Inezita Barroso no programa 'Viola, Minha Viola, na TV Cultura: Foto de José Patrício/Estadão Conteúdo.
No site da Academia Paulista de Letras, a biografia da dama da música raiz brasileira:
"Inezita Barroso, nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima (São Paulo, 4 de março de 1925), é uma cantora, atriz, instrumentista, folclorista, professora, doutora Honoris Causa em folclore e arte digital pela Universidade de Lisboa e apresentadora de rádio e televisão brasileira, atuando também em shows, álbuns, cinema, teatro e produzindo espetáculos musicais de renome nacional e internacional.
Adotou o sobrenome Barroso ao se casar, em 1947, aos 22 anos, com o advogado cearense Adolfo Cabral Barroso.
Nascida numa família aristocrática e apaixonada pela cultura e, principalmente, pela música brasileira, Inezita começou a cantar e tocar violão e viola desde pequena, com sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório e aprendeu piano. Formou-se em biblioteconomia pela USP, antes de se tornar cantora profissional, em 1953.
Com o primeiro disco, vieram também os primeiros sucessos: o clássico samba Ronda, de Paulo Vanzolini e a caipiríssima Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres, que se tornou a mais célebre das interpretações.
Ultrapassou a marca de cinquenta anos de carreira e de oitenta discos gravados, entre 78 rpm, vinil e CDs.
Desde 1980, comanda o programa de música caipira Viola, Minha Viola, pela TV Cultura de São Paulo.
Apresentou também no SBT um programa musical, aos domingos pela manhã que levava seu nome.
Inezita Barroso é reconhecida também como atriz de teatro e cinema.
Por onde atuou, ela ganhou prêmios importantes, como o Troféu Roquette Pinto, como Melhor Cantora de rádio; o prêmio Guarani, como melhor cantora em disco, além de ganhar também o Prêmio Saci de cinema.
Em 2003, foi condecorada pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin com a Medalha Ipiranga, recebendo o título de comendadora da música raiz.
Desde a década de 1980, Inezita Barroso ainda arranja um espaço na agenda para dar aulas de folclore.
Atualmente, leciona nas faculdades Unifai e Unicapital, onde recentemente recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore Brasileiro.
As apresentações de Inezita Barroso nos países latino-americanos e africanos tem criado uma nova aura de sucesso para a cantora, indicada para o Grammy sulafricano na categoria de artistas vocais populares internacionais e regionais.
Os concertos de Inezita Barroso em tais países tem gradualmente excedido a audiência de outros artistas nacionais e internacionais com maior exposição midiática, adeptos de música denominada "pop" (abrev. de Popular).
Ao contrário do que o público costuma esperar da artista, Inezita Barroso tem também trabalhado em interpretações de autores mais atuais da MPB, de outras vertentes que não apenas a caipira/sertaneja.
Gravações recentes mostram a cantora interpretando obras de Ella Fitzgerald e outros nomes do jazz tradicional e blues.
No programa "Roda Viva", da Rede Cultura de Televisão, que contou com a presença da cantora como principal entrevistada, em 2004, Inezita Barroso afirmou ser contra a propagação e troca eletrônica de músicas.
Embora concorde que o uso de músicas em formatos digitais em notebooks e dispositivos portáteis (iPod, etc) pode facilitar o acesso dos jovens à cultura, afirmou que participa de manifesto de artistas brasileiros junto às gravadoras pedindo ações que proíbam e fiscalizem de forma mais eficiente a pirataria.
O DJ Ronaldo, músico frequentemente presente na cena eletrônica carioca, perdeu ação judicial contra a gravadora EMI, por ter criado, sem autorização da gravadora detentora dos direitos sobre a composição, uma versão funk da música "Marvada Pinga - Moda da Pinga", principal sucesso de Inezita Barroso.
Ainda assim, a música pode ser facilmente encontrada em sites para download, além de ter se tornado um dos "ring tones" para celulares mais comuns.[carece de fontes]
Com a aproximação do decanato do falecimento do pianista Pedrinho Mattar, seu amigo e colega de composições e interpretações, surge grande expectativa com relação à esperada publicação da obra final deste músico, intitulada "O Portal".
Grupos de entusiastas e admiradores de Mattar, que aguardam ansiosamente pela publicação da obra, afirmam que haveria co-parceria de Inezita Barroso em um dos movimentos da referida composição.
O afamado violoncelista húngaro, naturalizado português, Alfonso Orelli, apresentou trechos da suposta composição, aos quais teria tido acesso durante uma turnê na qual tocou ao lado de Mattar. Dentre tais trechos, Orelli identificou forte influência da música dita "Caipira-Sertaneja" na segunda parte do primeiro movimento. Tem-se atribuído a Inezita Barroso a influência musical sobre esta parte da composição.
Em novembro de 2014, foi eleita para a Academia Paulista de Letras, ocupando o lugar da folclorista Ruth Guimarães, morta em maio.
Em 2010, recebeu o Troféu APCA com o Grande Prêmio da Crítica em MPB. Ainda nesse ano foi declarada Cidadã Bonifaciana da cidade de José Bonifácio".
No final de 2014, aos 89 anos, Inezita Barroso é eleita imortal pela Academia Paulista de Letras de S.Paulo, ocupando a cadeira número 22 que fora de Guilherme de Almeida, Raimundo de Menezes, Odilon Nogueira de Matos e Ruth Guimarães, e que tem como patrono João Monteiro.
Não chegou a tomar posse.
Em dezembro, Inezita esteve em Campos do Jordão, na casa da filha, recuperando-se de uma queda que sofreu ao levantar-se da cama.
No último dia 04, festejou 90 anos já internada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, quando veio a óbito na noite de ontem, devido a uma insuficiência respiratória aguda.
O velório da cantora está sendo realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo desde as 6 horas de hoje, mas logo mais deverá abrir-se ao público.
O sepultamento está previsto para as 17 horas, no Cemitério Gethsêmani, Bairro do Morumbi, Zona Sul da capital.
Inezita deixou somente uma filha, Marta Barroso, mãe das suas três netas, e cinco bisnetos.
Insubstituível Inezita, que apresentou durante 35 anos o programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura.
Marta Barroso, filha de Inezita:
Foto: Letícia Macedo/ G1
Vá em paz, Inezita!
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