terça-feira, 4 de setembro de 2018

EMBUSTEIRO E BOM MOÇO?

Bolsonaro, se eleito, não poderá fazer do Palácio do Planalto um bunker familiar contra a democracia.


Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro não pode ser chamado de “falso Messias”, pois esse nome consta da sua certidão de nascimento, mas seu discurso tosco e falacioso continua correndo Brasil afora, como se atentar contra a democracia fosse a solução para os problemas nacionais.
Embusteiro, Bolsonaro tenta “vender” ao eleitorado a ideia de que representa o novo na política, onde está há quase três décadas, tendo carregado para esse universo toda a família, ou seja, não é algo tão ruim quanto o seu discurso trôpego e cheio de armadilhas.
Dono de verborragia marcada pela ciclotimia, Jair Bolsonaro tenta apresentar-se como liberal, mas essa encenação não dura muito, pois sua essência autoritária e truculenta não demora a voltar à cena, revelando o que poderá acontecer com o País caso seja eleito.
Diferentemente do que fez no âmbito Legislativo, Bolsonaro, se chegar ao Palácio do Planalto, não poderá transformar a Presidência da República em um negócio familiar, ao mesmo tempo em que não lhe caberá o direito de delegar aos filhos algumas missões, mesmo que de forma oficiosa. Mesmo que sua prole coloque em prática, com a mesma truculência, suas utópicas ordens.
Há dias, no Twitter, confirmando a teoria de que o fruto não cai longe da árvore, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou”: Vamos mudar o sistema corrupto, nem que seja na bala”. 
De chofre essa afirmação é uma incitação à violência e ao crime. 
O combate à corrupção deve acontecer dentro dos parâmetros legais, não à base do tiroteio, como sugere o filho do presidenciável.
A postagem de Eduardo Bolsonaro foi uma resposta ao ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, que em propaganda eleitoral criticou a proposta de liberar o porte de arma de fogo no País.
Na postagem, apagada na sequência, Eduardo Bolsonaro refere-se ao candidato tucano como “vulgo merenda”, mas até o momento não há qualquer prova do envolvimento de Alckmin no escândalo da chamada Máfia da Merenda, no estado de São Paulo.
“Sr. Geraldo Alckmin, vulgo ‘merenda’, essa é a mensagem que o Brasil precisa. Necessitamos de homens e mulheres para botar ordem nesta baderna que pessoas como o senhor insistem em perpetuar”.
Muito estranhamente, Jair Bolsonaro passou longos anos no Partido Progressista, um dos mais encalacrados na Operação Lava-Jato, sem em nenhum momento ter se rebelado contra o esquema de corrupção que turbinava a legenda. 
De igual modo, Bolsonaro não sacou a arma uma só vez para acabar com o esquema. Pelo contrário, manteve um estranho e obsequioso silêncio. 
Em outras palavras, esse “bom-mocismo” de Eduardo Bolsonaro não convence.
Se a regra eleitoral é o jogo baixo e rasteiro, como propõe o deputado, Jair Bolsonaro a partir de agora é o “vulgo açaí”. Afinal, há provas incontestáveis de que Walderice Santos da Conceição era funcionária fantasma do gabinete do candidato do PSL. 
Tanto é assim, que o presidenciável tentou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem sucesso, que o jornal “Folha de S.Paulo” excluísse da internet as reportagens sobre o escândalo.

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