domingo, 2 de novembro de 2014

NUNCA QUI EU TIVE UM NAMORADO CAIPIRA

Namorá, nunca namorei ninguém na minha cidade.
Só gostei.
Tinha lá uns onzi ano quando aquela tar de seta do Cupido flechô meu coração.
Curpa da iscola?
Curpa da igreja?
Ou curpa do cinema?
Num sei dizê.
Na iscola, nóis sincontrava no recreio. 
I meus zóio fitava grandão os óio dele.
Nos dumingo, nóis ia no caticismo, só pra ganhá disconto pro matinê. 
I tamém sincontrava lá, bem di pertinho.
Nos treis lugar, nóis si via.
- "Ondi já si viu? So seu pai subé, vai sê cinta pra tudo lado", advertia minha mãe.
I minha avó indossava.
Verdadi, verdadi memo era qui o meu pai quiria qui eu casasse cum deputado.
Mais já erum tão safado os pulítico desdaquele tempo!
Mais qui hoje, elis oiavam a genti lá di cima.
Gozavum da gente. 
Inda mais nóis sendo caipira, puxando esse "erre" mardito. 
Craro que num cheguei a tê cio por nenhum delis.
Graças a Deus!
Mais tamém nunca qui tive um namorado caipira.
Otro graças a Deus!

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