quarta-feira, 30 de novembro de 2022

JOÃO RIBEIRO


FALECIMENTO: 30/11/2022, ÀS 09h48, EM SÃO MIGUEL ARCANJO-SP.
86 ANOS, APOSENTADO, CASADO COM A SRª APARECIDA DE MATOS RIBEIRO, FILHO DE BENEDITO LUIZ RIBEIRO E CLEMENTINA BRANDÃO PROENÇA, DEIXA OS FILHOS: LUIZ, ELIZABETE, ADILSON, JOÃO MIGUEL, MARIA INÊS, ROSANA E RENATO.
SEPULTAMENTO: 30/11/2022, ÀS 17h00, NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.



segunda-feira, 28 de novembro de 2022

MARIA APARECIDA EVANGELISTA

 

FALECIMENTO: 27/11/2022, ÀS 20h29, EM ITAPETININGA-SP.
77 ANOS, APOSENTADA, VIÚVA DE JOSÉ JOÃO EVANGELISTA, FILHA DE JOSÉ SOARES DE OLIVEIRA E SEBASTIANA SOARES DE OLIVEIRA, DEIXA OS FILHOS: SÍLVIO, JOSÉ, HILTON, MARIA E LUZIA.
VELÓRIO: CAMARGO-UNIDADE SÃO MIGUEL ARCANJO, COM INÍCIO ÀS 08h00 DO DIA 28/11/2022.
SEPULTAMENTO: 28/11/2022, ÀS 16h00, NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.



sábado, 26 de novembro de 2022

CUIDADO COM SUAS COISAS!


Chico Buarque processou Eduardo Bolsonaro por utilização de música de sua autoria.
Publicado em 26/11/2022, às 12h46 Foto: Wilson Dias/Agência Brasil Cadastrado por VD

Cantor e compositor, Chico Buarque processou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), por utilização de uma famosa música de sua autoria em uma publicação nas redes sociais.
Na postagem publicada por Eduardo Bolsonaro, manifestantes bolsonaristas processados por ataques contra a democracia alegavam que o Brasil está sob censura.
Juíza do 6º Juizado Especial Cível da Comarca da Capital Lagoa, Monica Ribeiro Teixeira indeferiu o pedido de Chico Buarque alegando que não há comprovação de que a música, Roda Viva, é de autoria do cantor. A defesa do músico recorreu da decisão.
Segundo dados do Ecad, Roda Viva está entre as 13 músicas mais regravadas de Chico Buarque. 
A canção tem 67 gravações cadastradas.

Vivenciando a Procissão das Almas, em Mariana – MG


Sobre a possível Origem da Procissão das Almas e suas versões

TATARAVÔ/TATARAVÓ NÃO EXISTEM NA GENEALOGIA.

 




quinta-feira, 24 de novembro de 2022

CRIANÇAS FAMOSAS:

 

José Wille III compartilhou uma publicação.




AMADEU APOLINÁRIO

 

FALECIMENTO : 24/11/2022, ÀS 00h12, EM SOROCABA – S.P.
82 ANOS, VIGIA, VIÚVO DA SRª LOURDES MARIA APOLINÁRIO, FILHO DE BENEDITO APOLINÁRIO SOBRINHO E CARLOTA RITA SOTA, DEIXA OS FILHOS : MARIA HELENA, ELIZABETE E LEANDRO.
VELÓRIO : CAMARGO – UNIDADE ITAPETININGA – CENTRAL.
SEPULTAMENTO : 24/11/2022, ÀS 17h00, NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO – S.P.

F. Camargo


ORA, ORA.

 

PL vai pagar a multa de 22,9 milhões pela brincadeira das urnas. MAS DE QUEM É ESSE DINHEIRO? ADIVINHE!


A VOLTA

 

Bolsonaro volta para apagar as luzes de um governo que nem existiu. RELINCHA, VELHO!

OI.

 


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

FRAUDE NAS URNAS?

 

Sem qualquer prova de fraude, PL e Bolsonaro pedem ao TSE que urnas mais antigas sejam invalidadas.
Por Redação Ucho.Info/22 de novembro de 2022



Mais um capítulo do plano golpista de Jair Bolsonaro veio a público nesta terça-feira (22), pelas mãos de Valdemar Costa Neto, o “Boy”, presidente do Partido Liberal (PL), agremiação à qual é filiado o chefe do Executivo.
Em representação enviada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PL afirma que Bolsonaro teve 51,05% dos votos no segundo turno da eleição presidencial e venceu a disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 
Para chegar a esse índice, a legenda pede a anulação dos votos de 279 mil urnas. 
O número representa mais da metade dos votos do País.
Após Costa Neto anunciar a conclusão do relatório do partido sobre as eleições, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, deu 24 horas para que a sigla também inclua na ação questionamento sobre resultado do primeiro turno. 
Com isso, o partido está obrigado a questionar os números que fizeram do PL a maior bancada na Câmara, com 99 deputados.
Bolsonaro e Costa Neto entraram com ação no TSE pedindo que sejam desconsiderados os votos de 279 mil urnas, sob o argumento de que os modelos são anteriores a 2020 e têm o mesmo número de patrimônio. 
O PL alega que isso impediria a fiscalização dos equipamentos. Tais urnas eletrônicas já foram usadas nas eleições de 2018.
O presidente do PL não tinha intenção de questionar o resultado das eleições, mas pressionado por Bolsonaro e pelo clã presidencial acabou cedendo e aceitou se aventurar em mais um golpe contra a democracia.
Desde o ano passado, Jair Bolsonaro insiste em colocar em xeque a confiabilidade do sistema eleitoral, mas jamais apresentou uma prova sequer. É importante ressaltar que o sistema eleitoral brasileiro é reconhecido internacionalmente pela segurança e eficácia.
Recentemente, auditoria feita pelas Forças Armadas mostraram a lisura das eleições.
Contudo, nos bastidores Bolsonaro continua afirmando ser vítima de uma “armação” da Justiça Eleitoral.


FOI EMBORA O "TREMENDÃO".


Morre no Rio de Janeiro, aos 81 anos, o cantor e compositor Erasmo Carlos, o “Tremendão”
Por Redação Ucho.Info/22 de novembro de 2022



Cantor, compositor e multi-instrumentista, Erasmo Carlos, o “Tremendão”, morreu nesta terça-feira (22), no Rio de Janeiro, aos 81 anos. Ele havia sido internado às pressas na segunda-feira no Hospital Barra D’or, na Barra da Tijuca, e foi intubado. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada.
A esposa, Fernanda Passos, estava ao lado do cantor na hora da morte. Há três semanas, Fernanda externou sua revolta com relação aos boatos de que o marido teria falecido em 30 de outubro. Em no Instagram, classificou os boatos como maldosos e revelou ter sido atacada nas redes sociais.
Em outubro, Erasmo Carlos foi internado, recebeu alta, mas voltou ao hospital. O artista tratava há alguns meses de síndrome edemigênica, doença provocada por desequilíbrio bioquímico, que dificulta a manutenção dos líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Entre as causas da síndrome edemigênica estão doenças cardíacas, renais ou dos próprios vasos.
Na noite desta terça-feira, a família divulgou nota informando que Erasmo Carlos teve um quadro de paniculite agravado por sepse de origem cutânea. A paniculite é a inflamação da camada de gordura que fica abaixo da pele e, no caso dele, agravada por uma infecção generalizada.
Conhecido por ser um dos pioneiros do rock brasileiro e por sua parceria com Roberto Carlos, ele deixa um grande legado para a música brasileira. Foram 50 anos de estrada, mais de 500 canções e muitos sucessos, como “Além do Horizonte”, “É Preciso Saber Viver”, “O Bom”, que ultrapassam gerações e permanecem na memória do público. Junto com Wanderléa e Roberto, Erasmo foi um dos principais representantes da Jovem Guarda, movimento musical e cultural dos anos 60 e 70.
Nascido Erasmo Esteves, em 5 de junho de 1941, foi criado na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. A Bossa Nova e o rock’n’roll fizeram aflorar o artista que existia dentro de Erasmo.
Na rua onde morava, Erasmo aprendeu a tocar violão com Tim Maia. Mais tarde, fez parte de um grupo que contava com a participação de Tim e Roberto Carlos, mas a banda foi desfeita após uma briga entre os dois últimos. Erasmo e Roberto tinham muitas coisas em comum, como a paixão por Elvis Presley e o Clube de Regatas Vasco da Gama. 

