De trabalhador rural a advogado, de excluído a homenageado, de analfabeto a autor de livros, Antenor Batista é um homem que sofreu com o tráfico de influências, com a corrupção e seus malfeitos e deu a volta por cima, num invejável exemplo de superação.
Antenor Batista nasceu em 23 de abril de 1925, na zona rural do município da Lapa, interior do Paraná.
Naquela época, a vida rural era difícil e sua família não tinha posses.
Aos nove anos, brigou na rua com meninos maiores. Apanhou. Chegou em casa ferido em seus brios e apanhou de novo, dessa vez, do próprio pai.
Naquela noite, resolveu fugir de casa.
-- “Fiquei magoado com a atitude de meu pai e decidi lutar sozinho pela sobrevivência”.
O sítio mais próximo ficava a 20 quilômetros pela mata afora.
-- “Diziam que havia uma onça pintada no matagal, então não dormi. Corri a noite inteira, descalço. Cheguei no sítio de trabalhadores campestres cansado e com fome. Pedi trabalho em troca de comida”, conta Batista.
Logo, transformou-se em condutor de uma carroça conduzida por quatro mulas.
Na labuta do dia inteiro, não havia tempo para estudar. Cresceu analfabeto. Até que, em idade de alistamento militar, alguém lhe disse que no Exército havia comida boa e lá foi ele se apresentar às Forças Armadas.
--- “O cabo, que me atendeu, pediu para eu assinar uma ficha, mas eu não sabia escrever, tive de carimbar o documento com as digitais de meu polegar. Eu era um rapaz forte, acostumado ao trabalho braçal, mas provavelmente seria dispensado por não saber ler. Porém, o tenente provisionador, que passava pelo local, precisava de homens rústicos para trabalhar na cozinha do batalhão e me convocou. Isso foi em 1947 e 48”, relembra Antenor.
Foi nesse período que lhe ensinaram a assinar o nome, quando sua vida deu uma guinada e aprendeu a ler, aos dezoito anos. Inteligente, perspicaz e com força de vontade não parou mais de estudar.
Tornou-se autodidata, enveredando para a parapsicologia, ioga, musicoterapia, comunicação e política.
Mais tarde, radicado em Santos, na década de 70, conseguiu cursar a Faculdade de Direito em Guarulhos, transformar-se em um advogado de sucesso e em um dos autores jurídicos mais lidos no Brasil e no mundo.
De lá para cá, já escreveu dezenas de obras literárias, dentre elas, “Corrupção: O 5º Poder”, livro para o qual prepara a 14ª edição atualizada, com os novos fatos do cenário brasileiro e internacional, incluindo a polissêmica voz das ruas.
O currículo de Antenor Batista destaca sua participação como testemunha ocular das fases mais importantes e emblemáticas do Trabalhismo.
Foi contemporâneo de Ivette Vargas, do major Newton Santos e dos presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek.
Em 1964, chegou a ser agraciado com uma comenda pelo "Mérito Partidário Getúlio Vargas".
Exemplo de vida e de superação para todas as gerações, Antenor Batista ocupou importantes cargos públicos na administração federal: foi superintendente da Caixa de Crédito da Pesca, do Ministério da Agricultura; secretário de Finanças do INPS (INSS); membro do Tribunal do Júri de Santos; delegado do ex-IAPM e auditor fiscal da Receita Federal no Brasil, ora aposentado.
Ao passar pela Previdência Social, em 1972, verificou o desperdício de dinheiro público.
Sempre correto em suas decisões e reconhecido por seu mérito e probidade, elaborou um anteprojeto para criar um banco ligado àquele órgão, com objetivo de reduzir o déficit com as pensões.
--- “Foi nessa época que comecei a me interessar mais seriamente pelo assunto corrupção. Houve muitas reações contrárias à criação do banco. Fui perseguido e demitido por força do tráfico de influência. Fiquei tão impressionado com a reação, que acabei escrevendo meu primeiro livro sobre corrupção. Desde então tenho me dedicado a esse tema”, relata.
A 14ª edição de “Corrupção: O 5º Poder”, um dos livros mais bem referenciados do Brasil, inclusive pelo ministro Joaquim Barbosa, chegou às livrarias em 2014, com tiragem ampliada. Por sugestão de seus editores, o livro deverá ser publicado também em inglês e espanhol.
Desde a primeira edição, na década de 70, mais de 30 mil exemplares já foram distribuídos no Brasil.
Casado com Anita Lorente Batista, Antenor Batista ainda mantém seu escritório de advocacia em permanente atividade.
Hoje, ministra palestras e conferências relacionadas à ética, aos processos que geram a corrupção e escreve livros, muitos livros. Tem enveredado também pelo tema preconceito e deve publicar brevemente uma análise psicológica dos vultos da humanidade que tinham baixa estatura, vulgo "baixinhos", que se destacaram pela inteligência, perspicácia e poder, influenciando a sociedade.
A obra pretende desvendar a importância dessas figuras que mudaram o mundo, atacando os absurdos preconceitos.
Ainda escreve “Família é Mão Dupla – Ande com Cuidado”.
Mestre por natureza, exemplo de inteligência, carisma, conhecimento, companheirismo e amor ao Brasil, Antenor é cético em relação às pessoas:
-- “Não nos empolguemos tanto quando recebemos flores. O mesmo ser humano que nos oferece flores, será capaz também de desferir tiros contra nós”, sentencia.
Edipro
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