Há uns 1.500 anos, quando o califa Omar conquistou o Egito, onde havia a notável Biblioteca de Alexandria, decidiu destruí-la: “Se os livros estiverem de acordo com o Corão, são inúteis. Se estiverem em desacordo, são nocivos”.
Os livros foram distribuídos aos balneários, e usados como combustível para aquecer a água.
Agora, um milênio e meio depois, o Egito tenta restaurar a Biblioteca de Alexandria, símbolo eterno de sua cultura.
O nazismo lutou contra os livros, os comunistas soviéticos proibiram boa parte dos livros, Mao Tsé-tung fez o que pôde para evitar o contágio de novas ideias.
Só eles?
Não: Paulo Guedes, o Imposto Ipiranga, também propõe que os livros tenham fim.
Em sua reforma tributária, os livros, hoje isentos de impostos, passarão a pagar 12% – o Governo ganhará mais que os autores, mais que os industriais gráficos, mais que os comerciantes, e sem se dar ao trabalho de gerar uma só ideia, um só emprego.
Guedes deveria gostar de livros, já que fez uma boa Universidade americana, a de Chicago, e se gabou de ter lido toda a obra de Keynes no original, e três vezes.
Talvez tenha de ler a quarta para ver se entende: tanto Keynes quanto Milton Friedman, guru de Guedes, embora defendam ideias diferentes, são defensores dos livros.
Carlos Brickmann, jornalista e consultor de comunicação.
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