Tudo leva a crer que deve-se a Hércules Florence a primeira referência a um desafio no reino animal entre uma onça e uma araponga.
Quem já ouviu o canto da araponga ( Canto da Araponga ) acha-o semelhante a uma pancada de martelo vibrada com certa violência sobre uma bigorna.
Pois então, num belo dia de domingo, a onça percebeu a araponga pousada num galho qualquer e lançou um desafio:
- Vamos ver qual de nós dois é capaz de gritar tão alto que assuste o outro?
- Claro, amiga onça; aceito a parada.
A onça preparou-se e deu um urro tão grande que fez estremecer a floresta, menos a araponga que, esperando pelo trovão, aguentou bem firme, sem piscar nem um olho.
Quando chegou a sua vez, começou a afinar a garganta num rein-rein-rein de lima sobre o ferro, cheio de tremeliques.
Vendo aquilo, a onça caçoou dela:
- Esse grito é o seu máximo? Tenha dó!
- Não, respondeu a araponga, é que estou dando um tempo, esperando um jeito.
E lá começaram a vir uns reins-reins-reins cada vez mais cadenciados e monótonos, beirando uma cantiga até suave. A onça começou a cochilar... meio que dormiu...
Era justamente isso que a araponga esperava dela!
Então, sem pestanejar, "sapecou o martelo na bigorna" com tanta força que a onça deu um pulo e... perdeu a aposta.
Por isso, não se esqueça.
Às vezes, nesta vida onde as competições são tantas, a esperteza vale muito mais do que a força.
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