(Matéria ampliada às 22h39)

 

O DESASSOSSEGO DOS BANDIDOS QUE SE DIZEM PATRIOTAS

 

Tribunais de Contas repudiam áudio do ministro Augusto Nardes, do TCU, com teor golpista.
Por Redação Ucho.Info/22 de novembro de 2022.


Associações de integrantes dos Tribunais de Contas lançaram uma nota conjunta na segunda-feira (21) em repúdio a falas de teor golpista do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), transmitidas pelo WhatsApp a amigos ligados ao agronegócio. Nardes é próximo do presidente Jair Bolsonaro.
O texto é assinado pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), pelo Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e pelo Instituto Rui Barbosa (IRB).
Nardes diz, em áudio revelado pela colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”, que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas” brasileiras e que “é questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso” para um “desenlace bastante forte na nação, [de consequências] imprevisíveis, imprevisíveis”.
Em outro trecho da gravação, ele acrescenta que “não pode falar muito”, mas que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “certamente terá condições de enfrentar o que vai acontecer no país”.

“Sério agravo à legitimidade democrática”
Também na segunda-feira, Nardes protocolou um pedido licença médica. Antes, divulgou nota afirmando ter sido mal interpretado, que “lamenta profundamente a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos” e ressaltando que repudia “peremptoriamente manifestações de natureza antidemocrática e golpistas, e reitera sua defesa da legalidade e das instituições republicanas”.
A nota da Atricon e do CNPTC frisa que a retratação do ministro coloca o tema “em novos termos”, mas que “estava-se diante de sério agravo à legitimidade democrática e ao ordenamento jurídico, em contexto também incompatível com a atuação da magistratura de Contas, que deve fidelidade absoluta às normas de regência”.
As entidades “reiteram que os Tribunais de Contas do Brasil atuam com independência e impessoalidade, a fim de cumprir e fazer cumprir as regras e os princípios estabelecidos na Constituição Brasileira, à luz do Estado de Direito e do regime democrático”.
Nardes é apoiador de Bolsonaro e nos quatro anos de governo teve acesso livre ao presidente. Ele foi o relator das contas presidenciais de Dilma Rousseff em 2015, que foram rejeitadas e causaram o impeachment da então presidente da República.
Em postagem no Twitter, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) afirmou que protocolará um pedido de convocação para que Nardes explique suas declarações, que se enquadrariam em “conspiração golpista”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou um requerimento para convocação do ministro para depor nas comissões de Direitos Humanos e de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, no Senado.

(Com agência de notícias)

AH, OS SERES HUMANOS...

 

Seleção alemã perde patrocínio após Fifa proibir uso da braçadeira “One Love” na Copa do Qatar
Por Redação Ucho.Info/22 de novembro de 2022.



A proibição imposta pela Fifa do uso da braçadeira com os dizeres “One Love” (“Um só amor”) às seleções na Copa do Mundo do Qatar gerou reações negativas na Alemanha.
Várias seleções europeias – incluindo a Alemanha – chegaram a anunciar que pretendiam usar, durante os jogos da Copa do Mundo de 2022, a braçadeira colorida contra a discriminação LGBTQIA+ no Qatar.
Por fim, as equipes acabaram desistindo na segunda-feira perante a ameaça de “sanções esportivas” da Fifa, que anunciou que poderia penalizar com cartão amarelo os jogadores que exibissem esse lema.
Em reação à atitude da Fifa, a cadeia alemã de supermercados Rewe se tornou o primeiro dos grandes patrocinadores a encerrar publicamente sua colaboração com a Confederação Alemã de Futebol (DFB).
“Defendemos a diversidade – e o futebol também é diversidade. Vivemos essa atitude e defendemos essa atitude – mesmo se enfrentarmos possíveis resistências”, afirmou o diretor do Rewe, Lionel Souque, segundo comunicado divulgado pela rede supermercadista.
“A atitude escandalosa da Fifa é, para mim, absolutamente inaceitável como CEO de uma empresa diversificada e como torcedor de futebol”, escreveu Souque.
Segundo a nota, a empresa se viu forçada a “se distanciar de maneira clara do posicionamento da Fifa e remover seus direitos publicitários do contrato com a DFB, especialmente no contexto da Copa do Mundo”.
O fim da cooperação, porém, não é inesperado. O Rewe já havia informado a DFB em outubro que não prolongaria o acordo de parceria de longo prazo. Na época dessa decisão, não havia nenhuma conexão com a Copa do Mundo.
À luz das decisões da Fifa, a empresa decidiu suspender em caráter imediato o contrato com a DFB e renunciar aos direitos de propaganda.

Adidas pede mais tolerância
A fornecedora de materiais esportivos Adidas – parceira da Fifa e da DFB – reagiu de maneira mais cautelosa. A empresa pediu uma atitude mais liberal nas discussões em torno da braçadeira.
“Estamos convencidos de que o esporte deve ser aberto a todos”, disse o porta-voz da Adidas, Oliver Brüggen. “Apoiamos nossos jogadores e equipes quando eles promovem mudanças positivas. O esporte oferece um palco importante para essa discussão.”
A Fifa proibiu as federações europeias de utilizarem a braçadeira com as cores do arco-íris, que se tornou um símbolo de diversidade e tolerância. e ameaçou punir jogadores com sanções esportivas, incluindo cartões amarelos.
Alemanha, Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Suíça acataram decisão, mas expressaram frustração com a inflexibilidade da entidade máxima do futebol mundial.
Nesta terça-feira (22), o diretor de mídia da DFB, Steffen Simon, disse à rádio alemã Deutschlandfunk que os times foram vítimas de chantagem “extrema” para não usar braçadeira. Ele mencionou o caso da Inglaterra, que seria o primeiro time a usar a braçadeira na segunda-feira na partida contra o Irã, afirmando que a equipe foi ameaçada com várias sanções esportivas.
“O diretor do torneio foi até o time inglês e falou sobre várias violações de regras e ameaçou com sanções esportivas massivas sem especificar quais seriam”, disse Simon.
“Perdemos a braçadeira e é muito doloroso, mas somos as mesmas pessoas de antes com os mesmos valores. Não somos impostores que afirmam ter valores e depois os traem”, completou.
“Estávamos em uma situação extrema, em uma chantagem extrema.”

