Depois de ler a biografia deste brasileiro, a gente chega à conclusão de que as pessoas podem ser substituídas nos cargos que ocupam, jamais, porém, nas suas composições.
E que tempo há para tudo, mas as pessoas de hoje preferem fazer dele uma profunda inutilidade.
E sofrem e buscam e vasculham como loucas sem saber o que focar.
Conheci este homem neste momento e por ele fiquei fascinada. Vejam se não tenho razão!
Francisco Martins dos Santos nasceu em Santos, a 5 de fevereiro de 1903.
Filho do abolicionista e republicano Américo Martins dos Santos e de Valentina Guimar Patusca Martins dos Santos, em 1.915 foi para São Paulo, onde cursou o Liceu Salesiano.
Formou-se em Ciências e Letras e em Biblioteconomia.
De volta a Santos, dedicou-se ao jornalismo e trabalhou em todos os jornais santistas da década de 20: "Jornal da Noite", "A Gazeta do Povo", "Praça de Santos", "O Diário", "Comércio de Santos", "Diário de Santos" e "A Tribuna", nas revistas: "Estrela Azul", "A Nota", "Flama", "Brasilidade", "Revista do Banco do Brasil" e "Trânsito".
Montou seu próprio jornal "O Balneário", em 1.923, em Guarujá, onde contava com a colaboração de Benedito Calixto.
Destacou-se nas rádios de Santos e de São Paulo.
Foi barítono e como tenor dramático convidado a ingressar no elenco da
Besanzone no ano de 1.940, cantando óperas sob regência de Eleazar de Carvalho e
Francisco Braga.
Foi o inspirador da fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Santos.
Participou da fundação da Uniter - Organização de Ciências, Letras e Artes e também do PEN Clube (Pensadores, Escritores e Novelistas).
Funcionário adido à Presidência da República, ingressou no DASP como técnico de Administração Pública e Documental, no Rio de Janeiro.
Em 1955 foi admitido como arquivista e posteriormente como bibliotecário da Câmara Municipal de Santos, onde organizou todo o serviço de documentação histórica.
Aposentou-se compulsoriamente aos setenta anos.
Fundou o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, do qual se tornou presidente, dois lustros depois.
Num apanhado geral, Francisco Martins dos Santos foi historiador, escritor, poeta, jornalista, crítico de arte, conferencista, professor de História e Geografia e polígrafo, me
mbro da Academia Santista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e de mais de uma dezena de consagradas instituições nacionais de arte, literatura, geografia, poesia e história, como a União Brasileira dos Escritores (UBE), o conselho administrativo do Museu Histórico e Pedagógico dos Andradas, a Sociedade dos Homens de Letras do Brasil, a Sociedade Brasileira de Geografia, o Centro de Ciências e Letras de Campinas, o Instituto Heráldico e Genealógico Brasileiro, a Associação Brasileira de Críticos Teatrais, o conselho administrativo do Museu Histórico e Pedagógico Martim Afonso de Souza, a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, a Sociedade de Amigos de Alberto Torres (Rio de Janeiro), o Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão (RN), a Comissão Municipal de História de Santos, além de C
amonista pela Academia Brasileira de Letras, sócio efetivo do Conselho Nacional de Geografia, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade Brasileira de Geografia, especializado em História e Geografia, antigas e modernas, temas orientalistas e toponímia histórica das Américas, da África e do Brasil.
Formou-se em paleografia pelo Museu Histórico do Rio de Janeiro e dedicou-se em profundidade à história e geografia antigas da Espanha, de Portugal e do Brasil.
Estudou árabe e hebraico em caracteres latinos e em 1975 compareceu ao encontro regional da ANPHU, realizado em Santos, onde afirmou, em sua palestra, que Fernando de Noronha trouxe para o Brasil muitos árabes e judeus, misturando a sua língua com o tupi e assim originando nomes híbridos da nossa toponímia.
Fundou três bibliotecas e dois museus.
Venceu vários concursos oficiais de poesia, biografias e literatura.
Ganhou medalhas de ouro pelos poemas "Cidade Ninféia", "Cidade Eleita", "Poema da morte de Braz Cubas para o pórtico de minha história".
Venceu o Concurso Literário Rui Barbosa, promovido pela Câmara Municipal de Santos, e o Concurso de Poesia Martins Fontes, promovido pela Prefeitura Municipal de Santos.
Conseguiu que São Vicente fosse oficialmente reconhecida pelo Congresso Nacional e pelo Governo Federal como "Cellula Mater da Nacionalidade".
Denunciou pela imprensa a invasão do território santista pelo município de Cubatão, seu ex-distrito, provando que a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) estava parcialmente construída dentro das terras santistas, o que daria direito a Santos de tributar essa siderúrgica.
Lutou para que fosse construída uma ponte entre as áreas insular e continental de Santos, permitindo a integração do território municipal.
Foi esportista, integrando a equipe de remo e atletismo do Clube Internacional de Regatas e jogando futebol pelo Santos F.C., pelo qual foi campeão, ainda em pleno amadorismo, em 1925.
Apreciador da natureza, durante mais de vinte anos, em sua juventude, embrenhava-se nos matos para estudar botânica e zoologia.
Naquela época dividia seu tempo entre o esporte, o comércio, o jornalismo e os estudos de ciências e línguas, entre estas o tupi-guarani, em que chegou a versejar, praticando-o e apurando o ouvido, em convívio com os remanescentes indígenas do litoral paulista (Cananéia, Itariri, Bananal e Caiaoica), em excursões por vezes demoradas.
Faleceu no dia 11 de outubro de 1978, em São Vicente, onde presidia, então, o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, deixando viúva a senhora Odette Veiga Martins dos Santos (que também o ajudou a fundar esse instituto, ocupando a Cadeira nº 2, de "Bartira", e falecida em 03/12/1984).
O professor Jonas Rodrigues assim definiu a personalidade de Francisco Martins dos Santos:
"Quero crer que a marca mais profunda da personalidade do emérito historiador foi a conjunção, em uma mesma pessoa, de uma formação científica que o induzia sempre a examinar, com o maior rigor, a documentação histórica; de uma sensibilidade artística que lhe ditava um comportamento que imitava as mutações violentas do oceano; era agressivo e apaixonado, no dizer e no escrever, como indomável mar selvagem; era romântico e remanso como o mais tranqüilo recanto da nossa encantadora Prainha; finalmente, o espírito patriótico, o civilista guerreiro, o inconformado que não podia ver, calado, tanta miséria em um país de tanta riqueza".
Esta pequena biografia teve como fonte o livro de Olao Rodrigues intitulado "História da Imprensa de Santos", edição 1.979.
"OÁSIS DA CRENÇA"
Se trazes na garganta o apelo inconformado
Das dores que colheste em duras provações...
Se sofres sem remédio o açoite desvairado
De todos os desgostos e desilusões...
Repara neste abrigo e vê que abençoado
Oásis aromal de amenas vibrações...
Que reino encantador, feliz e descuidado,
Com pássaros a rir, em chilros e canções...
É nele que descansa a caravana antiga
Daqueles como tu, que buscam, desde a aurora,
A paz interior e uma esperança amiga...
Repousa nesta sombra e esquece o que há lá fora...
Verás, no coração do oásis que te abriga
Que tudo em ti renasce, e as dores vão-se embora!...
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