"já que o senhor tá aqui fazendo nada, sabe-se lá por quanto tempo, e aqui é tudo analfabeto, por que o senhor não ensina o beabá pra gente?",
"eu bem que gostaria", respondeu, "mas antes preciso avisá-los: estou preso justamente porque ensino a ler e escrever"
"Num dois de maio, 1921, nascia Paulo Freire no Recife. Foi-se mas deixou histórias fabulosas. Uma de minhas favoritas ouvi em outro aniversário dele, então secretário da educação da prefeita de SP, Luiza Erundina - Freire estava preso em Pernambuco e alguns soldados lhe fizeram a seguinte proposta - "já que o senhor tá aqui fazendo nada, sabe-se lá por quanto tempo, e aqui é tudo analfabeto, por que o senhor não ensina o beabá pra gente?", "eu bem que gostaria", respondeu, "mas antes preciso avisá-los: estou preso justamente porque ensino a ler e escrever" - respeitosos, os soldados mantiveram cautelosa distância.
Se ainda estivesse aqui, Paulo Freire veria que profs continuam na luta e que os soldados continuam paus mandados.
p.s. ouvindo Paulo Freire, ao meu lado, em frente ao teatro municipal onde havíamos instalado o telão, um senhor de olhos marejados me disse: "Foi ele que me ensinou a ler e escrever e eu já era homem feito, foi ele chegar que as letrinhas começaram a conversar umas com as outras e, até hoje, quando leio, notícia de jornal ou livro, conto tudo pra ele, em pensamento." E eu, todo 2 de maio, conto esta história 
(das coisas fabulosas que acontecem na vida de um professor)"
Página da Vera Hirschmann.
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