituição em 1933.
Nessa época, o país também passava por uma crise econômica e realizava guerras contra países colonizados na África. Formaram-se grupos guerrilheiros em Angola, Guiné e Moçambique, os quais as forças armadas portuguesas tiveram que combater, mesmo sendo contrários a isso, gerando insatisfação também nessa parcela da sociedade. Tudo isso culminou na referida revolução, que foi rápida e pacífica.
Após ela, as liberdades civis e democráticas foram retomadas e outros direitos conquistados, como o de votar. Os países africanos passaram por processos de independência e uma nova Constituição entrou em vigor em Portugal.

Os motivos da Revolução foram: a ditadura existente em Portugal desde 1926, as guerras coloniais na África e a crise econômica do país.
A ditadura salazarista foi o período em que Antônio Salazar, que tinha inclinações fascistas, esteve no poder de Portugal.
Os resultados da Revolução foram: a volta dos direitos civis e políticos para a população portuguesa e o início dos processos de descolonização na África.
Teve grande impacto na cultura de Portugal.

Antecedentes históricos da Revolução dos Cravos

O regime político português, até o ano de 1910, era o de uma monarquia constitucional, porém levantes reunidos pelo Partido Republicano Português transformaram-no em uma república, em outubro daquele ano.
O novo regime republicano e a participação na Primeira Guerra Mundial trouxeram transtornos políticos e econômicos. Politicamente, diante da crise, começaram a surgir movimentos conservadores que culminaram no golpe de maio de 1926, iniciando a Ditadura Nacional, que durou até 1933, quando foi estipulada uma nova Constituição — também ditatorial — e ascendeu ao poder Salazar, dando origem ao salazarismo.
Importante observar que tanto a Ditadura Nacional quanto o salazarismo foram formas de governo autoritárias, portanto, regimes ditatoriais, tanto é que Salazar já participava desse primeiro governo como ministro da Fazenda. Em 1932, tornou-se chefe de Estado como primeiro-ministro, e começou a articular com outros ministros a aprovação da nova Constituição, que instaurou uma ditadura de mais de 40 anos.

→ Ditadura salazarista (ou salazarismo)
A ditadura salazarista deu seus primeiros passos em 1932, quando Antônio de Oliveira Salazar assumiu o cargo de primeiro-ministro. Com isso, em 1932, a ditadura iniciada em 1926 adquiriu um caráter fascista, inspirada nas ideias de Mussolini, da Itália.
Um ano depois, a Constituição de 1933 proibia quaisquer liberdades de organização e expressão do povo português. A ditadura salazarista durou de 1933 a 1974, chegando ao fim com a Revolução dos Cravos. Salazar esteve no poder até 1968, quando teve um AVC e foi afastado, sendo substituído por Marcello Caetano. Desse modo, foram mais de 40 anos sem democracia no país.
O período do longo mandato de Salazar é também chamado de Estado Novo ou Segunda República de Portugal (sendo a Primeira iniciada em 1910). A concepção política desse regime era conservadora, baseada na força do Executivo e sem dar devido valor e legitimidade ao Parlamento, o que levou ao autoritarismo, encerrando o período liberal da Primeira República e, até mesmo, do regime monárquico constitucional anterior.
Salazar, antes de ser primeiro-ministro, foi ministro da Fazenda. Lá, foi apelidado Mago das Finanças, o que lhe garantiu grande popularidade. Também como em outros regimes fascistas, o salazarismo era centrado na figura do líder.
A Ditadura Nacional, inaugurada pelo golpe de 1926, aconteceu antes do Estado Novo. Governada por militares, ela havia “preparado o terreno” para o que viria com Salazar, retirando as liberdades democráticas da Constituição de 1911 e instalando um ordenamento provisório, substituído pela Constituição de 1933, de caráter fascista. Como características principais do salazarismo, pode-se destacar:corporativismo;
antipartidarismo;
antiparlamentarismo;
concentração de poderes nas mãos do presidente do Conselho de Ministros (Salazar);
lemas parecidos com os dos demais governos fascistas, como: “Deus, pátria e família” e “Tudo pela nação, nada contra a nação”;
defesa da “moral cristã”, com forte presença da Igreja Católica;
censura a tudo aquilo que ofendesse a “moral e os bons costumes”, especialmente na imprensa e na cultura;
culto ao chefe;
antiliberalismo político e econômico;
formação de organizações de jovens, para que aprendessem a disciplina da ditadura desde cedo e a defendessem;
forte propaganda política, com órgãos específicos para isso;
polícia política repressiva e com grandes poderes chamada Polícia Internacional e Defesa do Estado (Pide), que continha qualquer tipo de oposição, muitas vezes torturando, prendendo e enviando para campos de concentração (que Portugal mantinha em Cabo Verde, uma de suas colônias);
discurso anticomunista;
economia capitalista controlada pelo Estado;
controle da educação, que tinha de ensinar os valores da pátria e cristãos;
tutela dos sindicatos, fundando, em seus lugares, corporações.