(Com agências internacionais)

DANIELE MARIA DOS SANTOS

 

FALECIMENTO: 22/11/2022, ÀS 06h00, EM SÃO MIGUEL ARCANJO-SP.
28 ANOS, DO LAR, SOLTEIRA, FILHA DE LUIS CARLOS DOS SANTOS E VALDINEIA MARIA DOS SANTOS, DEIXA O FILHO LUIZ FERNANDO.
SEPULTAMENTO: 23/11/2022, ÀS 09h00, NO CEMITÉRIO DO BAIRRO ABAITINGA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.



IVAIR HERNANDES

 

FALECIMENTO: 22/11/2022, ÀS 06h00, EM SÃO MIGUEL ARCANJO-SP.
52 ANOS, AUTÔNOMO, CASADO COM A SRª MARGARETE LAURETO HERNANDES, FILHO DE PAULO HERNANDES E CONCEIÇÃO DA SILVA HERNANDES, DEIXA OS FILHOS: ANDRESSA, RENATA E PAULO.
SEPULTAMENTO: 23/11/2022, ÀS 08h00, NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA, EM SÃO MIGUEL ARCANJO.

F. Camargo.




terça-feira, 22 de novembro de 2022

MAIS ALBERTO ISAAC:


No passado, um hotel chamado São Paulo



Foto - Acervo
porAlberto Isaac
23/09/2022 00:45
Ele desapareceu. Deixou de figurar entre os estabelecimentos que abrigaram, não só pessoas simples, humildes, como também personalidades do porte de um Armando Sales de Oliveira, Adhemar de Barros, juízes, promotores e artistas de renome como Orlando Silva, Carlos Galhardo, Sargentelli e suas mulatas, Demônios da Garoa, além de esportistas e, principalmente, viajantes. Não foi tão sofisticado como o Copacabana Palace. Tampouco igual ao Hotel de Bourgne, da Itália ou o Hotel de Ville de Paris, o Imperial de Tóquio… Era modesto, mas de grande alma, onde, com muita alegria, alugavam-se quartos ou apartamentos, com substanciais refeições. O sempre lembrado Hotel São Paulo, que deixou de funcionar há décadas, mas que foi referência da Itapetininga de antanho é sempre recordado com imensa saudade.
Onde hoje funciona a agência do Banco do Brasil, erguia-se o prédio de várias janelas, dois pavimentos e que se estendia da rua Júlio Prestes até a confluência da Saldanha Marinho, o então Hotel São Paulo, uma homenagem ao Estado que acolheu o seu fundador, o português Agostinho Leandro Ferreira Jardim. Esse, provindo da llha da Madeira, Funchal, aportou em Boituva e, após se casar com “uma linda morena de olhos verdes”, Etelvina, instalou o primeiro hotel naquela cidade. Em Itapetininga, chegou com a esposa, esperançoso com a nova localidade que adotou como “pátria e cidade mãe”, pretendendo continuar no ramo hoteleiro. Isto em 1925.
Na mesma Saldanha Marinho onde, atualmente, existe o Hotel Itapetininga, Agostinho abriu o “Hotel Roma”, adquirido, posteriormente, por Saladino de Almeida e, depois, por Armando Rindi, genro de Saladino e cunhado de Ari (Codorna) de Almeida. Foram aproximadamente quinze anos nessa atividade, transferindo a responsabilidade do hotel para um de seus filhos: Antero, que foi casado com Alice Rolim Leandro. Por pouco tempo permaneceram com o estabelecimento, passando a firma para Romeu Pandolto, – na época, um garçom do próprio “São Paulo”. O “doce e agradável italiano da melódica Roma”, como sempre gostava de proclamar o saudoso professor Belizandro Barbosa, transformou o estabelecimento num verdadeiro prolongamento do lar de cada um que lá se instalasse. Não havia diferenciação alguma entre viajantes que faziam de Itapetininga o local central para as incursões que realizavam em cidades vizinhas vendendo seus produtos, estudantes, funcionários que trabalhavam na cidade e outros, optando em viver como se estivessem em sua própria residência.
Atencioso e gentil para com todos, servindo com carinho e chamando os mais novos de “filhos”, Romeu Pandolfo e sua esposa, Dona Madalena, ofereciam as melhores refeições, preparadas com produtos de alta qualidade e, inclusive, provando antes a alimentação que seria servida, tanto no almoço como no jantar. Sem se importar coma condição financeira do hóspede, Romeu fazia questão absoluta de proporcionar atendimento dos mais perfeitos. “Seu hotel assemelhava-se a um lar onde o pai zelava pelos filhos”, lembra José Pires, Germano, aposentado como inspetor da companhia Gessy Lever e um hóspede constante do São Paulo.
Quase todos os eventos importantes realizavam-se naquele estabelecimento: reuniões semanais ordinárias ou festivas tanto do Rotary como do Lions, jantares comemorativos de formaturas ou destinados a políticos, almoços de confraternizações e seminários de palestras. Destacava-se, no entanto, as célebres homenagens ao “Dia do Viajante”, levadas a efeito, anualmente, em cada primeiro de outubro. Tornava-se uma data especial para o proprietário do hotel, tal o alvoroço que provocava. O cardápio, um dos mais suculentos, era servido gratuitamente a todos os hóspedes, além dos convidados como juízes, delegados de polícia, autoridades de ensino e, notadamente, os amigos de Romeu como Abrahão Isaac (encarregado dos convites), Belizandro Barbosa, Daher Charnie, Calil Yared e o jornalista Galvão Júnior.
De coração extremamente ente bondoso e sensível aos dramas dos necessitados, Romeu oferecia aos carentes “pratos de comida”, todos os dias, após o almoço. Todos aguardavam, em fila, no portão existente na rua Saldanha Marinho, o alimento que os fortalecia para a vida. Na época, além do Hotel São Paulo, funcionavam o ltapetininga Hotel, Hotel Central e as denominadas pensões como a “de seu Batistinha”, na Silva Jardim, a da Matriz, a Paca, no Largo do Rosário a Santa Terezinha, no Largo dos Amores, a São João, na Alfredo Maia, a Santo Antônio, próxima à Santa Casa e a Pensão do Florentino, na rua Quintino Bocaiúva.

Heil Abuazar, conforme Alberto Isaac.


O enigmático homem que passa



Foto - Acervo Souza Filho
porAlberto Isaac
07/10/2022 00:45
Nesses dias, numa dessas plataformas de TV, eu assistia a um velho filme que havia visto no antigo cine Ideal (Olana), era o “Homem que passa”. Naquele momento lembrei-me de um saudoso amigo.
Entre as décadas de 1950 e 1980, um passado já um tanto distante, muita gente observava, curiosa, a figura de um senhor, muito bem apessoado, que andava pelo centro de Itapetininga, visitava as bibliotecas – tanto a do Venâncio Ayres ,quanto a municipal- frequentava as livrarias, os estabelecimentos comerciais de seus amigos e especialmente dos “patrícios”, pois falava fluentemente a língua árabe. 
Um senhor de estatura média, tez clara, olhar profundo, sempre vestindo um terno preto impecável e um cigarro aceso entre os dedos já amarelados. 
Enigmático, parecia solitário e pensativo. Cumprimentava a todos os transeuntes curvando a cabeça com todo respeito. Parecia personagem de um filme neorrealista italiano.
Tratava-se de Heil Abuazar. 
Filho de imigrantes libaneses, cujo pai, seguindo as tradições, era um caixeiro viajante, Heil , formado em Direito pela Universidade Mackenzie, professor, gramático, filósofo, de uma notável cultura jurídica e geral. Um tribuno de impressionante eloquência, orador dos mais brilhantes . 
Respeitado escritor de estilo admirável, fez parte da União Brasileira de Escritores. Durante algum tempo, foi correspondente dos jornais Diário e Correio Paulistanos, além de colaborar nos jornais locais.
Uma de suas atuações intensas foi quando nossa cidade iria receber o Instituto Penal Agrícola, substituindo a antiga Escola Agrícola no bairro do Capão Alto, quando em um ato de protesto contra a instalação do presídio, Heil subiu no palco instalado no Largo dos Amores e discursou veementemente pela causa. Foi ovacionado com muito entusiasmo, diante de suas considerações.
Professor Heil Abuazar, nem sempre lembrado, é um ícone da cultura de nossa Itapetininga e região, deixou uma extensa obra literária, onde três de seus livros são os mais procurados e importantes l, “Um adeus em Cada Esquina” ; “Num Distante País” e “A última Lição”. 
Ambos falam de memória, de afetividade, de encontros e espedidas.
Que seu legado seja resgatado nos meios culturais e artísticos da cidade. Deixou filhos e netos.

Texto publicado originalmente em 2014.

CRÔNICA DE ALBERTO ISAAC:


Largo da Santa Casa: testemunha de alegrias e tristezas.


Foto - Antônio Arthur de Castro Rodrigues
porAlberto Isaac
11/11/2022 00:45

Ele nunca foi, especialmente pela sua localização, em frente ao hospital da cidade, durante toda sua existência, um largo comum, rodeado de edifícios que constituem pulmões da vida urbana, seja para serviços religiosos ou reuniões políticas, para o comércio varejista ou para festas populares. Ao contrário dos tradicionais “Largo dos Amores” ou “Largo da Matriz”, onde proliferava movimentação comercial e bancária, comícios políticos, além dos passeios realizados quase todas as noites por famílias e jovens, a Praça Siqueira Campos, ou simplesmente Largo da Santa Casa, jamais teve o brilho dos grandes espaços destinados ao lazer da população. Exceção, décadas atrás, onde situavam os estabelecimentos de Júlio Reis, construtor, que mantinha uma serraria sob os cuidados de seu filho Luiz Reis (Bizo), Tonico Mariano, uma serralheria, dedicando-se também a fabricação e consertos de carroções; o Senhor Francisco Muller, serralheiro e Silas Cardoso, com armazém de secos e molhados, na esquina com a São Vicente de Paula. Em torno do Largo erguiam-se boas residências, mas sem grandes ostentações luxuosas.
Foi neste Largo da Santa Casa, onde existiram a casa rosada pertencente aos familiares do professor Paulo Larizatti e o casarão de propriedade dos descendentes dos Cauchiolli, que se destacou o profissional da fabricação de calçado artesanal e jogador da AAI (Associação Atlética de Itapetininga), João Cauchiolli.
Foi também, nesse local que tristezas cobriram de lágrimas diversos clãs que viram parentes e amigos não sobreviverem após tratamento no hospital em frente, assim como, nos mesmos bancos implantados no largo, foram, igualmente, centenas de pessoas que sorriram franca e lealmente diante de enfermos que se curaram das doenças acometidas.
Campo de futebol, zoológico e praça – Antes de ser transformada em praça pela Prefeitura, em meados de 1930, a área foi ocupada, entre 1915 e 1929, pelo Sorocabana Futebol Clube, entidade recém fundada – que viria se tomar, em 1945, o tradicional Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (CASI).
Na administração do prefeito José Ozi, que atuou de 1960 a 1963, foi criado, dentro da praça, o Zoológico Municipal de Itapetininga, onde foram expostos e criados diversas espécimes de animais, dentre eles símios dos mais exóticos. O local, que era visitado por escolares, famílias e interessados, por razões que não foram esclarecidas, foi fechado e, nenhum dos prefeitos seguintes se “motivaram para o assunto”, como lamenta o ferroviário Canarinho, um dos frequentadores do recanto.
A movimentação do Largo da Santa Casa, antes sem qualquer urbanização e apenas frondosas árvores, servia de abrigo para caminhões que se deslocavam para o sul do país, porquanto, na época, a Rua Prudente de Moraes “era o caminho natural” para a Raposo Tavares, não existindo a BR 116, que liga o norte ao sul do Brasil. Em decorrência, logo depois surgiram pousadas, os restaurantes “Fecha Nunca” a ainda atual e famosa Churrascaria Sacy, onde se vê na parede o mapa da rodovia Raposo.
Em função da Santa Casa de Misericórdia e, posteriormente, a construção e funcionamento do Hospital Regional – na iminência de ser ampliado – ao redor da praça instalaram-se clínicas médicas das mais diversas variedades, laboratório, funerária, farmácia e comércio de produtos ortopédico e hospitalares, passando a se chamar, segundo um aposentado e morador da área há anos de “o Largo da Saúde”.


NOVA GESTÃO DO "ORSI BERNARDES"


Com investimento de R$18 milhões, Enkyo assume o HLOB



A previsão da conclusão das obras é de 18 meses, mas foram iniciadas desde o início do primeiro contrato com a Enkyo. Foto - Reprodução/Divulgação
CIDADEporRedação
18/11/2022 00:59
Fonte: Prefeitura de Itapetininga

Em contrato inédito, o prefeito de Itapetininga, Jeferson Brun, anunciou que o Hospital Municipal “Dr. Léo Orsi Bernandes” (HLOB) terá investimento de R$ 18 milhões do setor privado. Com o valor, será possível reformar as estruturas e ampliar o número de leitos em quase 40%, que passará de 112 para 154 leitos. 
As informações foram transmitidas no último dia 11, quando a administração assinou o contrato com a atual gestora, a Beneficência Nipo-Brasileira de São Paulo – Enkyo, por cinco anos.
“Irá nascer um novo hospital. É o primeiro contrato do gênero que há investimento privado em uma unidade de saúde pública. Deixará de ser um labirinto que é hoje para atender de forma mais adequada. A unidade se tornará mais moderna e com o atendimento mais humanizado”, afirmou o prefeito. 
A previsão da conclusão das obras é de 18 meses, mas foram iniciadas desde o início do primeiro contrato com a Enkyo.
O 1º diretor-executivo da Enkyo e do HLOB, Helio Keichi Mori, afirmou, durante a coletiva de imprensa, que na ocasião, seria assinado o contrato, em definitivo, de 5 anos de gestão. 
No primeiro, de 120 dias, temporário, foi possível trazer melhorias. 
“Agora, avançaremos ainda mais no atendimento, nas especialidades e em diversas áreas. A cidade contará com o nosso trabalho”, afirmou o diretor.
Já o diretor-presidente da Beneficência Nipo-Brasileira, Paulo Seichiti Saita, considerou o dia um momento histórico para saúde pública da cidade. “A nossa instituição Enkyo sempre focou a questão social e desenvolve trabalhos na área da saúde em São Paulo, São Miguel Arcanjo e, agora, em definitivo em Itapetininga. A população ganhará um trabalho sério”, frisou o presidente.

Reforma
Na planilha apresentada para imprensa, o prefeito Jeferson Brun apresentou uma ampla reforma que trará comodidade aos usuários e novas áreas de atendimento. Entre os destaques estão os quartos de internação, com investimento de R$ 1,3 milhão. Serão realizadas obras de ampliação na área de espera e de emergência do Pronto Socorro com aplicação de R$ 1,7 milhão. Novos equipamentos hospitalares alcançarão R$ 8,73 milhões.
Também serão criados três novos setores: Ala de Medicação, de Exames, de Observação Mista, que receberão quase R$ 1,5 milhão. O destaque, segundo prefeito, é que serão atendidos em pontos mais tranquilos. Outra novidade é que surgirá a Nova Ala de Psiquiatria. A Recepção e o Centro Cirúrgico e Obstétrico da Maternidade também estão incluídos no plano de obras de melhorias.
Estavam presentes também, Jun Suzaki – 1º Diretor Vice-Presidente da Beneficência Nipo-Brasileira, Shuji Nishikawa – Diretor da Beneficência Nipo-Brasileira, Agostinho Isao Ito – Membro da Comissão Administrativa do Hospital Doutor Léo Orsi Bernardes, Diogo Yoshi Oi – Membro da Comissão Administrativa do Hospital Doutor Léo Orsi Bernardes, Marcelino Maezono – Secretário Geral da Beneficência Nipo-Brasileira, Dr. Jackson Diego Maia Soares – Diretor Técnico do HLOB, Rosaldo de Proença Pereira – Administrador Hospitalar do HLOB e a secretária de Saúde de Itapetininga, Solange Dionízia de Barros Oliveira.

Investimentos:
Recepção da Internação – 200m² – R$ 300 mil
Quartos de internação – 300² – R$ 1,3 milhão
UTI 2 e Novo Centro Cirúrgico – 1.200m² – R$ 366,1 mil
Recepção de Maternidade – 170 m² – R$ 450 mil
Centro Cirúrgico e Obstétrico – 235m² – R$ 200 mil
Recepção do Casarão – 45m² – R$ 150 mil
Telhado do Casarão – 1.450m² – R$ 390,2
Telhado da Cozinha – 300m² – R$ 112,8 mil
Auditório/NEP – 175 m² – R$ 260 mil
Nova Ala de Psiquiatria – 115 m² – R$ 280 mil
Telhado do Pronto Socorro – 200 m² – R$ 47,2 mil
Ampliação da Espera do Pronto Socorro – 230 m² – R$ 375 mil
Ampliação da Emergência do Pronto Socorro – 365m² – R$ 1,4 milhão
Novo Necrotério – R$ 127,1 mil
Novo Abrigo de Resíduos – R$ 90 mil
Nova Ala de Medicação – 175 m² – R$ 520 mil
Nova Ala de Exames – 320 m² – R$ 800 mil
Nova Observação Mista – 42 m² – R$ 160 mil
Novas Instalações Elétricas do Pronto Socorro – R$ 96,3 mil
Movéis Planejados – R$ 70,4 mil
Novas Tecnologias – R$ 203 mil
Vestiário Central dos Funcionários – R$ 200 mil
Pintura Externa Geral – R$ 285 mil
Equipamentos/Enxoval – R$ 653,1 mil
Estrut. Processamento de Roupas – R$ 36,6 mil
Equipamentos hospitalares – R$ 8,73 milhões
Mobiliário Novo Centro Cirúrgico e CME – R$ 433 mil.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

QUEM FOI ORACY NOGUEIRA?

 

Oracy Nogueira - Integração, Ascensão & Preconceito de Marca
Giuliane de Alencar & Ubiracy de Souza Braga
“Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos haverá guerra”. Bob Marley



Oracy Nogueira nasceu em Cunha em 17 de novembro de 1917, onde viveu até os dez anos de idade. A família se muda para Catanduva em 1928, e logo para Botucatu em 1931/32, onde Oracy completa o ginásio. 
Em 1932, com quatorze anos, participa como membro voluntário da Revolução Constitucionalista de São Paulo.
Em 1933/34, trabalha como repórter e redator no jornal Correio de Botucatu, filia-se então ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual permaneceria vinculado até meados dos anos 1960. 
Ingressa em 1940, no curso de bacharelado da Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP), em São Paulo, como estudante-bolsista de Donald Pierson, e lá conhece Lisette Toledo Ribeiro que viria a tornar-se sua esposa, colaboradora e mãe de seus quatro filhos. 
Donald Pierson era professor de Sociologia e Antropologia, obtivera seu doutoramento em Chicago, sob a orientação de Robert Ezra Park. Pierson passou dezesseis anos em São Paulo como docente, e na opinião de Oracy, representou um “verdadeiro diretor acadêmico da ELSP”. 
Na Escola, Oracy Nogueira foi aluno de Radcliffe-Brown, Herbert Baldus, Sérgio Milliet e Emilio Willems, entre outros de sua geração, permanecendo estreitamente vinculado à instituição e a Donald Pierson, até o ano do retorno deste aos Estados Unidos da América (EUA) em torno do ano de 1952.
Em 1942, Oracy conclui o bacharelado. 
Em 1945, o mestrado com a dissertação “Vozes de Campos de Jordão. Experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo”, publicada em 1950. 
Ainda em 1945, por meio de um convênio firmado entre a Escola Livre de Sociologia e Política - ELSP e a Universidade de Chicago viaja para os Estados Unidos da América (EUA) para a realização do doutoramento naquela Universidade. Lá permanece sob a orientação de Everett Hughes, cumprindo créditos nos Departamentos de Sociologia e de Antropologia até 1947, tendo sido aluno de W. L. Warner, Robert Redfield, Louis Wirth, o próprio Hughes, entre outros. 
Retorna ao Brasil para redação da tese, que, entretanto não chega a ser defendida: sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro, em 1952, em pleno macarthismo, seu visto para retorno aos Estados Unidos é negado. 
Na ELSP, Oracy Nogueira ensina no curso de graduação desde 1943 e, a partir de 1947, no de pós-graduação, desenvolvendo simultaneamente atividades de ensino e pesquisa. Integra também a direção da Revista Sociologia (1948-1958), e também sua colaboração com a Comissão Paulista de Folclore, liderada por Rossini Tavares Lima e sua participação nos debates pontuais e conceituais então travados pelo Movimento Folclórico que abrange uma série de empreendimentos destes intelectuais que almejava, entre outras coisas, “o reconhecimento do folclore como saber científico”. 
Organizados em 1947 na Comissão Nacional de Folclore (CNFL), eles ramificaram o movimento em comissões estaduais, promoveram congressos e viabilizaram a criação, em 1958, da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, órgão executivo ligado ao Ministério da Educação.
Analogamente, também Florestan Fernandes realizou entre 1942 e 1945 vários pequenos levantamentos, como o estudo sobre as manifestações do preconceito de cor em Sorocaba e do culto a João de Camargo; uma análise quantitativa da competição entre profissionais liberais em São Paulo, com base em identificações extraídas dos volumes das “listas telefônicas”; uma sondagem, através de questionários, da população rural de Poá, na qual tive a colaboração de Oswaldo Elias Xidieh; certa participação na pesquisa do prof. Dr. Willems, sobre Cunha, na qual ele se encarregou de estudar determinados aspectos do folclore ou da vida sexual da comunidade, assim como ajudou na coleta de dados antropométricos; uma exploração dos dados quinhentistas sobre os contatos dos Tupi com os brancos, na cidade de São Paulo, uma pesquisa que deveria fazer com o prof. Dr. Donald Pierson mas que interrompemos de modo prematuro, um balanço crítico das contribuições que Gabriel Soares e Hans Staden poderiam dar para o estudo da vida social dos Tupinambá e seus contatos com os brancos. 
E em 1944 iniciara “graças ao empenho e à colaboração desinteressada” de Jamil Safady, uma pesquisa sobre a aculturação de sírios e libaneses em São Paulo. Essa experiência extensiva - afirma o talentoso sociólogo - não diz tudo. A pesquisa de 1941, complementada parcialmente em 1944, como já nos referimos, sobre o folclore, e o levantamento sistemático dos dados conhecidos sobre os índios Tupinambá, iniciado em 1945 e completado em 1946, constituem um marco em sua preparação sociológica.
Queremos dizer com isso que, para Florestan Fernandes no início da década de 1950, o período de formação chegava ao fim e, simultaneamente, revelava os seus frutos maduros. Ele já havia terminado a redação de A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá e dispunha de condições não só para colaborar com Roger Bastide em outra pesquisa complexa que realizaram, posteriormente, sobre a Integração do Negro na Sociedade de Classes (1964), tendo como escopo a cidade de São Paulo. 
Graças à transferência para a Cadeira de Sociologia I, oficializada em 1952 e, em seguida, ao contrato como professor em substituição a Roger Bastide, ele viu-se diante da oportunidade de contar com uma posição institucional para por em prática as concepções que formara a respeito do ensino da sociologia e da investigação etnológica. 
Florestan pretendia implantar e firmar padrões de trabalho que nos permitissem alcançar o nosso modo de pensar sociologicamente e a contribuição à sociologia.
Em 1952, no mesmo ano em que Donald Pierson deixou o Brasil, Oracy Nogueira aceita o convite para coordenar a cadeira de Ciência da Administração na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (USP) e para o Instituto de Administração anexo.
Em 1955, ele se efetiva como técnico do Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, então dirigido por Mário Wagner Vieira da Cunha, que também passara pela ELSP, logo se tornando chefe do Setor de Pesquisas Sociais. 
 Em 1957, vai para o Rio de Janeiro, trabalhar no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do Ministério da Educação, a convite de Darcy Ribeiro, seu ex-aluno na ELSP. 
Nesse contexto, publica: Família e Comunidade: Um Estudo Sociológico de Itapetininga (1962). Resultado de pesquisa de 10 anos (1947-1956), o livro é um clássico na área dos estudos sobre família demonstrando a importância sociológica da organização familiar, uma vez que a história da comunidade se entrelaça com a de certas famílias. 
Oracy volta a São Paulo em 1961, como técnico do Instituto de Administração, desligando-se finalmente da ELSP. Em 1967, defende junto à cadeira de Sociologia II da Faculdade Municipal de Ciências Econômicas e Administrativas de Osasco sua tese de Livre Docência, um estudo também pioneiro: Contribuição ao Estudo das Profissões de Nível Universitário no Estado de São Paulo.
 

