quarta-feira, 14 de junho de 2023

ESTE BRASIL QUE NÃO TOMA JEITO!

 

Presidencialismo de coalizão faz o governo refém do banditismo político que domina Congresso
Por Redação Ucho.Info/12 de junho de 2023




Quando o termo “presidencialismo de coalizão” começou a ganhar força no Brasil, o UCHO.INFO não economizou palavras para criticar a institucionalização da corrupção. Não se trata de desacreditar na possibilidade de uma coalizão de partidos com boas intenções e compromissados com as necessidades da população e do País, mas o fato de a política no B4rasil ser um negócio criminoso e milionário – há exceções – é impossível confiar nesse modelo de governança.
Desde a primeira edição, o UCHO.INFO, que nos próximos dias completará 22 anos, tem alertado para a importância de a sociedade se preocupar com as questões políticas, deixando de lado o radicalismo discursivo e o engalfinhar ideológico que há muito domina a cena nacional.
No chamado período de transição, quando Lula anunciou seu ministério, no apagar das luzes de 2022, ficou claro para quem conhece razoavelmente o modus operandi da política brasileira que a Arca de Noé apresentada pelo petista não precisaria de muito tempo para adernar.
Lutando para escapar das garras bandoleiras do Centrão – o que há de pior na política brasileira -, Lula vê o seu discurso de campanha derreter muito antes do tempo. A chantagem exercida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é acintosa e não pode ser aceita de forma passiva pela população.
Lira, que tem como fonte de inspiração Eduardo Cunha, agora tenta emplacar um bolsonarista na equipe ministerial. O parlamentar alagoano age com Lula da mesma forma que agiu com Jair Bolsonaro, que chegou ao poder na esteira de um discurso marcado pelo falso moralismo. Lira começa a colecionar pedidos de impeachment contra o petista, o que em breve será usado como ferramenta de chantagem.
O presidente da Câmara cobra do Palácio do Planalto a nomeação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA), conhecido bolsonarista, para o Ministério do Turismo. A primeira reforma ministerial do governo Lula deverá acontecer nos próximos dias, sendo dada como certa a demissão da ministra Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como “Daniela do Waguinho”.



Nesta segunda-feira (12), Wagner Carneiro (Republicanos), o Waguinho, marido da parlamentar e prefeito de Belfort Roxo, município da Baixada Fluminense, disse ser uma “covardia” demitir Daniela apara nomear um bolsonarista. Waguinho afirmou que “pagou preço muito caro por apoio a Lula”.
“A ministra Daniela é de um estado importante, o Rio de Janeiro, território totalmente bolsonarista, onde nós levamos a campanha do presidente Lula em toda a Baixada Fluminense, no interior, no noroeste. Encorajamos muitas pessoas e pagamos um preço muito caro por isso”, declarou.
A eleição presidencial de 2022 não serviu apenas para escolher o chefe do Executivo federal, mas principalmente para decidir se retornávamos à democracia ou seguíamos no campo do golpismo. Qualquer apoio em nome da democracia é extremamente valioso, mas não pode vir acompanhado de contrapartidas e cobranças. Acomodar os apoiadores na estrutura do governo é sinal de reconhecimento, mas está longe de ser obrigação.
A eventual demissão de Daniela Carneiro, que estreou no governo à sombra de notícias sobre sua proximidade com milicianos da Baixada Fluminense, criará considerável problema para Lula. O União Brasil e o presidente da Câmara consideram a Embratur como braço do Ministério do Turismo, o que significa defenestrar Marcelo Freixo do cargo.
Candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Freixo foi peça importante na campanha de Lula nos domínios fluminenses. Freixo deixou o PSOL e migrou para o PSB, partido que participou do conglomerado partidário que apoiou Lula, mas em janeiro passado voltou ao PT, legenda à qual foi filiado de 1986 a 2003.
Como já afirmamos em diversas ocasiões, caso Lula decida ceder à chantagem de Arthur Lira e seus comparsas, o governo atual tende a acabar antes da hora. Lira, por sua vez, como citamos acima, usará os pedidos de impeachment para ameaçar os palacianos. Por outro lado, receita idêntica foi utilizada por Eduardo Cunha contra Dilma Rousseff, que não se rendeu ao outrora presidente da Câmara.

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