Se “histórico de atleta” funcionasse como escudo contra o coronavírus, Olimpíada de Tóquio não seria adiada.
Há muito deixou de ser novidade a obsessão de Jair Bolsonaro por despejar diariamente sobre pequena parcela da opinião pública seus absurdos e devaneios.
O presidente da República cria paralaxes o tempo todo para, interpretando fatos a seu modo e de acordo com suas necessidades, estar em evidência a reboque de enxurradas de estultices.
No pronunciamento que fez à nação na noite de terça-feira (24), em rede de rádio e televisão, Bolsonaro não hesitou em ler um texto tosco e irresponsável preparado pelo chamado “gabinete do ódio” sob a supervisão de um dos seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, o mimado e apoplético “02”.
A fala do presidente foi um atentado contra a população, que abandonada pelo Estado teme pelo avanço da pandemia do novo coronavírus.
Em trecho do pronunciamento, Bolsonaro, que de maneira recorrente tenta “vender” a seus abilolados seguidores a falsa ideia de que é uma versão mambembe e tropical do Super-Homem, disse que com seu “histórico de atleta, quando muito seria acometido de uma gripezinha ou resfriadinho”.
“No meu caso particular, com meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão”, declarou o presidente da República.
O discurso é tão infantil e pessimamente redigido, que não deixa dúvidas de sua autoria. Até porque, a assessoria palaciana oficial jamais prepararia um texto tão pífio e repleto de erros gramaticais para ser lido pelo presidente da República em pronunciamento ao País.
Ademais, o conteúdo irresponsável e chicaneiro do texto não apenas deixou estupefatos os integrantes do núcleo duro do governo, mas confirmou que o presidente precisa ser interditado com a máxima urgência, já que renúncia está fora de cogitação.
Bolsonaro tem o direito de imaginar que é um desses super-heróis détraqués de história em quadrinhos, mas afirmar que seu “histórico de atleta” serve como blindagem contra a Covid-19 é caso para internação no manicômio mais próximo, antes que a doença se espalhe.
Trata-se de afirmação irresponsável, que deveria ser objeto de boletim de ocorrência na delegacia da esquina, pois na verdade trata-se de ato criminoso.
Caso a teoria chula de Bolsonaro a respeito do “histórico de atleta” tivesse algum fundamento, mesmo que raso e frágil, o Comitê Olímpico Internacional (COI) não teria decidido adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio, cuja cerimônia de abertura estava marcada para julho.
A decisão do COI foi tomada em razão do avanço da pandemia do novo coronavírus.
Alguém precisa explicar a Jair Bolsonaro que se nos próximos meses algum lugar do planeta teria invejável concentração de pessoas com “histórico de atleta”, esse certamente seria a capital japonesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário