quinta-feira, 9 de maio de 2019

SE REALMENTE MORO QUIS QUE LULA ESTIVESSE PRESO, JÁ FOI CASTIGADO. VIROU REFÉM DE DÉBEIS MENTAIS.

Comissão do Congresso tira Coaf da Justiça, mas governo opera nos bastidores para reverter decisão. 
9 de maio de 2019. 



Ainda tropeçando na articulação e sem saber como controlar a chamada base aliada, o governo Bolsonaro colecionou mais uma derrota no Congresso na manhã desta quinta-feira (9). Por 14 votos a 11, a Comissão que analisa a Medida Provisória da reforma administrativa aprovou a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia.
A mudança do Coaf para a pasta da Justiça faz parte da MP que reorganizou administrativamente o governo, mas acabou vetada pelos congressistas. 
O texto pode sofrer novas alterações quando for votado nos plenários da Câmara e do Senado, mas a tendência é que esse veto permaneça. Na opinião dos parlamentares, é impossível concordar com a concentração de poder em uma só pasta.
A questão do Coaf era um dos pontos da MP que mais polêmica causou entre os parlamentares. Os veteranos decidiram se unir aos oposicionistas e mandar um recado não apenas ao governo, mas em especial ao ministro Sérgio Moro, que antes de chegar à Esplanada dos Ministérios julgou ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato, como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Assinaram o requerimento que devolve o órgão para o Ministério da Economia líderes do PT, PRB, PTB, PP, MDB, Podemos, PSC, DEM, PR, Solidariedade e Patriotas.
Considerando que há nos bastidores rumores de interesses políticos de algumas autoridades da Lava-Jato, o melhor é adotar cautela. Ademais, se até então o Coaf funcionou a contento, não havia razão para transferi-lo de endereço.
O relator da matéria, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que também é líder do governo no Senado, manteve em seu parecer a permanência do Coaf no Ministério da Justiça. 
Se a retirada do Coaf do MJ significa, por enquanto, uma derrota para o Palácio do Planalto e principalmente para Sérgio Moro, não se deve considerar o jogo como perdido. 
O governo já articula nos bastidores para tentar reverter o cenário nos plenários da Câmara e do Senado. 
Para isso, o Palácio do Planalto terá de negociar muito, estando disposto a “pagar” caro por isso.

Moro defende permanência do Coaf
Sérgio Moro manifestou em várias ocasiões seu desejo de que o Coaf permaneça na Justiça. 
Há dias, o ex-juiz disse que o Coaf estava “esquecido” na Fazenda e afirmou que Paulo Guedes (Economia) “Guedes não quer o Coaf, ele tem uma série de preocupações, tem a reforma da Previdência. A tendência lá é ele (Coaf) ficar esquecido e na Justiça temos ele como essencial”, disse Moro.
Sobre o fato de que o Coaf estava esquecido, a declaração de Sérgio Moro não procede, pois não se pode usar o órgão para pirotécnicas e fanfarronices investigatórias, pois deve-se cumprir o que determina a Constituição no tocante à privacidade do cidadão, mesmo em caso de cometimento de ilícitos. 
Como no Brasil a espetacularização de investigações tornou-se comum, autoridades buscam holofotes a todo momento. 
O que deveria ser condenado pela opinião pública, se essa não defendesse o justiçamento.
A importância do Coaf veio a lume por ocasião da divulgação do relatório sobre a “movimentação atípica” de Fabrício Queiroz, então assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro atual senador e à época deputado estadual pelo PSL do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que o relatório só foi divulgado pela imprensa após Flávio Bolsonaro declarar, em entrevista à GloboNews, ser impossível qualquer diálogo com o também senador Renan Calheiros (MDB-AL). 
Não demorou muito e as estripulias de Fabrício Queiroz vieram a público, mostrando que o filho do presidente da República não está longe de ser um querubim barroco.

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