Intrépido e revolucionário, Zé Celso Martinez Corrêa, criador do Teatro Oficina, morre aos 86 anos em SP.
Por Redação Ucho.Info/06 de julho de 2023
O dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa, expoente das artes cênicas, criador do Teatro Oficina e conhecido simplesmente como Zé Celso, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos.
Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, após ter 53% de seu corpo afetado por queimaduras causadas por incêndio em seu apartamento.
O Teatro Oficina se despediu de Zé Celso por meio das redes sociais: “Tudo é tempo e contra-tempo! E o tempo é eterno. Eu sou uma forma vitoriosa do tempo. Nossa fênix acaba de partir pra morada do sol. Amor de muito. Amor sempre”, escreveu no Twitter.
Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, em 1937, Zé Celso iniciou sua carreira nos anos 1950 e, na década seguinte, integrou o grupo fundador do Teatro Oficina, considerada a maior e uma das mais longevas companhias de teatro em atividade permanente do Brasil.
“Nós chamamos o nosso teatro de Oficina e escolhemos como símbolo a bigorna, porque isso significava trabalho e se pretendia ligar o trabalho teatral a qualquer outro, colocando o ator como um operário, como um simples proletário, para desmistificar certa ideia de que o teatro é uma coisa mítica, dependendo de dom, vocação e até mesmo de um apelo religioso”, definiu o próprio Zé Celso.
Ao longo de mais de seis décadas dedicadas às artes cênicas, ele escreveu, dirigiu e atuou em peças como Os Sertões, Roda Viva e O Rei da Vela, de Oswald de Andrade.
“Defensor de um teatro antropofágico, o dramaturgo conduziu sua carreira no teatro valorizando sempre os conceitos da inovação, da transgressão, da subversão e da experimentação”, escreveu o Instituto Itaú Cultural por ocasião do 80º aniversário do artista, em 2017.
Políticos e artistas lamentam a morte
Por meio do Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte “de um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro”.
“José Celso Martinez Correa, ou Zé Celso, como sempre foi chamado carinhosamente, foi por toda a sua vida um artista que buscou a inovação e a renovação do teatro”, escreveu Lula. “Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura. Transformou o Teatro Oficina em São Paulo em um espaço vivo de formação de novos artistas. Deixa um imenso legado na dramaturgia brasileira e na cultura nacional.”
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou o impacto causado pelo dramaturgo e pelo Teatro Oficina: “José Celso Martinez escreveu uma rica história pessoal e para o Brasil. Irreverente, provocativo e dono de uma enorme capacidade inventiva, Zé Celso tornou o Teatro Oficina um patrimônio da cultura brasileira e um celeiro de talentos para nossos palcos.”
O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil escreveu: “Zé Celso marcou a história do Brasil e seu legado será eterno! Nossos sentimentos a familiares, amigos e admiradores.”
O cineasta Kleber Mendonça Filho se manifestou sobre o legado de Zé Celso para a cultura brasileira como um todo: “Eu não sou do Teatro, mas meus filmes foram todos impactados de alguma forma por Zé Celso, com a energia de atrizes e atores, da arte e pitacos amigos de roteiro, um senso de direção e visão sobre o Brasil. Esse é o significado de um real impacto na Cultura. Obrigado Zé Celso.”
Em entrevista à GloboNews, a atriz Irene Ravache lamentou a morte do “gigante, revolucionário, iluminado” Zé Celso.
(Com agências de notícias)
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