Morre na capital paulista, aos 92 anos, Paulo Egydio Martins, governador de SP durante o regime militar.
Por Redação Ucho.Info/12 de fevereiro de 2021.
Ex-governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins (PSDB) morreu nesta sexta-feira (12), aos 92 anos, na capital paulista.
A causa da morte não foi divulgada até o momento.
À frente do mais importante estado da federação entre 1975 e 1979, Paulo Egydio, aliado do então presidente Ernesto Geisel, o penúltimo da ditadura militar, foi um destacado opositor da chamada “linha dura” do regime genocida dos generais.
Nesse cenário de pontos e contrapontos, Martins enfrentou a pior crise como governador por ocasião da morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi, em 25 de outubro de 1975.
Durante depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em 2013, o ex-governador disse que o crime – perseguições, torturas e mortes – fazia parte de um plano para endurecer ainda mais o regime que emoldurou a mais negra página da história brasileira.
“Queriam um regime mais forte, mais violento”, disse Paulo Egydio à época.
Paulo Egydio se opôs ao plano do general Ednardo Dávila Melo, comandante do 2º Exército, de “aprofundar” o combate aos que tentavam “subverter” o regime.
Em janeiro de 1976, o então governador foi o primeiro a informar o presidente Geisel sobre o assassinato do operário Manuel Fiel Filho.
O crime levou à exoneração do general Ednardo do seu posto.
Durante sua passagem pelo Palácio dos Bandeirantes, São Paulo acompanhou a inauguração das principais obras do estado, como as rodovias Imigrantes e dos Bandeirantes.
Também em 1976, Paulo Egydio assinou acordo com o outrora Ministério da Aeronáutica que resultaria, anos depois, na construção do Aeroporto Internacional de Guarulhos, mais tarde batizado como Aeroporto Governador André Franco Montoro.
Na área da saúde, Martins construiu o prédio dos ambulatórios, o Instituto do Coração (Incor) e o Instituto da Criança (ICr), todos no complexo do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Também inauguro o Hospital Universitário da USP e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
A Unesp (Universidade Estadual Paulista), uma das quatro universidades públicas mantidas pelo estado de São Paulo – ao lado de USP, Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) – também é fruto da gestão de Paulo Egydio.
Construiu a Rodoviária de São Carlos, que leva o seu nome, a rodovia que liga a Rodovia Dutra a Campos do Jordão e o Auditório Claudio Santoro (Campos de Jordão).
Paulo Egydio foi um dos grandes acionistas do finado Banco do Comércio e Indústria de São Paulo (Comind) e integrou a equipe ministerial do então presidente general Humberto de Alencar Castello Branco, na ditadura militar.
Durante sua gestão como governador, Martins teve como vice o grande jurista Manoel Gonçalves Ferreira Filho, professor titular da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP).
Paulo Egydio não conseguiu emplacar o ex-prefeito de São Paulo e banqueiro Olavo Setúbal – à época um dos grandes acionistas do Banco Itaú (hoje Itaú Unibanco) – como seu sucessor no governo paulista, entregando o comando do estado, em março de 1979, a Paulo Salim Maluf.
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