Oportunidade perdida
Dilma Rousseff não tem do que reclamar. Em 2011, quando demitiu uma leva de ministros envolvidos em corrupção, que teve início com o afastamento do ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, a presidente teve uma chance de ouro e jogou fora. Firme, Dilma empunhou a vassoura da faxina, e obteve o apoio da sociedade. Menos de Lula e Cia., provavelmente porque o líder petista temesse o fortalecimento de Dilma aos olhos da opinião pública, e ele, já manchado pelo mensalão, começasse a desidratar aos olhos do povo. Dilma caiu no canto da sereia de Lula e voltou atrás. Foi seu maior erro. Ali ela poderia ter traçado a linha que separaria seu governo do antecessor. Não há como a presidente sustentar que nada sabia. O pecado político de Dilma foi a omissão. Que virou cumplicidade.
Nova dupla na praça: "Sem-noção" e "Mais do mesmo"
Foi patética a entrevista dos ministros José Eduardo Cardoso (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência da República) após as manifestações que inundaram o País de norte a sul. Além de não responderem aos que lhes era perguntado pelos jornalistas, repetiam as platitudes de sempre: reforma política, medidas anticorrupção... Ora, não foi pra ouvir isso que os brasileiros deixaram suas casas num agradável domingo e foram para as ruas bradar novamente "contra tudo que está aí". Nos cerca de 40 min que deve ter durado a entrevista, se tanto, os dois pareciam ter acabado de chegar de outro planeta. Rossetto ainda conseguiu ser pior do que seu colega da Justiça, e olha que isso demanda um esforço considerável. Perto de Miguel Rosseto, Cardosão pareceu um Demóstenes. Resultado: panelada neles! Merecido.
Nova rodada
Coincidência ou não, quem respondeu minimamente à manifestação de ontem em todo País não foi o Palácio do Planalto, mas a Polícia Federal, ao deflagrar a 10ª fase da Operação Lava-Jato - a "Que país é esse", frase dita pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque quando preso pela 1ª vez. Curiosamente Duque, ex-diretor de engenharia tido como o elo do Partido dos Trabalhadores com o esquema bilionário de desvios na estatal, voltou a ser preso esta manhã. Segundo a PF, ele foi flagrado tentando ocultar patrimônio não declarado ocultado na Suíça. O alvo dessa fase, segundo o site do "Estadão", é o doleiro Adir Assad, considerado um dos maiores do País e investigado em outras operações da PF. A Lava-Jato inicia hoje uma nova rodada de prisões temporárias, preventivas e mandados de busca e apreensão. Muita coisa de podre ainda vai surgir, queira ou não o Palácio do Planalto. É o que os brasileiros esperam.
O porre e a ressaca
Trinta anos após as diretas-já, os brasileiros voltam às ruas; e o fazem atendendo ao chamado não dos partidos, mas de instrumentos criados pela tecnologia, as redes sociais. E se hoje não lutam pela democracia já conquistada, pelejam contra outros demônios: a roubalheira, a mentira e a arrogância de um governo que, por inépcia e omissão, não os representa. Não importa se milhares ou milhões foram às ruas ontem, o que conta é que o governo agoniza literalmente em praça pública. Mas, depois do porre de civismo, a ressaca: Dilma não entendeu o recado.
Em 16/03/2015.
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