Motivos da Revolução dos Cravos
A Revolução dos Cravos teve dois principais objetivos: o desejo pelo fim da ditadura, que já assolava o país há décadas, e o desejo pelo fim das guerras coloniais na África, que duravam 13 anos e eram motivo de descontentamento das forças armadas. A crise econômica também afligia o país à época, e o salazarismo havia perdido força desde a morte de Salazar, em 1970.
As guerras coloniais em países africanos foram motivos significantes para a Revolução porque, após a Segunda Guerra Mundial, as grandes potências europeias se viram obrigadas a reconfigurar seus mapas de influência e exploração mundo afora, sobretudo no continente africano. Porém alguns desses países europeus não aceitaram acordos e redivisões, entrando em conflitos diretos com as forças armadas dos países colonizados, que também já não aceitavam mais tal submissão. Um desses foi Portugal.
Portugal colocou as forças armadas portuguesas para lutarem contra Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre os anos 1960 e 1974. Os ditadores Salazar e Marcello Caetano foram decisivos para que esses conflitos acontecessem, já que afirmavam que as colônias estavam dentro da nação.
A Guerra Colonial Portuguesa, ou Guerra Ultramar, enfrentou frentes desses países, como, na Angola: a União dos Povos Angolanos (UPA), o Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação da Angola (FNLA).
Os conflitos se estenderam por anos e foram muito sangrentos, até 1974, com a Revolução dos Cravos, que designou o regresso democrático em todas as terras lusitanas. Com isso, foi aberta uma rodada de negociações visando à descolonização.
O Tratado de Alvor, de 1975, queria a fundação de um governo provisório e transitório para gerir a descolonização, porém uma longa e sangrenta guerra civil ainda marcaria a história desses países, mesmo com o acordo.

O que foi a Revolução dos Cravos?
A Revolução dos Cravos foi o levante popular e militar que ocorreu em 25 de abril 1974 e que acabou com o salazarismo português. Com ela, grandes mudanças ocorreram no país, sobretudo o reestabelecimento das liberdades democráticas, que não existiam desde o golpe militar de 1926.
Na Segunda Guerra Mundial, apesar de Portugal ter se mantido neutro, foi afetado pelos acordos e redivisões geográficas e econômicas e, com isso, recusou-se a aceitar as independências das colônias africanas, dando origem a grupos guerrilheiros de libertação em Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Com o AVC de Salazar, seu ex-ministro, Marcello Caetano, assumiu e seguiu com a mesma política.
A crise econômica e os desgastes nas guerras coloniais causaram grande contrariedade nas forças armadas e na população em geral, levando ao aparecimento de movimentos contra a ditadura. Assim, no dia 25 de abril de 1974, eclodiu a Revolução.
A Revolução dos Cravos aconteceu, de modo inesperado para Marcello Caetano, com o sinal da canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso no rádio e ocupações do Movimento das Forças Armadas (MFA) em locais estratégicos, em pouco tempo e em todas as regiões de Portugal. A música, entoada à 0 h, fez com que 1 milhão de pessoas cercassem os rádios em busca de mais notícias. 
Veja a letra da música a seguir:

Grândola, Vila Morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade


Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, Vila Morena


Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, Vila Morena

Terra da fraternidade


Terra da fraternidade

Grândola, Vila Morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena


À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade


Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade|1|

Marcello Caetano, rendido, primeiramente, foi para a ilha da Madeira. Depois viveu no Brasil até outubro de 1980, quando morreu, no Rio de Janeiro. Os portugueses deram cravos aos soldados, sendo colocados na ponta dos fuzis e usados para nomear a Revolução, que ocorreu quase sem derramamento de sangue.

Manifestantes em cima de um tanque comemorando o fim da ditadura salazarista, em 25 de abril de 1974. [2]

Cronologia da Revolução dos Cravos
25 de abril de 1974 é marcado como a data da Revolução dos Cravos. Abaixo, a cronologia dos dias que mudaram a história de Portugal:
→ 24 de abril de 1974, um dia antes da Revolução dos CravosÀs 22 h é instaurado o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (MFA), no Regimento de Engenharia 1. Oficiais, que liderariam operações revolucionárias, reúnem-se.
Às 22h55min, a canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, é veiculada pelas Emissoras Associadas de Lisboa. Essa era uma das senhas para informar à população que as operações estavam começando.
→ 25 de abril de 1974, o dia da Revolução dos CravosÀ 0h20min, a segunda senha — a que ficou mais conhecida como símbolo da Revolução — é tocada: “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, passa no programa Limite, da Rádio Renascença, confirmando que os militares estavam em marcha definitiva.
Entre essas operações, estavam ocupações de locais estratégicos, como: Rádio e Televisão de Portugal (RTP); Emissora Nacional, Rádio Clube Português (RCP); Aeroporto de Lisboa; Quartel-General; Estado-Maior do Exército; Ministério do Exército; Banco de Portugal; e Marconi Comunicações Internacionais, que foram ocupados simultaneamente, a partir da 0h:30min do dia 25 de abril.
Às 3h45min da manhã, o MFA apresenta seu primeiro comunicado, no Rádio Clube Português.
Às 5h45min da manhã, as Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém (cidade bem próxima da capital), comandadas pelo capitão Salgueiro Maia, grande liderança expoente do MFA, chegam ao Terreiro do Paço, em Lisboa.
Às 9h da manhã, a fragata Gago Coutinho é ordenada a parar em frente ao Terreiro do Paço e contra-atacar, porém a ordem não é obedecida.
Às 11h45min, é anunciado, pelo MFA, que se detém o controle de todo o país.
Às 12:30min, são dadas ordens para que atacar o Quartel da Guarda Nacional Republicana (GNR), a fim de que Marcello Caetano se rendesse. A essa altura, a população já estava nas ruas (desde às 5 h da manhã) e acompanhava os momentos de tensão e trocas de tiros, mas também comemorando e colocando cravos nos fuzis.Às 15h30min, o primeiro-ministro ainda não tinha se rendido e as ameaças de disparos no quartel tornam-se maiores.
Às 16h30min, após acabar o limite de tempo para sua rendição, Marcello Caetano anuncia sua sujeição, solicitando que um membro do MFA de alta patente vá até o quartel.
Às 17h45min, é hasteada a bandeira branca e começa-se a negociar os termos da rendição.
Às 18h30min, um veículo blindado entra no local e retira Marcello Caetano e dois ministros que são levados para o Posto de Comando do MFA.
Às 20 h, policiais da Pide, a polícia ditatorial, atiram na população. Quatro pessoas morrem e 45 ficam feridas.
Às 20h05min: O MFA lê e transmite nas emissoras sua Proclamação.
→ 26 de abril de 1974, um dia depois da Revolução dos CravosÀ 1h40min, é apresentada a Junta de Salvação Nacional, formada por militares que lideraram as operações.
Às 7h40min, Marcello Caetano e demais membros do alto escalão de seu governo partem para a ilha da Madeira.
Às 9h45min, a Pide é rendida.
Às 13h, em algumas regiões de Portugal, são iniciadas as libertações de presos políticos.

