terça-feira, 15 de março de 2022

O QUE VOCÊ FOI FAZER NO MATO, MARIA CHIQUINHA?

 

É mais importante saber o que Carlos Bolsonaro foi fazer na Rússia do que quem pagou suas despesas
Por Redação Ucho.Info
14 de março de 2022



A Presidência da República informou nesta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República, não gerou custos para o governo federal ao participar da comitiva presidencial que viajou para a Rússia em fevereiro.
O governo destacou não haver qualquer ato de Jair Bolsonaro relacionado à viagem a Moscou que deva ser investigado, sendo que “todas as manifestações e atitudes do presidente da República se pautaram em critérios éticos e legais regulares”.
Contudo, nos documentos o governo federal não esclarece de que formam foram custeadas as despesas de transporte, hospedagem e consumo de Carlos Bolsonaro enquanto integrante da comitiva presidencial. O material também não informa a agenda de compromissos de Carlos, que havia sido solicitada pelo Supremo.
Há nesse episódio dois pontos que merecem atenção por parte das autoridades. O primeiro deles é que os cartões corporativos da Presidência permitem saque em dinheiro e todas as transações estão protegidas por sigilo, pelo menos até que o Brasil tenha um presidente que decida acabar com esse privilégio. Imaginar que Carlos Bolsonaro viajou a Moscou com dinheiro do próprio bolso é no mínimo sinal de inocência.
O segundo ponto, certamente o mais importante, é saber o que o filho “02” do presidente Jair Bolsonaro foi fazer na Rússia, juntamente com Tércio Arnaud Tomaz, conhecido integrante do chamado “gabinete do ódio”.
É necessário ressaltar que a Rússia é acusada de interferir nas eleições americanas que permitiram ao bufão Donald Trump ocupar a Casa Branca por quatro anos. E não causaria espanto se a ida de Carlos Bolsonaro a Moscou teve por objetivo estreitar relações com a banda podre do governo Putin para repetir a dose nas eleições de outubro próximo.
O STF tentou durante semanas a fio, sem sucesso, notificar representantes do Telegram no Brasil no âmbito do inquérito que investiga a existência de milícias digitais a serviço do governo de Jair Bolsonaro. Depois de o Supremo acenar com a possibilidade de tirar o aplicativo do ar, o Telegram baniu ao menos três contas relacionadas ao blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que encontra-se foragido nos Estados Unidos, de onde continua atacando os integrantes da Corte.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, fixou prazo de cinco dias para que o Ministério da Jsutiça explique as providências tomadas em relação ao pedido de extradição de Allan dos Santos, cujo nome foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol.
A ordem de Moraes é para o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, que terá de detalhar as medidas adotadas para garantir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em outubro do ano passado contra o blogueiro.
Resumindo, sabe-se que o suado dinheiro do contribuinte foi utilizado para bancar a viagem de Carlos Bolsonaro a Moscou, mas é preciso saber o que o filho do presidente da República foi fazer na terra dos antigos czares. Afinal, o “02” será novamente responsável pela coordenação da campanha do pai nas redes sociais.

Sobre o Telegram e seus criadores
O aplicativo de mensagens Telegram, “playground” cibernético onde a extrema direita brasileira dissemina informações falsas de todos os naipes, pertence a dois irmãos russos – Nikolai e Pavel Durov –, apesar de atualmente a empresa estar sediada em Dubai. Além disso, Pavel é o criador da Vkontakte, conhecida como “VK”, a maior rede social da Rússia.
Não se pode ignorar o fato de que 12% da “VK” pertencem 1ao conglomerado “Mail.ru”, que nasceu como um serviço de e-mail russo. Pavel foi obrigado a vender parte da empresa por US$ 300 milhões em 2013, após pressões do governo russo. Isso porque a “VK” tornou-se à época na principal ferramenta dos opositores de Vladimir Putin, que buscava a reeleição.
Em 2014, na esteira da crise da anexação da Crimeia, Pavel Durov renunciou ao cargo de CEO da empresa e deixou a Rússia alegando que pessoas ligadas a Putin assumiram o controle da “VK”. Em entrevista ao site especializado TechCrunch, Pavel afirmou que estava fora da Rússia, “sem planos de voltar”. “Infelizmente, o país é incompatível com empresas de internet no momento”, concluiu.

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