sexta-feira, 28 de maio de 2021

DIA DE AGRADECER

 


iza Válio
Entre os escritos do meu saudoso pai, vejo lá umas linhas sobre o senhor Isaltino Leme Pinheiro, também saudoso, que possui hoje, merecidamente, uma praça com seu nome lá no Bairro de Santa Cruz, em São Miguel Arcanjo.
Conta meu pai que esse senhorzinho viera morar na cidade depois de nascer e viveu até os cinquenta anos nesse bairro afastado, onde era tudo.
Tocava violão, rezava missa, fazia barba, pintava quadros e tinha como principal ofício pegar cobras.
Eram cobras das mais perigosas, das mais peçonhentas, das mais diversas qualidades, as quais eram por ele levadas ao Instituto Butantan, em São Paulo.
Se um dia ele se atrevesse a contar quantas cobras havia recolhido em São Miguel Arcanjo, em todo o tempo de vida que ocupou-se nesse mister, seria impossível, assim como impossível seria quantificar as pessoas curadas pelas picadas delas através do soro anti-ofídico feito pelo Instituto e também graças ao trabalho incansável desse são-miguelense.
Era um acontecimento bastante comum as pessoas serem picadas por cobras naquela época em que as florestas eram mais virgens e mais densas e traiçoeiras do que hoje.
Por isso, quero aproveitar o dia de hoje para agradecer - in memoriam - ao senhor Isaltino, que conheci quando era mais jovem, gente muito querida por meus pais, lá em casa no Sítio Bom Retiro onde morávamos. Foi antes dele passar a residir em definitivo no Bairro Santa Cruz e tornar-se uma personalidade ímpar.
De suas façanhas, só soube mesmo depois que voltei da cidade grande aonde fiz minha vida e me aposentei.
Na falta dele, vou aqui agradecendo aos filhos Ari, Orlando e Elena, gente muito culta e educada, hoje meus amigos no face.
Nunca mais eu soube de alguém que se interessasse em caçar cobras para levar ao Butantan.
Mas se alguém souber, me conte a história.
OBRIGADA, ISALTINO LEME PINHEIRO!

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