Um bravo às mulheres
são-miguelenses!
Falo daquelas que
madrugam para tomar o veículo que as conduzirá para o trabalho no campo.
Daquelas que deixam seus filhos e afazeres domésticos em busca do pão que o
ex-marido deixou de fornecer para a família. Daquelas que aguardam, ansiosas,
pela oportunidade de poder saldar suas dívidas com o suor do seu próprio rosto.
Daquelas que tem sonhos escondidos na aba do chapéu, na manga da camisa, e
labuta por eles, de tempos em tempos, porque não há outros tempos, e quando o
tempo admite e o patrão se lembra delas é que vem o convite para trabalhar.
Daquelas que não tem nada, mas mesmo assim se alegram ao levar na marmita uma
omelete para dividir com as companheiras e, nesse ato repartido, repartindo as mágoas,
as dores, os segredos parecidos, as preocupações com o seu futuro e dos seus familiares
numa terra onde se não vislumbra mais nenhum bom caminho, tão destituída de
sonhos. Daquelas que tem as mãos calejadas como calejada a vida e o coração,
mas, a despeito de todas as dificuldades porque passam o ano inteiro, ora
sentem-se fortes junto à natureza.
Na batalha travada
de sol a sol, de chuva a chuva, são mulheres que sentem como é bom ser cidadã,
participando ativamente da grandeza do município através da colheita de suas
riquezas.
Esses intervalos de
trabalho lhes trazem tanta dignidade, tanta força, tanta alegria, tanto
respeito, tanta auto-estima, sentimentos tais que, se os patrões quisessem, poderiam
muito bem tornar definitivos, e de acordo com as nossas leis trabalhistas, quer
inserindo outras culturas em épocas diversificadas, quer aproveitando-se das
terras cultiváveis próximas ao centro urbano para a cultura de sustentação, os
chamados cinturões verdes. Pois não existem incentivos governamentais e até o
apoio de certas classes para que o agro - negócio fortaleça no país?
Mas enquanto os
patrões não decidem investir para melhorar inclusive sua própria vida, podemos
presenciar algumas dessas mulheres sendo tratadas como escravas, desbastando
uvas em grotões sem água e sem banheiro, sem um local para a única refeição do
dia e ainda sendo levadas para lá em carros de certos ‘atravessadores
oportunistas’ os quais não apresentam as mínimas condições de segurança.
É o tal de
atravessador agindo até mesmo nesse mister.
Enquanto isso não
acontece, fica aqui o meu BRAVO a todas essas mulheres de São Miguel
Arcanjo.
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