sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

PARA LEMBRAR DE UM COMPOSITOR E POETA LOCAL


O poeta, músico, compositor e presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de São Miguel, legalmente constituído, Armando Fogaça tinha uma coluna no extinto Jornal "Caminhos", da Associação Casa do Sertanista de São Miguel Arcanjo.
Para quem não conhece, Armando é filho do saudoso professor José Fogaça e irmão dos saudosos e conhecidos Nestor Fogaça e José Agnaldo Fogaça, o Guina.
Na segunda edição do referido Jornal, de 7 a 20 de abril de 2.001, ele escreveu um texto literário intitulado:


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                "Cotidianamente"

"O ser humano é até engraçado; observando a todos dá a impressão que todos se conhecem, sabem o porquê de tudo, que eles tem uma finalidade concreta neste mundo, neste planeta. Eu fico pensando: será que é só eu que não sei de nada, que não tenho certeza de nada?
Não que fique confuso vivendo junto com todos; esse nosso cotidiano é fácil de se aprender. Mas quanto mais tento explicar, ou melhor, entender os fenômenos que nos levam a esse cotidiano, aí fico perdido. Simplesmente ficar vivendo o dia a dia sem se preocupar com e como chegamos a isto, é que é difícil, ou sem se pensar em como ou aonde vamos chegar, aí está a dificuldade.
Observando a todos, tenho a impressão que estão sabendo de tudo, coisas que não sei.
Eu queria ter a mesma certeza que eles tem sobre tudo que nos cerca e sobre o nosso interior, que para mim é supercomplexo. Não sei de nada, de todos os impulsos que nos governam ou desgovernam. 
Esses impulsos que nos fazem ir para a frente, sem se importar com os acontecimentos que vão se fazendo em nossa vida. Apagando os entes que vão partindo desta vida, com outros que vamos conhecendo e entrando no nosso mundo.
Os dias e noites vem e vão sem parar e a maioria dos homens vive nesse nosso cotidiano horas e horas entregues a afazeres que não os transformam em nada.
E pensar que todos nós nos achamos o máximo, mas no fundo somos levados para lá e para cá, como se fôssemos marionetes.
Ficar horas parados dentro de um escritório ou qualquer outro lugar, a troco de que?
Ficar olhando o tempo passar, a vida se esvaindo por nossos dedos, sem se poder fazer nada...
A nossa bela sociedade vai achar que agora sim estão trabalhando, são moças e rapazes bonzinhos que pensam no futuro, mas que futuro? Tudo acontecendo e a gente não participando de nada que realmente valesse a pena, não percebendo a vida como ela é realmente, não vivendo plenamente. Presos a coisas mesquinhas, "não faça isso", "não faça aquilo", "isso é errado", "isso é certo".
Quem poderá nos dizer de verdade o que é certo ou errado?
Sei que ficamos horas e horas parados, entregues a afazeres que não nos transformam em nada.
Ficamos todos olhando o tempo passar, a vida se esvaindo por nossos dedos, sem se poder fazer nada..."

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