domingo, 29 de agosto de 2021

UM EPISÓDIO:


Sinceramente não sei quem foi que me contou este episódio, mas vou aqui lembrar de duas pessoas de quem gostei muito.
Na manhã do dia 25 de agosto de 1961, os brasileiros liam na Folha de São Paulo que o presidente Jânio Quadros renunciava à Presidência da República.
Lá pelas 11 horas, o Viscount presidencial levantava voo em direção a São Paulo.
Ao despedir-se dos dois auxiliares, Jânio reafirmou que partia com a consciência tranquila:
- "Deus é testemunha dos esforços que fiz para governar bem, sem ódio e sem rancores. Nesta hora, penso nos pobres e nos humildes. É muito difícil ajudá-los".
Quem voltava de São Paulo nesse mesmo dia era o saudoso Jorge Hakim, proprietário da casa de Móveis São Miguel, que na semana teve que passar em Ibiúna para trazer a São Miguel o cartorário Joaquim Inácio Rodrigues.
A estrada toda tomada por militares; eis que acabaram parando o carro velho do Jorge, com o motor fervendo à beça.
Foi quando um dos militares pediu documentos.
O Jorge não tinha carta de motorista. Já viu como ficou o coitado!
Mas o Joaquim Inácio era muito sagaz, sabia de tudo e então começou a tratar o amigo Jorge de INSPETOR, como lhe chamava mesmo normalmente, perguntando-lhe se queria que ele fosse buscar água para o radiador num ribeirão ali perto.
Era INSPETOR pra cá, INSPETOR pra lá...
Jorge recusou, pois o cartorário estava de terno e gravata e não queria que ele se sujasse.
Então, o soldado vendo que o tratamento dado pelo engravatado ao outro era de extrema cerimônia, acabou ele mesmo indo buscar água para o carro e ao final até lhes desejou boa viagem.
O "seu" Joaquim do Cartório era de Ibiúna, mas desde que começou a trabalhar em São Miguel Arcanjo nunca deixou de ser são-miguelense de alma e coração.
Jorge Hakim e Joaquim do Cartório foram dois grandes cidadãos como jamais teremos outros iguais.




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