O sociólogo e antropólogo Oracy Nogueira compõe uma geração de intelectuais cuja démarche está vinculada ao processo de institucionalização das ciências sociais no Brasil. Mas tornou-se internacionalmente conhecido por um trabalho apresentado no XXXI Congresso Internacional de Americanistas, realizado em São Paulo, em agosto de 1954: “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem - sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil”. O Congresso Internacional de Americanistas é uma atividade cientifica de ampla tradição, que vem celebrando-se, ininterruptamente, desde 1875, data do primeiro congresso na cidade de Nancy, convocado pela Société Américaine de France. Em suas dez primeiras versões, teve o Congresso de Americanistas sedes europeias; sendo o México, em 1895, sua primeira sede norte-americana. 
Desde então se procura alternar o local de celebração, não só quanto aos países, mas também quanto aos continentes, de tal forma que a um congresso realizado na Europa suceda-se outro na América do Norte. Seu trabalho transformou-se, rapidamente, numa referência quase obrigatória para os estudos de relações raciais, servindo também de síntese erudita da dicotomia entre o Brasil e os Estados Unidos, em termos das relações entre brancos e negros. Era o ingrato destino de uma reflexão, que fora apropriada por uma política identitária nacionalista que buscava firmar o caráter democrático e brando das relações raciais, em contraste vis-à-vis com o mundo, notadamente os Estados Unidos da América.
No caso brasileiro, no limite as relações irão desembocar no racismo de cátedra como marca. As três dimensões da atividade acadêmica universitária - ensino, pesquisa e extensão - vêm se tornando dependentes de um processo burocrático incontrolável, submetido a normas e dependências que conduz a distorções com a plena identidade da atividade de pesquisa de Tese de Titular que se desenvolve por ação complementar dos docentes, em ambientes de ensino e de caracterização muito individualizada. Os ambientes de pesquisa que identificam um nível elevado e próprio dessa atividade acadêmica são raros. O departamento é, insofismável e claramente, um órgão estanque, burocrático e corporativo por excelência, organizando-se em núcleos ou laboratórios por meio de projetos específicos, diretamente, com as agências de financiamento públicas.
Nos órgãos públicos o padrão de funcionalidade burocrática tem identidade própria. O sujeito da ação funcional, individual ou coletivamente, é um agente do poder público, tanto na atividade meio como na atividade fim. O poder público é uma instituição representativa da sociedade, em nome da qual exerce uma administração regida por leis, normas, regulamentos e códigos de conduta que devem ser cumpridos. Não raras vezes, no âmbito comportamental, a noção de poder público assume uma indefinição conceitual, carregada de subjetividades à medida de atribuições e responsabilidades. A forma de comportamento dos atores sociais envolvidos na dinâmica burocrática, administrativa e acadêmica, das universidades se reporta, em grande parte, às competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. Os conflitos de competência e desempenho resultam do confronto da autoridade como forma de comportamento não desejada, porém amparada em normas, regras e leis.



Do ponto de vista psicológico a cor preferida remete-nos a um perfil básico das características da personalidade; a segunda cor que dá preferência indica os seus objetivos ou metas básicas na vida. A rejeição ou aversão a uma cor é altamente significativa, pois indica uma necessidade básica insatisfeita, não atendida, na sua personalidade, e que, portanto, gera tensão ou ansiedade. Se você não gosta ou tem aversão ao vermelho, indica que você se sente derrotado e frustrado. Apesar de um “gigantesco” esforço da sua parte, você sente que a vida não tem recompensado a sua luta. Você anseia por paz e segurança, porém por algum motivo não consegue encontrá-las. Você se sente ameaçado pelo ambiente intenso e agressivo que o cerca, porém não encontra saída. Em decorrência, você padece de uma sensação terrível de desamparo. Você deve de começar a usar o vermelho, mesmo que não goste. Com a continuação começará a gostá-lo. É a cor da vitória, por isso, é indicado para os frustrados.
Desde a Antiguidade já era dado ao vermelho atributo de poder, tanto na religião quanto na guerra. O deus Marte, os centuriões romanos e mesmo certos sacerdotes se vestiam nesta cor. Obviamente desde cedo se relacionava o vermelho com o sangue e com o fogo. Desde os princípios do cristianismo, o fogo vermelho era símbolo de vida, e um dos exemplos mais conhecidos dessa simbologia são as línguas de fogo que descem sobre as cabeças dos apóstolos no dia de Pentecostes. O sangue vermelho de Cristo é símbolo de salvação. Mas o vermelho contrariamente também tem outro sentido simbólico: é também a morte, o inferno, as chamas de Satã, a carne impura, os crimes, o pecado e todas as impurezas. Na Roma antiga, também se produzia um tipo de vermelho a partir de uma concha encontrada no Mar Mediterrâneo, a “murex”. Como era uma concha rara, obviamente só eram tingidas com esse pigmento as roupas do imperador e dos chefes de guerra. Mas na Idade Média já não era mais possível encontrar essa concha e os tintureiros descobriram outra fonte para fabricar um belo pigmento vermelho: os ovos de um inseto conhecido como “cochonilha”, que é parasita de muitas árvores e do qual se extrai o “carmim”, uma variante do vermelho.
Contudo, é fácil entendê-lo no âmbito da política, com o golpe de Estado de 17 de abril de 2016 no Brasil, a ideia veiculada por Oracy Nogueira quando o preconceito é de marca. Neste caso, a probabilidade de ascensão social é inversamente proporcional à intensidade das características físicas do indivíduo negro o que disfarça o preconceito de raça pelo preconceito de classe social. Em entrevista ao site “Poder 360”, dirigido por Fernando Rodrigues, editado por Teles Faria, o ex-secretário executivo da comissão de curadoria do palácio do Planalto e Palácio da Alvorada, Claudio Rocha, afirmou que o político Michel Temer (PMDB) e a “dama do golpe” Marcela Temer estão mudando “todo o palácio”, com a exceção da biblioteca e do salão de banquete. – “Tapetes foram substituídos, por uma questão de gosto pessoal, porque não gostam de tapete vermelho, os sofás têm sido substituídos, porque não gostam de sofá preto, ou porque não gostam do sofá cor de telha, apesar de essas cores terem sido escolhidas pela própria Anna Maria Niemeyer e Oscar Niemeyer na década de 1960”. 
Segundo Claudio Rocha, os carpetes vermelhos da rampa de acesso ao Planalto, das escadarias e do elevador foram trocados, sempre a pedido de Marcela Temer. 
As mudanças são comandadas pela chefia de gabinete de Marcela Temer.
– “O problema é que o palácio é um espaço público, é um prédio tombado e não faz nenhum sentido esse tipo de interferência”.
As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas e afetivas diferentes em relação a um mesmo dado problema. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo âmbito social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. A forma como grupos de uma mesma “conexão geracional” lidam com os fatos históricos vividos, por sua geração, fará surgir distintas unidades geracionais no âmbito da mesma conexão geracional no conjunto da sociedade. Karl Mannheim não esconde sua preferência pela abordagem histórico-romântica alemã e destaca ainda que este é um exemplo bastante claro de como a forma de se colocar uma questão pode variar de país para país, assim como de uma época para outra.
Ao invés de associar as gerações a um conceito de tempo externalizado e mecanicista, pautado por um princípio de linearidade, o pensamento histórico-romântico alemão se esforça por buscar no problema geracional uma contraproposta diante da linearidade do fluxo temporal da história. O problema geracional se torna um problema de existência de um tempo interior não mensurável e que só pode ser apreendido qualitativamente. As unidades de geração desenvolvem perspectivas, reações e posições políticas diferentes em relação a um mesmo problema dado. O nascimento em um contexto social idêntico, mas em um período específico, faz surgirem diversidades sociais nas ações dos sujeitos. Outra característica é a adoção ou criação de estilos de vida distintos pelos indivíduos, mesmo vivendo em um mesmo meio social. Em outras palavras: a unidade geracional constitui uma adesão mais concreta em relação àquela estabelecida pela conexão geracional. Estes, de acordo com Mannheim, foram produtos específicos - capazes de produzir mudanças sociais - da colisão entre o tempo biográfico e o tempo histórico. Ao mesmo tempo, as gerações podem ser consideradas o resultado de descontinuidades históricas e, portanto, de mudanças sociais. Em outras palavras: o que forma uma geração não é uma data de nascimento comum - a “demarcação geracional” é algo apenas potencial - mas é a parte do processo histórico que jovens da mesma idade-classe de fato compartilham em vista do vínculo com a geração atual.


Roger Bastide entrevista (1944) com Margarida Izar.

Interessante notar comparativamente que também neste período se dava o importante capítulo brasileiro na vida de Fernand Braudel, iniciado em 1935, quando o historiador aceitou um repentino convite para se incorporar à Missão Francesa que, a partir de 1934, ajudou a fundar e construir a Universidade de São Paulo. Esta permanência no Brasil, que se prolongou por três anos consecutivos, e que se repetirá por sete meses em 1947, foi, contudo, apenas o ponto de partida de uma relação social e uma experiência mais geral que Braudel entabulará com a América Latina, e que absorverá parte considerável de sua atividade intelectual, de 1935 até aproximadamente os anos de 1953. Desse modo, o trabalho como Titular da cátedra de História das Civilizações da Universidade de São Paulo representa pari passu a origem de um interesse que Fernand Braudel desenvolverá com respeito à história social e à civilização latino-americanas. Culminará no fato de que uma parte substancial de sua atividade acadêmica e intelectual, desenvolvida entre 1946 e 1953, terá como parâmetro essa história e vida latino-americanas que, entre os anos de 1935 e 1953 estará voltado para seu interesse mediado em ambos os períodos por um terceiro, cujo centro de gravidade será o tema global de seu Mediterrâneo (cf. Aguirre Rojas, 1986).
Suas inquietações no plano intelectual e metodológico de pesquisa apresentam como fio condutor e boutade o estigma e suas consequências sociais, percebidos a partir de diversos ângulos, mas sua principal temática de investigação é de fato a questão racial. Vale lembrar que autor publicou em sua progênie, “Atitude Desfavorável de Alguns Anunciantes de São Paulo em Relação aos Empregados de Cor” (1942) e “Preconceito de Marca: As Relações Raciais em Itapetininga” (1955) e também “Negro político, político negro”, seu último trabalho. Todos eles versam sobre as distintas formas e condicionamentos sociais sobre os quais de constituem as manifestações de preconceito, aspecto que organiza o entendimento da questão racial brasileira. Após anos de estudos e pesquisas de Oracy Nogueira chegou-se a conclusão que o estilo de racismo à brasileira caracteriza-se pelo “preconceito de marca”. Assim, o preconceito de marca se estabeleceria em relação às aparências. Quando toma por pretexto para as suas manifestações de vida, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gostos, o sotaque, caracterizando a marca. Mas basta a suposição de que o indivíduo descende de grupo étnico, para que supra as consequências do preconceito: diz-se que é de origem. O impacto desses estudos foi assimilado de modo traumático porque havia na ideologia brasileira e na academia, como ambiente cultural, certo compromisso com a tese sociológica da democracia racial. Com os trabalhos de Roger Bastide e Florestan Fernandes, em “Negros e brancos em São Paulo”, é que foi revelada, por trás das relações, a realidade do preconceito racial de par em par com o preconceito de classe e, portanto, o preconceito racial constitutivo da sociabilidade na sociedade brasileira.
Oracy Nogueira compreende que os estudos que tratam da “situação racial” brasileira, no que se refere ao negro (e ao mestiço de negro), podem ser divididos em três correntes: 1) a corrente afro-brasileira, a que deram impulso Nina Rodrigues e Arthur Ramos, e os estudiosos que mais diretamente foram influenciados por ambos; e que, sob a influência de Herskovits, prossegue, sob uma forma renovada, com os trabalhos de René Ribeiro, Roger Bastide e outros, podendo ser caracterizada como aquela corrente que dá ênfase ao estudo do processo de aculturação, preocupada em determinar a contribuição das culturas africanas à formação da cultura brasileira; 2) a dos estudos históricos, em que se procura mostrar como ingressou o negro na sociedade brasileira, a receptividade que encontrou e o destino que nela tem tido, corrente esta de que Gilberto Freyre é o principal representante; e 3) a corrente sociológica que, sem desconhecer a importância das duas perspectivas já mencionada, se orienta no sentido de desvendar o estado atual das relações entre os componentes brancos e de cor (seja qual for o grau de mestiçagem com o negro ou o índio) da população brasileira.
Em termos metodológicos, o estudo de comunidade, instrumento com que a Sociologia nasceu entre nós, largamente influenciada pelos desdobramentos da escola de Chicago, fora enriquecido pela investigação histórica das relações entre brancos e negros durante a escravidão. Em termos interpretativos, porque Nogueira, desafiando as lições de Herbert Blumer e de seu mestre Donald Pierson, teorizava uma forma nova de preconceito racial, presente em sociedades como o Brasil, quando distinguem os dois tipos básicos de preconceito racial: - Considera-se como preconceito racial uma disposição (ou atitude) desfavorável, culturalmente condicionada, em relação aos membros de uma população, aos quais se têm como estigmatizados, seja devido à aparência, seja devido a toda ou parte da ascendência étnica que se lhes atribui ou reconhece. Quando o “preconceito de raça” se exerce em relação à aparência, isto é, quando toma por pretexto para as suas manifestações, os traços físicos do indivíduo, a fisionomia, os gestos, o sotaque, diz-se que é de marca; quando basta a suposição de que o indivíduo descende de certo grupo étnico para que sofra as consequências sociais do preconceito, pois se diz que é de origem histórica e socialmente determinada.
O primeiro aspecto, no plano de análise identifica a distinção entre preconceito de marca (aparência) e preconceito de origem (ascendência), que historicamente tem o intuito de qualificar a situação racial brasileira vis-à-vis aos condicionamentos histórico- raciais na sociedade norte-americana. Tratava-se de estabelecer uma crítica às análises que diferenciavam o preconceito racial brasileiro daquele das demais sociedades (em especial a norte-americana) apenas em termos de intensidade, sem qualificá-lo. Essa abordagem significou o ponto de partida de sua contribuição sociológica ao tema na medida em que o autor, ao analisar o preconceito, além de reconhecê-lo, situa-o como um problema central nos estudos das relações raciais no Brasil. Sua perspectiva acerca da sociedade norte-americana foi desenvolvida durante sua estadia naquele país, posteriormente à passagem de Gilberto Freyre na University of Columbia, entre os anos de 1945 e 1947, na Universidade de Chicago, para a realização do doutorado. Ao longo do texto, ele fornece relatos etnográficos de situações cotidianas que vivenciou nos Estados Unidos e cujo impacto social proporcionou o insight para a criação do quadro teórico-metodológico de referência para compreender a situação racial brasileira. Os Estados Unidos e o Brasil constituem exemplos de dois tipos de “situações raciais”: um em que o preconceito racial é manifesto e insofismável e outro em que o próprio reconhecimento do preconceito tem dado margem a uma controvérsia de não se superar.



O ponto central da reflexão de da sociologia de Oracy Nogueira é a permanência, o desenvolvimento e a especificidade do preconceito racial no Brasil, que ele chama de “preconceito de cor”, ou “preconceito de marca”. Preconceito que facilitou a integração e a ascensão social dos imigrantes europeus e retardou e impediu a ascensão dos negros. Primeiro, porque os brasileiros natos, seja no cotidiano, seja em sua ideologia política ou literária, sempre viram no imigrante branco um elemento de melhoramento ou a ideologia de branqueamento da raça. Segundo, “enquanto a ascensão de descendentes de imigrantes tanto se pode dar com o cruzamento como sem o cruzamento com descendentes de antigos colonizadores portugueses, a ascensão de elementos de cor ou pressupõe ou se faz acompanhar do cruzamento com elementos brancos, seja qual for a origem deles”. Em consequência, cada conquista do negro ou do mulato que logra vencer econômica, profissional ou intelectualmente tende a ser absorvida, em uma ou duas gerações, pelo grupo branco, através do branqueamento progressivo e da progressiva incorporação dos descendentes a esse grupo. O negro, a cada geração, teria, portanto, de começar, de novo, lutando contra o preconceito e sem a solidariedade de um grupo identitário. Sim, porque Oracy confirma o que já se sabia antes dele, e será reafirmado depois: não há, no Brasil, grupo racial qua grupo. A diferença, para Oracy, é que, existindo o grupo para os outros, ainda que não para si, torna-se objeto de discriminação, mas não cria laços de solidariedade que possam fortalecê-lo em sua luta contra o preconceito.
O objeto teorizado por Oracy Nogueira é justamente essa complexa constelação de preconceitos baseados em marcas (1998), afastados de origens geográficas ou culturais, resguardados por ideologias “assimilacionistas”, que impedem o cultivo de diferenças identitárias pelos setores já discriminados. Muitos desses decadentes foram carreados a cargos burocráticos, quando não, a ofícios manuais, considerados menos prestigiosos na localidade. Já as violações ao “intra-casamento” alimentaram as formas em que se dá a miscigenação. Neste caso foram recolhidos casos frequentes de “uniões pré-maritais” – duradouras ou ocasionais – de homens brancos de projeção, com “mulheres de cor”, prática que chegou até as primeiras décadas deste século. Isso, em detrimento da salvaguarda das famílias brancas, que detinham status social superior e concentravam poder econômico e político. Mestiços resultantes dessas uniões (ostentando alguns deles nome de família tradicional), quando instruídos e dotados de traços negroides pouco acentuados, beneficiaram-se desse conjunto de circunstâncias para atingir posto em atividades menos desvalorizadas, podendo até conquistar destaque político.
De qualquer modo, no entanto, o apelo a atitudes e práticas simulatórias, dissimulatórias ou elusivas, correntes na localidade, indicavam o mal-estar provocado por tais fatos sociais, em razão do preconceito aí vigente. Servem de exemplos: o uso de termos imprecisos, como “pardo”, “mestiço” para designações mais embaraçosas; e a dissimulação social em reconhecer o status social como de negros (as), a despeito dos traços étnicos denunciadores, identificados pelo pesquisador, fotografia(s) de pessoa(s) socialmente aceita(s) como integrante(s) do segmento branco. Oracy Nogueira rememora que outro recurso esclarecedor da chamada resistência local às oportunidades, acessíveis a negros e negroides, encontram-se no paralelo entre a efetiva ascensão social no quadro de estrangeiros (principalmente italianos), portadores de conhecimentos técnicos, e a de negros e seus mestiços, mesmo quando, porventura, também portadores desses conhecimentos. A estes últimos o casamento com brancas representou sempre condição indispensável, mas não àqueles outros. Já aposentado o etnólogo ainda escreveria, entre outras coisas, a expressiva Introdução a seu livro Tanto preto quanto branco (1985), que re-edita seus artigos sobre relações raciais e a original biografia Negro político, político negro (1992) que mistura ficção à pesquisa histórica e sociológica na narrativa da trajetória pessoal e política do Dr. Alfredo Casemiro da Rocha, prefeito de Cunha na República Velha, caso singular de ascensão social e política de um homem negro no Brasil recém-saído do regime escravocrata é o objeto de estudo de Oracy Nogueira neste livro, que alia reflexão sociológica a relato biográfico ao analisar a vida desse médico negro que teve intensa atividade política no interior de São Paulo e chegou inclusive a ocupar cadeira de Senador da República.