terça-feira, 31 de agosto de 2021

EM DEFESA DA DEMOCRACIA

 

Entidades da agroindústria criticam recuo da Fiesp e divulgam manifesto próprio em defesa da democracia.
Por Redação Ucho.Info/30 de agosto de 2021.



A decisão do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, de suspender a divulgação de manifesto (“A praça é dos três Poderes”) em defesa da democracia surpreendeu os signatários do documento. 
Aliado do presidente da República, Skaf mostrou-se acovardado diante de um governo que ameaça diuturnamente a democracia, mesmo que o documento não citasse em qualquer trecho o nome de Jair Bolsonaro.
Enquanto Skaf tenta se equilibrar sobre justificativas nada convincentes – uma delas é que o manifesto destina-se a todos os Poderes, não especificamente ao Palácio do Planalto –, nos bastidores da Fiesp a divulgação do documento não está descartada.
O prazo para a coleta de assinaturas inicialmente terminava na última sexta-feira (27), mas foi prorrogado por mais uma semana em razão do interesse de várias entidades de classe de reforçar a mensagem que cobra equilíbrio entre os três Poderes (Executivo, Judiciário e Legislativo).
Ainda ministro da Economia, Paulo Guedes foi comunicado por interlocutores de que a divulgação do manifesto, marcada para terça-feira (31), estava suspensa. A decisão do presidente da Fiesp de postergar a publicação do documento é um perigoso endosso ao regime autoritário que começa a despontar no horizonte nacional, como tem alertado o UCHO.INFO.
Ao ser questionado sobre o tema, Guedes disse que defender a democracia é “muito bom”, algo que o ministro não faz ao continuar no cargo. “A informação que eu tenho é que havia um manifesto de defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum, e que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. A própria Fiesp disse que não iria fazer o manifesto, que está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, declarou Paulo Guedes.
Com esse recuo, Paulo Skaf vê desidratar sua liderança no meio empresarial, correndo o risco de ser desautorizado com a divulgação de manifestos à parte e de teor idêntico, como já acontece. Ao menos sete entidades ligadas ao agronegócio decidiram publicar manifesto próprio em defesa das instituições e do equilíbrio entre os Poderes constituídos.
De acordo com Marcello Brito, presidente Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), uma das signatárias, essas entidades assinavam o manifesto que estava sob a responsabilidade da Fiesp. “Diante da decisão da Fiesp, essas entidades acharam melhor se manifestarem de forma conjunta e independente”, afirmou Brito. “Entendemos que se manifestar faz parte do espírito republicano.”
No documento, as entidades do agronegócio destacam que são “responsáveis pela geração de milhões de empregos, por forte participação na balança comercial” e que “precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar.”
“É o Estado Democrático de Direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista, o que é o inverso de aventuras radicais, greves e paralisações ilegais, de qualquer politização ou partidarização nociva que, longe de resolver nossos problemas, certamente os agravará”, completa o documento.
Assinam o manifesto a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), a Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma), a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) – representa o setor de papel e celulose –, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e a Croplife Brasil (associação de especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a produção agrícola sustentável).

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