quarta-feira, 28 de outubro de 2020

""""""JORNALISTA QUE MEXE COMIGO, NÃO PRESTA""""""CAPANGAGEM IMPERANDO NA POLÍTICA BRASILEIRA.

 

Senador “valentão” de Roraima diz que não lamentaria se jornalista sequestrado em Boa Vista morresse.
Por Redação Ucho.Info/27 de outubro de 2020.


O Brasil caminha perigosa e aceleradamente na direção da arbitrariedade, da supressão de direitos e do “vale tudo” para quem está no poder ou na sua órbita. 
O sequestro de que foi alvo o jornalista Romano dos Anjos, de Roraima, serviu de base para declarações odiosas e infames do senador Telmário Mota (PROS-RR).
Encontrado vivo na zona rural da capital roraimense, Boa Vista, com os pés e as mãos amarradas e possivelmente fraturadas, o profissional de imprensa recebeu do parlamentar adjetivos como “mau caráter”, “bandido” e “mentiroso e safado”. 
Em gravações compartilhadas no WhatsApp, Telmário Mota afirmou que o jornalista “deve estar sendo vítima das suas próprias palavras”.
O senador não economizou palavras e disse que não lamentaria a morte de Romano dos Anjos, caso isso ocorresse. 
“Quanto à vida dele, é claro que eu quero, peço a Deus que salve, mas dizer ‘não, ele é gente boa’? Não, ele é mau caráter. Para mim, se o cabra não presta, pode até morrer, não vou dizer ‘ah, coitadinho, morreu”. Não. Se não presta, não presta. Acabou”, disse o senador da República.
Após a repercussão das gravações, Telmário tentou esclarecer suas insanas declarações. 
Em entrevista ao jornal “O Globo”, o senador afirmou que caso o jornalista morresse “continuaria a dizer que ele não presta”. “Não é porque ele morreu que eu vou dizer que ele é bom, não. Isso que eu disse. Eu não disse ‘ah, ele não presta, pode morrer’”, declarou.
Em outra gravação, Telmário Mota protesta ao dizer que o jornalista tentou associá-lo às investigações sobre desvios na saúde pública do Estado nos últimos dias. 
Coincidência ou não, o senador do PROS é investigado na operação que tem como “carranca” o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com R$ 33 mil escondidos na cueca.
“A semana inteira tentou induzir que participei de roubo na saúde. Aí vou ficar de hipocrisia? Para mim ele é um indivíduo mau caráter, bandido, deve estar sendo vítima das suas próprias palavras. Se de fato ele foi sequestrado que Deus tenha pena dele e salve a vida dele, mas não sou hipócrita”, disse Telmário, que nega as acusações.
Em outra gravação, o senador diz que Romano dos Anjos deve ser comparado a “bandido de favela” e que “ninguém tem pena”. Declaração desse naipe demonstra com enorme clareza o fato de Telmário Mota ser senador da República é um atentado à coerência, aos bons costumes e principalmente à visão social que o País exige das autoridades.
Telmário precisa ser avisado que o “bandido da favela” não ingressou na vida marginal por escolha própria, mas pela ausência e inoperância do Estado, do qual ele próprio é representante. 
Além disso, a fala do senador nesse trecho da gravação é um inequívoco vilipendio à dignidade humana.
“Não vejo ninguém aqui se manifestar com pena de bandido que até matam. Qual é a diferença que todo dia fala mentira, calúnia e difamação”, questionou o parlamentar no áudio.
O senador do PROS reclama das “injustiças” praticadas pelo jornalista em algumas reportagens com menção a seu nome. 
Se Telmário Mota discorda das acusações feitas pelo profissional de imprensa, que recorra à Justiça para provar sua alegada inocência e responsabilizar o jornalista por eventuais inverdades. Como membro do Legislativo, deveria saber que a lei aponta para esse caminho.

Escândalos, ameaças e agressões
O senador está acostumado a resolver problemas usando a força física, seja a própria ou de seus capangas, é preciso prudência ao analisar as declarações do senador que é conhecido como “valentão”.
Apenas a título de informação, além de ser parceiro de Chico Rodrigues na investigação da PF, Telmário é alvo de sete boletins de ocorrência por ameaça e agressão. O caso mais repugnante foi registrado na delegacia por uma jovem violentamente agredida pelo parlamentar.
Em julho de 2016, a então estudante universitária Maria Aparecida Nery de Melo, à época com 19 anos, procurou a Polícia Civil em Boa Vista para registrar boletim de ocorrência contra Telmário Mota, acusado de espancar a jovem com chutes e socos, que a levaram a desmaiar. A agressão aconteceu em 31 de dezembro de 2015 e foi motivada por ciúmes.
Maria Aparecida disse na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher que viveu maritalmente com Telmário por cerca de três anos e meio e estava “sofrendo ameaças de morte”. Exame de corpo de delito revelou “lesões na cabeça, boca, orelha esquerda, região dorsal, braço direito e joelho esquerdo”.
Não obstante, também em 2016, a médica Suzete Macedo de Oliveira, mulher do senador, se entregou à Polícia Federal (PF) por causa de condenação à prisão (seis anos e oito meses) em razão de seu envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas que ficou conhecido como “Escândalo dos Gafanhotos”.
Em Roraima, quem conhece a política local afirma que Suzete foi envolvida no esquema criminoso pelo próprio Telmário Mota, que ao lado de parentes apareceu na lista de beneficiários dos desvios.

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