sexta-feira, 20 de março de 2015

A AIDS "VOLTOU"

(*) Amílcar Cabral Neto –


Estava eu andando pela escola, quando de repente ouço numa dessas conversas de corredor alguém dizendo: “Não usou camisinha e deu nisso!”. Depois de me informar melhor, descobri que um conhecido, um ano mais velho que eu, estava contaminado pela Aids.
Fiquei espantado, já que para mim essa era uma doença lá dos anos de 1980 e que hoje já estava controlada aqui no Brasil.
Cazuza e Renato Russo morreram por complicações de Aids alguns anos antes de eu nascer. Como era possível uma pessoa relativamente próxima a mim ter pegado essa doença tão jovem?
Cheguei em casa e ao abrir um desses grandes portais de noticias na internet me deparo justamente com uma matéria que falava sobre o aumento no número de casos de Aids entre jovens no Brasil. Descobri algumas coisas muito interessantes.
Há tempos têm sido adotadas campanhas em prol da prevenção e conscientização da doença no país. O lema da campanha da vez é “Partiu, teste”.
Entretanto, estudos revelam que apesar da tendência de queda mundial no número de casos da Aids entre pessoas na faixa etária de 15 a 24 anos, a mesma tem sido mais relatada ultimamente no Brasil.
Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que em sete anos o crescimento no número de casos na juventude foi de alarmantes 40%.
Com o aumento desse número, diversas questões estão sendo levantadas. Quando pensamos na causa do ocorrido logo nos vem à cabeça irresponsabilidade, falta de conhecimento, falta de comunicação, e até mesmo medo.
Numa sociedade em que as pessoas têm menos medo de se expressar quanto a sua sexualidade, é de se prever que aumente o número de casos. A “garotada” está tendo mais parceiros e tendo mais relações, sendo heterossexuais ou homossexuais, logo, a proporção de propagação da doença tem sido maior.
Além disso, venho observado um número cada vez maior de adolescentes que ainda não definiram sua opção sexual, e acham normal ficar com meninos e meninas, como na música do Legião Urbana: “Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião, e eu gosto de meninos e meninas…”
Acredito que a falta de prevenção dos jovens ocorre principalmente pela falta de comunicação. Seja de um responsável que deixa de conversar com seu tutelado em sua fase de formação e iniciação da vida sexual, seja entre parceiros que têm medo ou vergonha em falar a respeito.
Em décadas passadas, principalmente nos anos de ascensão da Aids, quando não se tinham informações sobre a doença, famílias sofriam com o medo de ter algum familiar portador do vírus. Não se conhecia nenhum tratamento e a Aids matava rapidamente.
Com o tempo, depois que tratamentos foram descobertos e que o número de casos foi diminuindo, as pessoas passaram a deixar de ter tanto medo e, consequentemente, preconceito.
A nova geração, até então, não tinha muito contato com a doença, e isso com certeza pode ter contribuído com o descaso e o não uso de preservativos.
Fico extremamente espantado ao saber que existem grupos de pessoas que usam redes sociais com o principal objetivo de disseminar a Aids. Esse é o caso dos “Barebackers” que alegam que se sentem mais livres sexualmente depois de contrair o vírus ou até mesmo praticam essa “modalidade” de sexo por puro fetiche. Em casos que claramente são vistos como de má fé, os “Barebackers” usam agulhas e pregos para furar a ponta da camisinha sem que seu parceiro tenha conhecimento. O Bareback tem como principal alvo os gays.
Aqui no Brasil, esse grupo é conhecido como “Clube do Carimbo”.
Ter relações sem o uso de preservativos é um grande risco, não só pela Aids como também pelo risco de ser infectado por qualquer outra DST (Doença Sexualmente Transmissível), e muitos outros fatores (com a gravidez indesejada). Por isso é imprescindível se prevenir e sempre conversar com seu parceiro a respeito.
Não arrisque! Tenha uma vida sexual saudável, use preservativos!

(*) Amílcar Cabral Neto, 15 anos, natural de Belém e paulistano por adoção, é estudante.
Foi "adotado" por Ucho Haddad, jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta, do 
UCHO.INFO, onde se insere esta matéria aqui transcrita.

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