Não que eu gostasse, mas J. G. de Araújo Jorge foi um poeta que povoou os sonhos de toda uma geração, como essa da foto.
A mim sempre me pareceu frio e frívolo ao falar de amor. Claro que só bem mais tarde é que pude perceber a razão: é que ele cantava o amor sob a ótica masculina, diferente, portanto, da nossa concepção.
Com o passar dos tempos, seus poemas perderam a essência, caíram no esquecimento; bem poucos ouvem falar dele.
Remexendo em minha biblioteca, hoje reli seus versos compilados em "Os Mais Belos Poemas que o Amor Inspirou", volume editado pela Editora Angelotti Ltda., do qual tenho um exemplar da 4a. edição, e me veio à lembrança os nossos cadernos de recordações: eram sempre cheios de poemas dele, principalmente se deixados pelos meninos que curtiam o grande poeta daquela vez.
Hoje, não há mais tempo para se embalar num caderno desses, tampouco sentimentos bons existem mais!
Mas sem falar de amor, quero deixar aqui seu poema intitulado "COVARDIA", que nos parece bem contemporâneo.
Vamos a ele:
"O que me falta é a coragem para fazer como Gaugin
e ir pintar as ilhas e as mulheres dos mares do Sul.
Não cair em Jack London
mas pintar pelo menos
céus amarelos como os de Van Gogh
e beber absinto como Rimbaud.
O que me falta é a coragem para
ir ao encontro que marquei comigo mesmo
numa esquina do mundo
onde nunca me encontrarei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário