Turismo Por Itapetininga Deixa Cair?
Por Hermélio Moraes
Escrito em 13 de setembro de 2019
No próximo ano, completarei 15 anos dedicados à nossa Itapetininga, como um todo.
O primeiro endereço do Instituto Histórico de Itapetininga, tem minha casa como referência. Nos reuníamos com pilhas de livros. História, geografia, arquitetura… muitos escritos por autores por mim desconhecidos, que aqui estiveram e muito nos narraram. Descobri que não haviam livros didáticos sobre nós. Nos bancos escolares é mais fácil um jovem aprender mais sobre o rio Nilo, e nada saber sobre o rio que nos abastece. Sabemos mais sobre a “vida” do Superman, que dos nossos antepassados, heróis de verdade. Muitos professores viajam para a Europa, afiando ainda mais seus conhecimentos, mas nada podem falar sobre um bairro, um pouso tropeiro… de Itapetininga. Jamais fui crítico, sem apresentar soluções. Pois, como todos sabem… criticar é fácil. E,criticar sem apresentar contrapartida é covardia. É injusto! Sim, é muito baixo.
Me admiro ao saber que poucos conhecem nosso território. Todavia, reconheço que somos enormes perante a tantos municípios. Pois, somos detentores do 3º maior território do estado de SP. Somos maiores que muitos países, mundo a fora. Deve ser este o motivo. Somos tão grandes que poucos conseguiram conhecer. E, como consequência… abandonamos. Graças a ignorância. Esta falta do conhecer, ver, sentir, aprender e divulgar. Só perdemos.
Nos 189 Km de rio Itapetininga, qual lugar existe para a população passear de barco, pescar e desfrutar bons momentos ? Nenhum !! Apenas os ranchos dos amigos dos amigos.
Quantos de vocês sabem da existência de pré históricos fósseis, que por sinal, são abundantes em nosso vasto território ? Excelentes pontos de turismo, visitação e pesquisas. O turismo é a nossa vocação, mas sem conhecer…
O Caminho Real, que deu origem a tantas cidades, em seus 1500 Km de extensão, cortando os estados de São Paulo, Paraná, Sta Catarina e Rio Grande do Sul. Todas as conquistas, dos territórios do sul… foram por aqui que passaram as tropas, os bandeirantes e as entradas… sertão desconhecido. Temos vários sítios arqueológicos e muito mais a desvendar. Pontas de flechas foram derramadas por toda sua extensão. Haja, visto que, nossos naturais da terra, os Bugres, outrora chamados, foram os mais temidos pela coroa de portuguesa. Acabamos por descobrir mais um. Este fica na Fazenda Velha, hoje território de Guareí. Missões Jesuítas e muito mais, vastamente estudados e seu material levado para fora, graças a USP. Seus arquivos estão lotados de peças e conhecimento. Aqui, restaram poucas peças, muitas em poder de particulares. Hoje, guardiões do nosso período colonial. Pois,não temos museu.
Até nomenclaturas erradas, nos confundem e pouco explicam. Cito como exemplo o Museu
Carlos Ayres. Detentor de obras de arte, em sua maioria, de quadros, de autores de fora da cidade. E, pouco retratam Itapetininga. Mas, o coletivo de quadros… é Pinacoteca. Temos. E, nem sabíamos. Uma verdadeira joia, que eu gostaria que todos viessem conhece-las. Mas, com o caixa negativo. Já ajudamos com as contas de água, luz e impostos. E, não temos verba nem para contratar uma atendente, um guia… nem um segurança.
Quando criamos os Passeios Fotográficos, constatamos, que todos os participantes, adoraram
visitar e conhecerem as histórias. Em cada ponto, ouviram estórias e muita história. Quando foi construído, por quem e até o porquê, virou um símbolo na cidade. A Catedral, o clube Venâncio, a antiga prefeitura (hoje abriga a sec da cultura), a loja maçônica (antigo teatro) e a bela e imponente igreja do Rosário. Construída em taipa de pilão, para abrigar a santa dos negros. Uma maravilha de obra, com uma maravilhosa estória de lutas e conquistas. Foi com determinação e muita fé, de nossa gente no passado. Um símbolo de vitória, diante de tantas dificuldades. Na verdade, temos muito mais a mostrar e documentar, mas falta tempo e vontade. Tudo custa muito mais, quando fazemos sozinhos. Quando amamos, nos dedicamos.
Falando sobre dedicação… O pessoal que ama andar de bicicleta, me pediram para traçar e acompanhar por uma rota nova e cheia de história, não poderia terem provocado uma pessoa melhor. E, já me desdobrei para preparar, com setas, com pontos de ajuda, água e descanso…
30 Km no Caminho Real. Irão passar por sete pousos tropeiros originais. (desculpem-me, só seis, já que a Casa Imperial, no bairro do Porto está em ruinas e a ponte de madeira, está em frangalhos, impossibilitando partirmos deste marco maior da cidade. A primeira construção, do ano de 1768, ainda em pé. Desde as chuvas de janeiro, a prefeitura não ajudou em NADA.
Mesmo o CONDEPHAAT vindo oferecer ajuda, a Nisshimbo nos doar lonas e vários escritórios
de arquitetura se dispuseram a ajudar no trabalho de restauração, para futuro tombamento. Tudo isso com a doação deste prédio, para as futuras gerações. Voltando… este passeio de bike, está previsto para ocorrer no próximo domingo, dia 22 de setembro… isso SE nada atrapalhar. Porque, se esperarmos por ajuda do Poder Público…. tudo irá cair !!
Tenho absoluta certeza que poucos leem jornais na cidade. Muito menos, leem esta coluna, pois para chegar até aqui…. tenha certeza, você é raro e muito especial; Além de culto.
Fundador e Pesquisador do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico (IHGG). Correspondente da Folha de São Paulo durante cinco anos e 25 anos anos Analista de Recursos Humanos.
Fonte: Correio de Itapetininga
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