quinta-feira, 29 de setembro de 2022

O dia em que o imbrochável brochou

 

Por Carlos Brickmann
28 de setembro de 2022



Quando perguntaram ao curitibano Rafael Greca se era homossexual, ele respondeu que não pretendia governar com a bunda. Caro leitor, adivinhe: qual o instrumento que Jair Bolsonaro, o Imbrochável, pretende usar se reeleito? Errou: ele pretende usar a mentira. Conforme disse em entrevista, em 2011, o Imbrochável já brochou e era bem mais jovem do que hoje.
Como disse o próprio Bolsonaro, em entrevista à revista Playboy, em 2011, “quem diz que nunca brochou está mentindo”. E está trazendo a debate um tema que não interessaria a ninguém – e amplificado. Agora, explica o que quis dizer com Imbrochável: “Não vou dar pra trás”. Para quem gosta de fofoca: site revista Playboy, 29 de junho de 2011, entrevista a Jardel Sebba.
E Lula, com que instrumento pretende governar, se eleito? Não conta de jeito nenhum: não divulgou seu programa. Como diziam aqueles senhores paraguaios nos tempos da importação desburocratizada, “la garantia soy yo”.
Em resumo, nós só não votamos no escuro porque ambos já governaram o Brasil. Vota-se no mal menor, mesmo que ainda assim seja muito mal.
Talvez as pesquisas indiquem Lula por ter conseguido sair de seu eleitorado habitual e conquistado eleitores que normalmente não votariam nele; talvez por ser acusado basicamente de corrupção, não por vontade de golpear as instituições. Ou, quem sabe, por ter obtido avaliação muito boa, no primeiro mandato. E por decidir que sexo não é tema eleitoral.

Frase 1
Da candidata do União Brasil à Presidência, Soraya Thronicke, que já foi bolsonarista e hoje o rejeita especialmente por ver nele o desprezo pelas mulheres: “Não cutuque a onça com sua vara curta”.
Soraya cita a novela Pantanal, na qual uma mulher vira onça.

Frase 2
Do candidato do PMB a deputado federal por São Paulo, Abraham Weintraub, que já foi bolsonarista de primeira linha, que foi ministro, que foi diretor do Banco Mundial e que o rejeita depois de ter sido traído – Bolsonaro lhe prometera apoio para ser candidato ao Governo paulista e o abandonou sem maiores explicações. Em entrevista, lhe perguntaram se o presidente é corrupto ou faz vista grossa para casos de corrupção em seu Governo. Weintraub, que não tem nada de lulista, que declarou voto nulo, respondeu:
“Rabo de porco, orelha de porco, pé de porco, focinho de porco. Bicho, se não é porco, é feijoada. Respondido?”

Tudo pela eleição
A informação foi divulgada pelo excelente colunista Lauro Jardim, de “O Globo”: o chanceler Carlos França foi a Miami para acalmar a comunidade brasileira, que já estava aderindo a teorias conspiracionistas de que haveria uma articulação vermelha para provocar uma abstenção gigante na região, em prejuízo de Bolsonaro. Motivo da indignação: o Consulado brasileiro, que era no centro de Miami, mudou-se para um local a uns 40 minutos de carro de distância. Ali há 40 mil brasileiros; ali Bolsonaro teve 91% do total de votos.
Ainda não se sabe qual a fórmula que o chanceler usará para que a comunidade brasileira se acalme (e deixe de acreditar que o Itamaraty seja um antro de comunistas). Mas que a missão tem muito mais cunho eleitoral do que qualquer outra coisa é dificílimo discutir.

Sangue, mais sangue
Aconteceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ocorreu durante a campanha, mas não tem nada a ver com ódios eleitorais. Saulo Batista da Silva, 40 anos, foi esfaqueado por uma amante, que o descobriu num caso amoroso com outra amante. A esposa do candidato está fora da confusão, na cidade em que moram, já que ele viaja sozinho para fazer campanha.
Saulo foi internado, na manhã de segunda-feira, na Santa Casa de Campo Grande, com facadas nos braços e arranhões no tórax. Fugiu na tarde de ontem. Até a hora em que esta coluna era encerrada, não tinha sido achado.

Caros ministros
Comparação entre a Coroa britânica, as Supremas Cortes de diversos países e o Supremo Tribunal Federal, elaborada pelo colunista Cláudio Humberto (www.diariodopoder.com.br): o STF custa mais que a família real britânica. A Coroa custa algo como R$ 601 milhões por ano, informa Cláudio Humberto, e o Supremo R$ 851,7 milhões.
Nos Estados Unidos, o custo da Suprema Corte é R$ 755 milhões. Na Índia, com quase sete vezes nossa população, o custo é de 25% do nosso. Na Austrália, grande como o Brasil, o custo é de R$ 97 milhões.

Filmaço – vale a pena
Quando a Alemanha nazista e a URSS comunista se aliaram, dividiram a Polônia. Os soviéticos mataram em Katyn alguns milhares de poloneses. Depois, puseram a culpa nos nazistas e reconheceram o massacre 50 anos depois. “Os carrascos de Stalin” estreia no Curta! e Curta On! dia 30.

(*) 

As informações e opiniões contidas no texto são Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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