terça-feira, 24 de janeiro de 2023

RACISMO NA ESCOLA COM HAMILTON

 

Lewis Hamilton detalha racismo sofrido na escola: "Traumatizante"
Heptacampeão de F1 revelou que bananas eram jogadas em sua direção, mas não expunha o assunto: "Não queria que meu pai pensasse que eu não era forte"
Por Redação do ge — Rio de Janeiro

Voz ativa na luta antirracista dentro e fora do automobilismo, Lewis Hamilton esmiuçou alguns dos ataques preconceituosos sofridos nos tempos de escola. Aos 38 anos, o heptacampeão mundial de F1 definiu sua vida escolar, quando teve bananas jogadas em sua direção, como o período "mais traumatizante" de sua vida.
- Foi a parte mais difícil da minha vida. Eu já estava sofrendo bullying aos seis anos. Naquela escola em particular, eu era uma de três crianças racializadas. Crianças maiores e mais fortes ficavam me atacando. E os golpes, as coisas que jogavam em você, como bananas, ou pessoas usando a palavra com N de forma tão relaxada. Pessoas te chamando de mestiço, (você) sem saber onde se encaixava - disse o britânico ao podcast "On Purpose".
"Não sentia que podia ir para casa e contar aos meus pais que as crianças seguiam me chamando da palavra com N, que sofria bullying e apanhava. Não queria que meu pai pensasse que eu não era forte."



Lewis Hamilton no GP dos EUA da F1 2022 — Foto: Mark Thompson/Getty Images

Para o heptacampeão, a rotina de luta contra o abuso sofrido se assemelhava a "nadar contra a corrente". Lewis também destaca a baixa presença de crianças negras em sua escola secundária, onde estudou dos 11 aos 16 anos.
- Tinha seis ou sete crianças negras em um total de 1200. Três de nós eram colocados do lado de fora do escritório do diretor o tempo todo. Ele estava na nossa cola, principalmente na minha. Sentia que o sistema estava contra mim - completou Hamilton.



Lewis Hamilton, ainda criança, apostou no karatê para se defender do bullying na escola — Foto: Divulgação/Lewis Hamilton

Uma das alternativas de Lewis para reagir ao bullying foi inscrever-se em aulas de karatê. Em post de 2019, o britânico atribuiu características suas como "a disciplina, o respeito e a humildade" à arte marcial.
Em julho de 2021, Lewis Hamilton anunciou o lançamento da Mission 44, instituição de caridade voltada ao "apoio e empoderamento de jovens de grupos desassistidos". Na F1, o britânico segue sendo o único piloto negro no grid.
Junto à equipe Mercedes, o heptacampeão também é envolvido com o projeto Ignite, que atua no desenvolvimento de programas educacionais, oportunidades de ensino e trabalho, além de suporte financeiro para pessoas negras que almejam trabalhar com automobilismo.




Stephanie Travers, engenheira de fluídos da Mercedes, e Lewis Hamilton — Foto: Divulgação

O futuro nas pistas
2023 é o último ano de contrato de Lewis Hamilton com a Mercedes, mas a equipe já dá como certa sua renovação. Aos 38 anos, o heptacampeão tem 103 vitórias na categoria, além de 103 pole positions e 191 pódios. Há vida após o fim da carreira?
- Vai ser bem, bem difícil quando eu parar de correr. Faço isso há 30 anos. Quando você para, o que se equipara a isso? Nada vai superar estar em um estádio, uma corrida, no ápice do esporte. Estar na frente do grid, ou escalando o pelotão, e a emoção que sinto com isso. Quando eu parar, vai haver um buraco enorme. Então estou tentando focar e achar coisas que possam substituir isso e ser igualmente recompensadoras - afirmou Lewis.
A Fórmula 1 2023 começa no dia 5 de março, no GP do Bahrein. Esta, que será a 17ª temporada de Lewis Hamilton, também será a maior temporada da história da F1, com 23 etapas confirmadas.
O GP da China, incluído no cronograma original, foi cancelado e não será substituído.

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