Distúrbios de personalidade na infância e criminalidade potencial.
A relação entre psicopatia e delinquência e a relevância do diagnóstico precoce.
Publicado por Natália Oliveira
Diante da morte da menina Raíssa, provavelmente assassinada por um vizinho e colega de apenas 12 anos de idade, emerge novamente a necessidade de discutirmos a questão da identificação dos distúrbios da personalidade na infância, cujas consequências se estendem à adolescência e vida adulta e podem gerar gravíssimos danos à sociedade.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, o garoto demonstrou frieza durante o depoimento e afirmou ter brincado com Raíssa antes de matá-la.
Embora a psiquiatria não recomende o diagnóstico de transtornos de personalidade antes dos 17/18 anos de idade, é inegável que os sintomas já se apresentam na infância e que as famílias podem (e devem), desde então, buscar ajuda especializada.
A psicopatia, em si, não é considerada uma doença mental, pois os psicopatas “não apresentam nenhum tipo de desordenação, desorientação ou desequilíbrio, ou seja, não manifestam nenhum tipo de sofrimento psicológico”*. Também por isso, não há cura para a psicopatia; sabe-se, entretanto, que ela está intimamente associada ao transtorno de personalidade antissocial, este sim catalogado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
O traço mais comum apresentado por psicopatas é a total insensibilidade aos sentimentos alheios. Como não desenvolvem a empatia, tais indivíduos são capazes de verdadeiras atrocidades e não manifestam arrependimento sincero. Alia-se a isso a capacidade de manipulação e anseio de poder que lhes são características e temos, aqui, verdadeiras dinamites humanas, sempre dispostas à explosão.
É possível que alguns psicopatas atravessem a vida sem delinquir, mas a psiquiatria forense atribui-lhes atualmente a maioria dos crimes violentos, bem como os maiores índices de reincidência criminal (AMBIEL, 2006).** Por isso, é tão importante e necessária a identificação precoce da psicopatia, com vistas a resguardar não só o psicopata dos próprios instintos, mas também as potenciais vítimas do seu modo de agir.
A esse respeito, artigos científicos apontam:
É provável que quando oportuna e fundamentada, a identificação precoce de traços de psicopatia ofereça possibilidades de intervenções terapêuticas, psicossociais, educativas e inclusivas diferenciadas a esses jovens, aumentando as chances de uma melhor evolução do quadro apresentado. (DAVGOGLIO et. al., 2012, p. 458).***
Uma vez que a família é responsável pela educação e desenvolvimento saudável da criança, é dela que deve partir a iniciativa de investigar e tratar eventuais transtornos de personalidade evidenciados ao longo da infância.
É fundamental, para tanto, que os pais estejam mais atentos ao comportamento dos filhos, que o diálogo seja promovido e as faltas repreendidas com prudência no seio da família. Saúde mental é tão importante quanto saúde física.
NOTÍCIAS JUSBRASIL.
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