Consequências da Revolução dos Cravos
As consequências da Revolução dos Cravos foram momentos de autogestão dos trabalhadores e de conquistas de diversos direitos que haviam sido perdidos em tantos anos de ditadura.
Ao mesmo tempo, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe tornavam-se países independentes, num processo que durou de abril de 1974 a novembro de 1975, com a descolonização pós-Revolução dos Cravos.
Até o final daquele ano, Portugal passou pelo Processo Revolucionário em Curso (Prec), que foi conturbado, com várias tentativas de golpes pelas forças salazaristas que ainda estavam no país e se organizavam para as Eleições da Assembleia Nacional Constituinte.
Após 25 de abril, foram registradas algumas tensões, como a de maio de 1975. Esse momento foi nomeado Verão Quente e consistiu em uma reação da Igreja Católica e de setores conservadores, que temiam a radicalidade de certos setores da esquerda pós-Revolução.
Para que esses setores não crescessem e se fortalecessem mais, facções conservadoras realizaram vários ataques, especialmente em sede de movimentos, sindicatos e partidos. Elas também eram contra as ocupações e expropriações de terras. Além disso, o programa do MFA trazia um trecho que rechaçavam: dizia que o país passaria por uma reorganização socialista.
Em 25 de abril de 1975, um ano após a Revolução, aconteceu a primeira eleição direta depois de 41 anos de ditadura, e os socialistas foram vencedores. Mais um ano depois, em 1976, também no aniversário da Revolução, começou a vigorar a nova Constituição.
Além dos direitos civis e políticos, a nova Carta Magna garantiu: direito à saúde, cultura, educação, habitação, previdência social etc. Ainda, como vimos, ocorreram processos de nacionalização e independência nas colônias.
O dia 25 de abril é, ainda hoje, feriado em Portugal e é chamado de Dia da Liberdade.

Cultura e Revolução dos Cravos


Ainda hoje, a Revolução dos Cravos é referência de cultura e de luta para os portugueses, que, todos os anos, vão às ruas no dia 25 de abril. [3]

A Revolução dos Cravos inspirou e ainda inspira escritores(as), compositores(as), poetas, músicos(as) e demais artistas. A Revolução dos Cravos, em si, é uma manifestação cultural, afinal, ela foi iniciada com música e usou a simbologia das flores no lugar das armas. Confira abaixo canções, filmes e obras literárias sobre esse evento histórico.

→ Revolução dos Cravos e o cinema
Existem produções cinematográficas ficcionais, além de documentários, que se inspiraram na Revolução. Veremos alguns desses abaixo, produzidos pela MHD – Magazine.HD, uma produtora portuguesa:Torre Bela (1975): de Thomas Harlan, retrata a tomada de uma propriedade rural pelos trabalhadores agricultores, quase um ano após a Revolução, em uma área do país que o Partido Comunista ainda não tinha alcançado e alguns salazaristas ainda se refugiavam. Esses camponeses estiveram, em sua maioria, presos e torturados durante a ditadura.
As armas do povo (1975): de Alberto Seixas Santos, é um compilado de imagens da Revolução feitas por diversos cineastas, inclusive o brasileiro Glauber Rocha, que foi a Portugal testemunhar e registrar o momento revolucionário.
Outro país (1999): de Sérgio Tréfaut, é também um documentário no formato de compilação de cenas e fotos, porém o realizador foi atrás, muito anos depois, de imagens inéditas no mundo todo, afinal, não só Glauber Rocha esteve lá mas o também brasileiro e fotógrafo Sebastião Salgado, entre outros de outros países e reconhecidos globalmente.
Capitães de Abril (2000): de Maria de Medeiros, é considerado uma das principais obras do cinema português. São utilizadas as memórias de Salgueiro Maia, um capitão do exército português que foi responsável pela liderança das forças armadas revolucionárias, interpretado pelo ator italiano Stefano Accorsi.
As ondas de Abril (2013): de Lionel Baier, é também uma ficção. Conta a história de jornalistas suíços que estão em Portugal por acaso, para outras reportagens, quando, de repente, são surpreendidos pela Revolução dos Cravos e passam a cobri-la, rendendo-lhes as grandes matérias de suas vidas.

