quinta-feira, 23 de novembro de 2017

QUEM É ELZA DA CONCEIÇÃO SOARES

Nascida numa das primeiras favelas do Rio de Janeiro ( em 23 de junho de 1937), núcleo residencial Moça Bonita, hoje Vila Vintém, era filha do operário Avelino Gomes, que tocava de violão nas horas vagas, e da lavadeira Rosária Maria da Conceição. 
Aos 12 anos, foi obrigada pelo pai a casar com Lourdes Antônio Soares, conhecido como Alaúrdes. 
Teve seu primeiro filho, João Carlos, aos 13 anos. 
Aos 15 anos, seu segundo filho faleceu. 
Em 1953, fez seu primeiro teste na Rádio Tupi, no programa "Calouros em Desfile", de Ary Barroso, onde interpretou a música "Lama" (Paulo Marques e Alice Chaves), ganhando o primeiro lugar. 
Seu irmão Avelino, que estudava violão e tocava na Orquestra Garam de Bailes, do maestro Joaquim Naegli, comentou com o maestro sobre a irmã e do prêmio do programa de Ary Barroso. 
Após um teste com o maestro, foi contratada como crooner da orquestra. 
Ficou na orquestra até 1954, quando ficou grávida. 
No ano seguinte, após ser liberada do resguardo do parto, fez um show no Clube da Imprensa quando foi convidada a assistir à peça "Jour-jou-Fru-fru", de Silva Filho, no Teatro João Caetano, onde conheceu Mercedes Batista, que a convidou para participar do elenco de bailarinas. 
Pouco tempo depois, atuava ao lado de Grande Otelo na peça que se tornaria um grande sucesso de público na época. 
Em 1957 já tinha cinco filhos. 
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Dois meses após o parto da filha Dilma, passou a trabalhar como encaixotadora e conferente na Fábrica de Sabão Véritas, em Engenho de Dentro. 
Ficou viúva aos 21 anos. 
Em 1958, viajou para a Argentina com a Companhia de Mercedes Batista, apresentando-se no Teatro Astral. 
No ano de 1959, ao regressar ao Brasil, foi contratada por Walter Silva para a Rádio Vera Cruz. Na emissora, conheceu o cantor Moreira da Silva, que a levou para cantar no Texas Bar, em Copacabana, onde Elza conheceu a cantora Sílvia Telles e seu marido, o compositor e produtor Aloísio de Oliveira, que a convidou para gravar. 
Ainda em 1959 gravou seu primeiro disco pela Odeon, um 78 RPM com as músicas "Mack the Knife" e "Se acaso você chegasse" (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins), que se tornou seu primeiro sucesso e onde introduzia um "scat" similar ao de Louis Armstrong, injetando uma jazzificação no samba, divergente dos cânones da bossa nova, que era o movimento musical da moda nessa época.
 
