Bolsonaro e ministros deveriam ser processados e punidos pelo descaso com que tratam a pandemia.
Por Redação Ucho.Info/23 de novembro de 2020.
Há dias, na cúpula do G20, realizada virtualmente em razão da Covid-19, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, exaltou a masculinidade de Jair Bolsonaro e a forma corajosa (sic) como o chefe do Executivo brasileiro enfrentou a pandemia do novo coronavírus. Em matéria publicada por ocasião do evento, o UCHO.INFO afirmou que Putin demonstrou desconhecer a realidade do Brasil em vários assuntos, a começar pelo combate à pandemia.
Desde o início da crise sanitária causada pelo vírus SARS-CoV-2, Bolsonaro insiste em negar a existência da doença, por ele classificada como “gripezinha” ou “resfriadinho”. Além disso, o presidente da República já chamou de “maricas” e “frouxos” aqueles que temem contrair a Covid-19.
Como sempre destacamos, em qualquer país minimamente sério e decente, com autoridades dotadas de coragem, Jair Bolsonaro e seus quejandos já teria sido apeados de seus respectivos cargos, sempre respeitando à legislação vigente.
Além de, embasado por irresponsabilidade genocida, negar a existência da doença, Bolsonaro decidiu politizar a questão do desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, apenas porque precisa mostrar aos seus insanos e descontrolados eleitores e apoiadores que somente ele tem o poder de firmar convênio com empresas farmacêuticas que produzam o imunizante.
Enquanto o presidente da República mantém o discurso tosco de que uma segunda onda de Covid-19 é “conversinha”, o ainda ministro da Economia, Paulo Guedes, descarta um retorno da doença, como se fosse especialista em infectologia. Aliás, pesquisadores e cientistas afirmam que a segunda onda de Covid-19 já está em marcha no País, mesmo que os palacianos neguem o fato.
Sem ter feito algo em prol da economia nacional, assunto que sempre mereceu destaque neste portal de notícias, Guedes agora arvora-se a dar palpites em assuntos que desconhece, como a pandemia.
Como se não bastasse o efeito devastador das declarações e atitudes de Bolsonaro acerca da pandemia do novo coronavírus, agora surge o ministro da economia a falar sobre o assunto, com o estrito objetivo de negar a possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial, cujo pagamento termina em dezembro. “Do ponto de vista do governo, não existe a prorrogação”, disse o titular da Economia.
Não obstante, Bolsonaro mentiu de forma deslavada ao afirmar que os 6,8 milhões de testes para a Covid-19, comprados pelo governo federal por aproximadamente R$ 290 milhões e cuja validade expirará nos próximos 60 dias, foram repassados aos governos estaduais e às prefeituras, a quem cabe dar explicações sobre o escárnio. Na verdade, os testes estão estocados em um galpão do governo federal próximo ao aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Essa postura criminosa do governo era esperada, pois o uso dos referidos testes comprovaria que a doença no Brasil contaminou número muito maior de pessoas do que o anunciado oficialmente. A testagem contrariaria o discurso rasteiro de Bolsonaro de que a Covid-19 foi superestimada por seus adversários políticos e ideológicos. Como temos noticiado, o número de infectados no País é no mínimo seis vezes maior do que o divulgado pelas autoridades.
O eventual uso dos testes para a Covid-19 teria evitado uma infinidade de casos da doença e milhares de mortes causadas pelo novo coronavírus. Vale destacar que Bolsonaro disse, nos primórdios da pandemia, que o Brasil registraria não máximo 800 óbitos pela Covid-19. Nesta segunda-feira (23), o número de mortos em razão do novo coronavírus beira a impressionante marca de 170 mil.
Além disso, causa estranheza o fato de o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, general de Exército especializado em logística, não ter se pronunciado sobre o assunto, pois é de responsabilidade da pasta a distribuição de insumos para o tratamento de doenças na rede pública de saúde.
Considerando que o ministro é escandalosamente subserviente ao presidente da República e adepto da máxima “um manda, outro obedece”, ambos, Bolsonaro e Pazuello, precisam ser processados por crime de responsabilidade.
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