Nova crise na Apex: diretores instalam porta que barra acesso do presidente da agência.
A instalação das portas ocorreu depois da publicação de uma portaria feita por Vilalva que diminuiu os poderes e atribuições de dois diretores.
Juliana Dal Piva
Embaixador Mario Vilalva, presidente da Apex Foto: Reprodução/site ApexBrasil.
BRASÍLIA — Um nova crise eclodiu na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex ) entre o atual presidente, embaixador Mário Vilalva, e o diretor de Gestão Corporativa, Márcio Coimbra, e a diretora de Negócios, Letícia Catelani.
O episódio mais recente das discordâncias na condução da agência envolve a instalação de duas portas com controle de pessoas que podem acessar a ala onde ficam as salas de Catelani e Coimbra.
Segundo funcionários da agência, até o presidente da Apex precisa de aprovação para passar pelo local.
Vilalva disse que foi surpreendido com a instalação e vai cobrar explicações de Catelani e de Coimbra pelo episódio.
A instalação das portas ocorreu depois da publicação de uma portaria feita por Vilalva que diminuiu os poderes e atribuições de Catelani e Coimbra.
A portaria tirou dos dois o poder de decidir sobre “contratação e dispensa de pessoal” e também de “representar a Apex em juízo ou fora dele”.
Além disso, os dois não podem mais prover cargos comissionados e funções de confiança dentro da agência.
A publicação da portaria foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira.
Vilalva decidiu pelo documento depois que os dois diretores se recusaram a cumprir suas ordens na organização de um estande na Milan Design Week 2019, que vai ser realizado este mês, na Itália.
Em nota enviada ao GLOBO, Vilalva disse que “ao retornar da viagem ao Chile, onde esteve em Missão oficial, o presidente da Apex-Brasil, Mário Vilalva, foi surpreendido pela instalação da porta. Neste momento, aguarda o retorno, ao Brasil, dos diretores Márcio Coimbra e Letícia Catelani, aos quais demandará justificativas sobre a instalação dessa porta”.
Os dois diretores acompanharam o presidente Jair Bolsonaro na viagem a Israel.
Procurada, Catelani não retornou.
Um funcionário contou ao GLOBO que a presidência e as diretorias funcionam no 18º andar e saindo do elevador agora há uma divisória de blindex.
No lado esquerdo fica a presidência e, à direita, uma sala de reuniões e as diretorias.
Segundo esse funcionário, entre a sala de reuniões e os gabinetes dos diretores foi instalada uma segunda porta de blindex com controle de acesso.
“Por essa segunda porta só passam aqueles que constam de uma lista elaborada pessoalmente pela Letícia”, explicou.
Além do descontentamento em relação à portaria, os dois diretores também não aprovaram a chegada do novo gerente da presidência, o general Roberto Escoto.
Ele seria uma indicação do vice-presidente Antonio Hamilton Martins Mourão e teria status de diretor.
Escoto também não possui acesso à ala que fica atrás da nova porta.
Vilalva assumiu a Apex depois da saída de Alecxandro Carreiro, que foi demitido pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em janeiro.
Carreiro ficou pouco mais de uma semana no cargo e também teve desentendimentos com Letícia Catelani.
Na época, Carreiro demitiu 17 funcionários e nomeou 11 e já tinha acertado a contratação de outros dez.
Substituiu responsáveis por várias gerências estratégicas como as de investimentos, finanças, jurídicas e auditorias por pessoas de fora da agência.
Na época, também causou mal-estar dentro da agência, o fato de que Carreiro não era fluente em inglês, o que é uma exigência do estatuto da própria Apex.
Carreiro foi empossado pelo presidente, mas com a recomendação do Itamaraty, como de costume.
Catelani e outros diretores teriam expressado discordância com as decisões e Ernesto Araújo decidiu demiti-lo, mas Carreiro só deixou o cargo quando o presidente Jair Bolsonaro anunciou a sua saída.
Letícia Catelani foi indicada por Ernesto para assumir uma das duas diretorias da Apex.
Fonte: O GLOBO
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