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Em 1960, foi para São Paulo atuar no show "Festival Nacional de Bossa Nova", realizado em São Paulo, no Teatro Record e na Boate Oasis. 
Por essa época, lançou o primeiro LP, "Se acaso você chegasse", pela Odeon. Logo depois , em 1961, lançou "A bossa negra", seu segundo LP, que trazia o sucesso "Boato" (João Roberto Kelly), e depois "O Samba é Elza Soares", do mesmo ano. 
Em 1962, fez apresentações como representante do Brasil na Copa do Mundo no Chile, onde conheceu Louis Armstrong, que reconheceu em Elza uma seguidora de seu estilo de cantar, e lhe propôs fazer carreira nos EUA. 
Nessa época conheceu o jogador de futebol Mané Garrincha, com quem se casou e manteve durante anos um relacionamento conturbado. 
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Em 1963, gravou pela Odeon o LP "Sambossa", com as composições "Rosa morena" (Dorival Caymmi), "Só danço samba" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e "A banca do distinto" (Billy Blanco), entre outras. 
Em 1964, ainda pela Odeon, gravou o disco "Na roda do samba", com a faixa título de Orlandivo e Helton Meneses. 
Em 1965 gravou "Um show de Elza" (Odeon), que trazia, entre outras o sucesso "Mulata assanhada" (Ataulfo Alves). 
1966 foi o ano de "Com a Bola Branca" (Odeon), com "Estatuto de gafieira" (Billy Blanco). 
Em 1967, apresentou-se em shows como "Bahia de todos os santos", no Teatro Copacabana, e "Elza de todos os sambas", no Teatro Santa Rosa. No mesmo ano gravou o discos "Elza, Miltinho & samba", em dupla com o cantor Miltinho, e "O Máximo em Samba", este sozinha, onde aparecia o samba-enredo "O Mundo Encantado de Monteiro Lobato" (Batista da Mangueira - Darcy da Mangueira - Luiz), gravação que fez enorme sucesso. 
Recebeu de Negrão de Lima, governador do Rio de Janeiro, o diploma de "Embaixatriz do samba", do Conselho de Música Popular do Museu da Imagem e do Som. 
Em 1968 foi a vez de "Elza Soares - Baterista: Wilson das Neves". Ainda em 68 foi lançado o disco "Elza, Miltinho & Samba Vol. 2", seguido, em 1969, por "Elza, Miltinho & Samba Vol. 3". Ainda em 1969 lançou o disco "Elza, Carnaval & Samba" (Odeon), cantando sambas-enredo como "Bahia de todos os desuses" (Bala - Manuel Rosa). 
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Em 1970 mudou-se com Mané Garrincha para a Itália. 
Na Itália apresentou-se no Teatro Sistina, em Roma. Nesse mesmo ano gravou o disco "Sambas e mais sambas" (Odeon), com músicas como o sucesso "Pressentimento" (Élton Medeiros - Hermínio Bello de Carvalho) e "Tributo a Martin Luther King" (Wilson Simonal - Ronaldo Bôscoli). 
Voltou para o Brasil em 1972, montando o show "Elza em dia de graça" e lançando o disco "Elza Pede Passagem" (Odeon). Apresentou-se no Teatro Opinião e fez temporada no navio italiano Eugenio C. 
Cantou também no Canecão, no espetáculo "Brasil export show". 
Fez uma temporada de duas semanas na boate Number One, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano lançou o disco "Sangue, Suor e Raça", em dupla com o cantor Roberto Ribeiro. 
Em 1973 gravou o disco "Elza Soares" (Odeon), com faixas como "Pranto de poeta" (Nelson Cavaquinho - Guilherme de Brito), e apresentou em São Paulo o show "Viva Elza", depois levado para outras capitais do país. 
Em 1974 lançou "Elza Soares", com "Bom dia, Portela" (David Correia - Bebeto de São João). Nesse ano fez muito sucesso com o samba "Salve a Mocidade" (Luiz Reis). 
Em seguida, em 1975, gravou o disco "Nos braços do samba". Em 1976 gravou "Lição de Vida", e em 1977 gravou "Pilão+Raça=Elza". 
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Em 1980 lançou "Negra Elza, Elza Negra". 
No início da década de 1980, trabalhou na boate paulista Madame Satã, no show "A vingança será maligna", ao lado do grupo de rock Os Titãs. 
Em 1984 gravou "Língua" com Caetano Veloso no disco "Velô", de Caetano. 
Em 1985 gravou o disco "Somos todos iguais" produzido por Caetano Veloso e Lobão. 
Em 1986, com o falecimento de seu filho Garrinchinha, em decorrência de um acidente automobilístico, entrou em depressão e decidiu morar no exterior onde permaneceu nove anos, transitando entre a Europa e os Estados Unidos. 
Estudou saxofone com Moacyr Santos em Los Angeles, Estados Unidos. 
Em 1988 gravou o LP "Voltei". 
Regressou definitivamente ao Brasil em 1994. 
Em 1997, lançou o disco "Trajetória", com composições de Chico Buarque, Guinga e Aldir Blanc, Noca da Portela, Nei Lopes, João Roberto Kelly, Arlindo Cruz, entre outros. 
Com esse trabalho, ganhou o Prêmio Sharp de "Melhor Cantora de Samba". 
Ainda em 1997 saiu sua biografia, "Elza Soares: cantando para não enlouquecer", pela Editora Globo, escrita por José Louzeiro. 
Em 1999, lançou o disco independente ao vivo "Carioca da gema". Em novembro desse mesmo ano, participou do show "Desde que o samba é samba", em Londres , ao lado de Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Virgínia Rodrigues. 
Em 2000 estreou o show "Dura na queda", no Teatro Glória do Rio de Janeiro. O show, cujo título foi tirado da canção homônima que Chico Buarque compôs em sua homenagem. Nesse mesmo ano, participou do CD "Cole Porter, George Gershwin - canções, versões", produzido e letrado por Carlos Rennó. Nesse disco, dividiu com Chico Buarque a música "Façamos! (Vamos amar), versão para "Let's do it" (Let's fall in love), de Cole Porter. 
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Em 2002, "Façamos! (Vamos amar), foi incluída como tema de abertura na trilha sonora da novela "Desejos de mulher", da Rede Globo. 
Ainda em 2002 lançou o CD "Do cóccix até o pescoço", produzido por José Miguel Wisnik . No CD interpretou as inéditas "Dor de cotovelo" (Caetano Veloso), "Hoje é dia de festa" (Jorge Benjor), "Eu vou ficar aqui" (Arnaldo Antunes) e "Dura na queda" (Chico Buarque) e ainda "Façamos! (Vamos amar), em dupla com Chico Buarque, além de uma versão para tango de "Fadas", choro de Luiz Melodia. 
Também foram incluídas "A carne" (Marcelo Yuka, Seu Jorge e Wilson Cappellette), "Etnocopop" (Carlinhos Brown), "Haiti" (Caetano Veloso e Gilberto Gil), "Bambino" choro de Ernesto Nazarth letrado por José Miguel Wisnik, "Flores horizontais", poema de Oswaldo de Andrade musicado por José Miguel Wisnik e também duas composições de sua autoria: "Samba crioula" e "A cigarra". 
O disco foi muito bem recebido pela crítica, sendo eleita a "Cantora do ano" no primeiro Prêmio Rival BR. 
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Em 2003 apresentou-se no Teatro Rival BR lançando o CD "Do cóccix até o pescoço". Ainda em 2003, seus discos entre os anos de 1960 e 1978 foram reeditados pela gravadora EMI. A gravadora EMI lançou a caixa de título "Negra", com 12 CDs reunindo 27 títulos da carreira da cantora entre os anos de 1960 e 1988, além de faixas-bônus e uma compilação de compactos. 
No final de ano de 2003 lançou o CD "Vivo feliz", no qual foi incluído o clássico "Opinião", de autoria de Zé Kéti, investindo em arranjos eletrônicos. 
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Em 2007 sai pela gravadora Biscoito Fino o CD e DVD "Beba-me", registro do show com direção de José Miguel Wisnik. 
Uma das cantoras brasileiras em atividade a mais tempo, Elza Soares nunca se deixou envelhecer artisticamente, procurando sempre estar antenada com as novidades, arrebanhando prestígio entre as gerações posteriores e mantendo uma vitalidade invejável não só nas gravações, mas também em suas apresentações ao vivo.

do site oficial da cantora.

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