Paulo de Castro Vianna
Discurso proferido na 143ª Sessão Ordinária, em 20 de outubro de 1955
… quem anda a noite pelas ruas de São Paulo fica decepcionado ante a completa ausência de qualquer assistência em favor da pobreza sem lar, que se abriga nos desvãos das portas dos nossos principais edifícios. São homens e mulheres, e às vezes famílias inteiras, que procuram agasalho e abrigo naqueles lugares, cobrindo-se com jornais velhos ou trapos miseráveis. Crianças também são vistas, enroscadas como animais friorentos aos corpos de seus pais.
A mais rica e a mais poderosa metrópole do Brasil apresenta, aos olhos de quem quiser ver, esse doloroso e confrangedor espetáculo de pobreza abandonada. E, muitas vezes, o contraste torna ainda mais chocante a crueza daquelas cenas. Assim, na proximidade da ‘boite’ Oásis, onde a grã-finagem paulista gasta, todas as noites, rios de dinheiro em consumações alcoólicas, presenciamos, de há muito, a miséria de uma família que armou, vamos dizer assim, o seu lar na reentrância dos portais de um luxuoso edifício.
Ali, abatidos pelo frio e pelo vento, desamparados e aflitos, homens, mulheres e crianças de uma mesma família passam as noites presenciando o espetáculo da riqueza e do indiferentismo dos assíduos freqüentadores da ‘boite’…
Deputado PAULO DE CASTRO VIANNA, aos 41 anos, do Partido Social Progressista – PSP.
Paulo de Castro Vianna-
alesp
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