terça-feira, 22 de novembro de 2022

CRÔNICA DE ALBERTO ISAAC:


Largo da Santa Casa: testemunha de alegrias e tristezas.


Foto - Antônio Arthur de Castro Rodrigues
porAlberto Isaac
11/11/2022 00:45

Ele nunca foi, especialmente pela sua localização, em frente ao hospital da cidade, durante toda sua existência, um largo comum, rodeado de edifícios que constituem pulmões da vida urbana, seja para serviços religiosos ou reuniões políticas, para o comércio varejista ou para festas populares. Ao contrário dos tradicionais “Largo dos Amores” ou “Largo da Matriz”, onde proliferava movimentação comercial e bancária, comícios políticos, além dos passeios realizados quase todas as noites por famílias e jovens, a Praça Siqueira Campos, ou simplesmente Largo da Santa Casa, jamais teve o brilho dos grandes espaços destinados ao lazer da população. Exceção, décadas atrás, onde situavam os estabelecimentos de Júlio Reis, construtor, que mantinha uma serraria sob os cuidados de seu filho Luiz Reis (Bizo), Tonico Mariano, uma serralheria, dedicando-se também a fabricação e consertos de carroções; o Senhor Francisco Muller, serralheiro e Silas Cardoso, com armazém de secos e molhados, na esquina com a São Vicente de Paula. Em torno do Largo erguiam-se boas residências, mas sem grandes ostentações luxuosas.
Foi neste Largo da Santa Casa, onde existiram a casa rosada pertencente aos familiares do professor Paulo Larizatti e o casarão de propriedade dos descendentes dos Cauchiolli, que se destacou o profissional da fabricação de calçado artesanal e jogador da AAI (Associação Atlética de Itapetininga), João Cauchiolli.
Foi também, nesse local que tristezas cobriram de lágrimas diversos clãs que viram parentes e amigos não sobreviverem após tratamento no hospital em frente, assim como, nos mesmos bancos implantados no largo, foram, igualmente, centenas de pessoas que sorriram franca e lealmente diante de enfermos que se curaram das doenças acometidas.
Campo de futebol, zoológico e praça – Antes de ser transformada em praça pela Prefeitura, em meados de 1930, a área foi ocupada, entre 1915 e 1929, pelo Sorocabana Futebol Clube, entidade recém fundada – que viria se tomar, em 1945, o tradicional Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (CASI).
Na administração do prefeito José Ozi, que atuou de 1960 a 1963, foi criado, dentro da praça, o Zoológico Municipal de Itapetininga, onde foram expostos e criados diversas espécimes de animais, dentre eles símios dos mais exóticos. O local, que era visitado por escolares, famílias e interessados, por razões que não foram esclarecidas, foi fechado e, nenhum dos prefeitos seguintes se “motivaram para o assunto”, como lamenta o ferroviário Canarinho, um dos frequentadores do recanto.
A movimentação do Largo da Santa Casa, antes sem qualquer urbanização e apenas frondosas árvores, servia de abrigo para caminhões que se deslocavam para o sul do país, porquanto, na época, a Rua Prudente de Moraes “era o caminho natural” para a Raposo Tavares, não existindo a BR 116, que liga o norte ao sul do Brasil. Em decorrência, logo depois surgiram pousadas, os restaurantes “Fecha Nunca” a ainda atual e famosa Churrascaria Sacy, onde se vê na parede o mapa da rodovia Raposo.
Em função da Santa Casa de Misericórdia e, posteriormente, a construção e funcionamento do Hospital Regional – na iminência de ser ampliado – ao redor da praça instalaram-se clínicas médicas das mais diversas variedades, laboratório, funerária, farmácia e comércio de produtos ortopédico e hospitalares, passando a se chamar, segundo um aposentado e morador da área há anos de “o Largo da Saúde”.


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