Patriarcalismo ideológico de Lula levou a esquerda brasileira ao derretimento político nas eleições.
Por Redação Ucho.Info/30 de novembro de 2020.
Há muito o UCHO.INFO afirma que a esquerda brasileira precisa iniciar um processo de renovação e desvencilhar-se do lulismo, que continua corroendo os partidos que integram essa fração política.
O contrário do que pensam os esquerdistas e os ultradireitistas, nosso papel não é adular ou demonizar correntes ideológicas, mas desde os primórdios do PT no poder central ressaltamos a necessidade de se combater a corrupção praticada por uma legenda que se elegeu em 2002 com a promessa de combatê-la.
Quando afirmamos que a esquerda precisa se desvencilhar com urgência do lulismo, não se trata de condenar ou defender a inocência do ex-presidente Lula que merece ser julgado com base nos ditames da lei, mas evitar que um cenário marcado por escândalos e assuntos mal resolvidos pela Justiça continuem abrindo caminho para o radicalismo direitista, como aconteceu na corrida presidencial de 2018.
O que se viu nas eleições municipais de 2020 foi uma incontestável derrota do PT, que pela primeira vez desde a redemocratização não conseguiu conquistar uma só prefeitura de capital.
Isso mostra o desgaste de um partido que continua sobrevivendo à sombra da “velha guarda”, sem ao menos enxergar a realidade dos fatos e o clamor de parte da sociedade.
Se o primeiro turno das eleições deste ano foi marcado pelos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, a segunda rodada mostrou que uma parcela considerável do eleitorado não quis o retorno da esquerda.
Os melhores exemplos desse cenário são duas candidaturas de esquerda – Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, e Manuela d’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre –derrotadas por candidatos que se apresentaram como de centro-direita ou de direita não bolsonarista.
Ou seja, além dos postulantes aos cargos majoritários que tropeçaram nas urnas, o radicalismo foi o grande derrotado.
O Partido dos Trabalhadores, que havia registrado resultados negativos no primeiro turno – a perda de 75 prefeituras em relação ao pleito de 2016 –, foi derrotado no domingo (29) em 11 de 15 disputas no segundo turno.
O PT esperava eleger o ex-prefeito João Coser, em Vitória, e a deputada federal Marília Arraes, no Recife, mas os planos fracassaram.
Coser foi derrotado pelo bolsonarista Delegado Pazolini (Republicanos), enquanto Marília perdeu para João Campos, do PDT, que apesar de também ser do campo da esquerda, explorou o antipetismo na reta final da campanha. Ou seja, o petismo e a sombra do lulismo continuam causando problemas.
À frente do tabuleiro da política senta-se quem tem competência e disposição para encarar um jogo sempre bruto e nem sempre leal.
Em vez de fazer um mea culpa após os resultados das eleições municipais e buscar o caminho da renovação, a esquerda está a criticar os candidatos que lhe impuseram derrota, como se isso revertesse o “leite derramado”.
O PT, que continua liderando a esquerda nacional, principalmente por conta da sua representatividade na Câmara dos Deputados, deveria compreender que é chegada a hora de Lula passar o bastão da legenda e seguir cuidando de sua defesa. Desde a derrocada petista na esfera nacional, o UCHO.INFO afirma que o PT deveria ser comandado por algum “companheiro” com capacidade de articulação, que faça política com o cérebro, não com o fígado.
Um dos nomes com condições de sobra para liderar o PT nesse período de necessária renovação é o ex-governador da Bahia e agora senador Jaques Wagner, que só não foi alçado ao posto porque o partido insiste em espalhar Brasil afora a alegada inocência de Lula, assunto que compete ao próprio ex-metalúrgico e a seus advogados, mas que a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, teima em colocar como ponto primeiro da atividade partidária.
O patriarcalismo que reina no PT, sob a batuta de Lula, levou o partido ao derretimento político nos últimos anos. Além do fracasso generalizado nas eleições de 2020, o PT se recusou a enxergar que a candidatura de Jilmar Tatto à Prefeitura paulistano era um erro estratégico grave.
O partido chegou a sinalizar que poderia apoiar outro candidato de esquerda caso Tatto não decolasse, mas prevaleceu a falta de bom-senso.
Jilmar Tatto terminou o primeiro turno com apenas 8,6% dos votos válidos.
Considerando que o PT já comandou a maior cidade brasileira em três ocasiões (Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad), a derrota de Tatto foi uma tragédia.
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