O juiz Federal Marcelo Bretas acolheu pedido de transferência do ex-governador Sérgio Cabral para um presídio Federal.
A solicitação foi feita pelo MPF após o político discutir com o magistrado em interrogatório, citando até mesmo a família do juiz.
O depoimento tratava da compra de joias.
Sergio Cabral, desenvolto, citou negócios da família do juiz no ramo de bijuterias.
O ex-governador prestava depoimento em ação penal em que é acusado pelo MPF de comprar R$ 4,5 milhões em joias na H. Stern para lavar dinheiro de propina.
Na conversa, Cabral afirmou que as joias eram para sua esposa, Adriana Ancelmo, e que as compras não atingiram o valor indicado.
Ele também disse que seria “burrice” lavar dinheiro na compra de joias, devido à desvalorização, e que o magistrado deveria ter conhecimento do assunto, visto que sua família tem negócios no ramo de bijuterias.
Sérgio Cabral também falou da concretização da delação de Renato Pereira (ex-marqueteiro do PMDB) e informações do andamento do processo, além de acusar Bretas de buscar projeção pessoal.
Diante das circunstâncias, Bretas acolheu o pedido do MPF para determinar a transferência para estabelecimento Federal, afirmando que este tipo de declaração é incomum.
"Será possível que isso aqui representou algum tipo de ameaça velada? Eu não sei. É inusual", questionou o juiz.
“É no mínimo inusitado que ele venha aqui trazer ao juízo, até numa audiência pública, que é gravada, a informação de que acompanha talvez a rotina da família do magistrado."
Para o juiz, a situação "deixa a informação de que, apesar de toda rigidez [do presídio do RJ], que eu imagino que haja, aparentemente ele tem acesso privilegiado a informações que talvez não devesse ter".
“O fato é que como, seja por, ainda que levemente ou sutilmente, existir a possibilidade de que se esteja tentando de alguma forma obstaculizar ou impedir que prossigam os trabalhos, seja por demonstração de que a segurança ou o controle na custódia não é tão efetivo assim, não está funcionando."
Preso desde maio
Sérgio Cabral foi transferido no dia 28 de maio para a cadeia pública José Frederico Marquês, nova unidade prisional construída em Benfica, na Zona Norte do Rio. A ala em que ele fica é destinada a presos com nível superior e casos de não pagamento de pensão alimentícia. São 146 presos no local.
Antes de ir para Benfica, o ex-governador estava em Bangu 8. Ele foi preso no dia 17 de novembro do ano passado, na operação Calicute, resultado da ação coordenada entre as forças-tarefa da Lava Jato do Rio e do Paraná.
O ex-governador foi alvo de dois mandados de prisão preventiva, um expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª vara Federal do Rio de Janeiro, e outro pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
A defesa do ex-governador entrou com um pedido de HC no TRF da 2ª região.
Processo: 0135964-97.2017.4.02.5101
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