sábado, 10 de julho de 2021

SE CAGA-SE É PORQUE JÁ ESTÁ CAGADO!

 

Bolsonaro evita falar sobre acusação contra Ricardo Barros e decide desafiar o nada confiável Centrão
Por Redação Ucho.Info/09 de julho de 2021



Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a carta enviada pela direção da CPI da Covid ao presidente Jair Bolsonaro, solicitando resposta à denúncia feita pelo deputado federal Luís Cláudio Miranda (DEM-DF) sobre corrupção em negociações para a aquisição de vacinas contra Covid-19, mostrou-se inócua, pois o silêncio do chefe do Executivo é esclarecedor. 
Em suma, não há o que responder.
No documento, os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL) – presidente, vice-presidente e relator da CPI da Covid, respectivamente – mencionaram a situação do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, cujo nome foi citado por Bolsonaro como responsável pelo “rolo”.
Nesta quinta-feira (8), durante transmissão ao vivo pela internet, o presidente decidiu tratar da carta enviada pelos senadores e, usando palavras de baixo calão, disse: “Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI, não vou responder nada!”.
Que Bolsonaro é um incompetente movido pela delinquência intelectual todo brasileiro coerente já sabe, mas o despreparo político do presidente transcende os limites do aceitável. 
O que aponta cada vez mais na direção do avanço do totalitarismo.
Temendo a possibilidade de ter sido gravado por Luís Cláudio Miranda e por seu irmão Luís Ricardo (servidor do Ministério da Saúde) durante reunião no Palácio da Alvorada, em 20 de março passado, quando foi alertado sobre esquema de corrupção na órbita das vacinas, Bolsonaro mantem-se calado e “atira ao mar” o líder do governo, Ricardo Barros, que está longe de ser a freira do convento mais próximo.
Ao abandonar o líder do governo para, supostamente alvar a própria pele, Bolsonaro despreza os efeitos colaterais de sua decisão. 
Barros é um dos próceres do Centrão, bloco parlamentar que “vende” apoio ao governo no Congresso Nacional. 
Essa decisão pode custar muito caro ao presidente da República, cuja reprovação é de 51%, segundo pesquisa Datafolha.
No Brasil adotou-se a tese do presidencialismo de coalizão para justificar a licença para políticos aliados avançarem sobre o dinheiro público, ou seja, para chafurdarem na lama da corrupção. 
Essa permissão (sic) tem prazo de validade e está sempre a depender do cálculo político do momento.
Em 2022, muitos desses profissionais da política que integram o Centrão buscarão a reeleição ou tentarão conquistar outros mandatos eletivos. 
Isso significa que apoiar um governante com alto índice de rejeição e que abandona os aliados à beira do caminho não é a melhor plataforma eleitoral. 
No caso de contrapartida não ser extremamente compensadora, a retirada do apoio político é inevitável.
Bolsonaro corre o sério risco de perder o apoio do Centrão por causa do silêncio em relação a Ricardo Barros, que nos últimos dias tem se esforçado para negar envolvimento no escândalo da Covaxin, mas não tem convencido. 
Tomando por base a teoria que na política “a vingança é um prato que se come frio”, o presidente não perde por esperar.
Faz-se necessário ressaltar que o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, que teve como justificativa as “pedaladas fiscais’, só foi adiante porque o cenário político tornou-se favorável e os aliados decidiram “jogá-la aos leões”.
Atualmente, com mais de 120 pedidos de impeachment contra Bolsonaro estacionados na Câmara dos Deputados, sobram crimes de responsabilidade para justificar a tentativa de apear o presidente da República do cargo. 
O cenário político está cada vez mais favorável ao impeachment, mas Bolsonaro aposta na radicalização do discurso e no ataque à democracia e às instituições para manter o mandato. 
Se a população for às ruas e os parlamentares entenderem que é chegada a hora, não há como evitar o inevitável.
O UCHO.INFO entende que, apesar de tudo, o avanço de um processo de impeachment contra Bolsonaro beira o improvável. Ademais, como temos destacado, uma democracia jovem como a brasileira não suportaria um terceiro impeachment presidencial em tão pouco tempo. 
Sem contar que o vice Hamilton Mourão é uma versão “menos ruim” do presidente.
O melhor é deixar Jair Bolsonaro derreter politicamente e derrotá-lo nas urnas, o que evitaria a vitimização. 
Até porque, suas destemperadas reações sinalizam que o fantasma da derrota está a atormentá-lo.

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