→ Revolução dos Cravos e a televisão
Na TV, o Canal History apresentou o documentário 25 minutos de uma Revolução. Dirigido por Pedro Fonseca e produzido pela Produtora Sete Sentidos, essa obra não ficcional e televisiva mostra entrevistas exclusivas com: os capitães reformados de Abril Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Lourenço; o radialista da Rádio Renascença Manuel Tomás; o jornalista Carlos Albino; o diretor dos Serviços de Informação do governo de Marcello Caetano, Pedro Feytor Pinto; o cantor de “E depois do adeus”, Paulo de Carvalho; e o fotógrafo Alfredo Cunha.

→ Revolução dos Cravos e a música
A história da Revolução dos Cravos está diretamente ligada à música, afinal, a senha emitida via rádio pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) foi a canção de José Afonso, “Grândola, Vila Morena”.
Compositores brasileiros homenagearam a Revolução, e um deles também teve sua música censurada na ditadura daqui: “Tanto mar”, composta por Chico Buarque em 1978.
Na década de 1980, a dupla gaúcha Kleiton e Kledir lançou “Vira virou”, regravada por diversos outros artistas, inclusive Mercedes Sosa, cantora argentina considerada “a voz da América Latina”.

→ Revolução dos Cravos e a literatura
A Revolução dos Cravos influenciou muitos campos da cultura, entre eles a literatura. Foram publicados vários livros a respeito, além de poesias, peças de teatro e histórias infantis.
O pesquisador Gerson Luiz Roani, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, no trabalho “Sob o vermelho dos cravos de Abril”, diz que:
[...] há uma profunda vinculação entre as transformações políticas ocorridas em Portugal, após 1974, e a produção artística lusitana das últimas três décadas. Com a Revolução dos Cravos, a arte literária portuguesa empreendeu a revisitação crítica dos seus caminhos artísticos, sobre os quais havia pairado, durante meio século, a ação da censura salazarista. Com a liberdade, a Literatura Portuguesa passou a viver um período de notável efervescência criadora. No âmbito da produção narrativa, podem ser percebidas tendências marcantes do romance português, tais como a tematização da Guerra Colonial mantida por Portugal, na África, a emergência do feminino no campo da escritura literária e, sobretudo, a transfiguração e reescrita da História pela Literatura.|2|

O famoso escritor José Saramago foi o autor da peça A Noite, de 1979, que trata da madrugada do dia da Revolução dos Cravos.

Entre as poesias, destaca-se: “Poema de Abril” (1974), de Sidónio Muralha; “As portas que Abril abriu” (1975), de José Carlos Ary dos Santos; e “25 de Abril” (1977), de Sophia de Mello. Entre as obras infantis: Era uma vez o 25 de Abril (2014), de José Fanha.

Destacamos também o recente Capitãs de Abril, de 2014, da autora Ana Sofia Fonseca, que traz a visão revolucionária pelas vozes femininas, mostrando a importância delas, mesmo que, na maioria das vezes, não sejam lembradas. Uma delas, Celeste Martins Caeiro, foi a primeira a fazer o gesto-símbolo da Revolução, colocando um cravo em um rifle.

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