quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

UMA CRÔNICA DE ALBERTO ISAAC


Alberto Isaac é jornalista, professor e comerciante. Durante quarenta e cinco anos foi o correspondente do jornal “O Estado de São Paulo” na região de Itapetininga.





Gloriosa, retumbante e com final plenamente feliz, a liberdade de uma simples e quase caseira pomba sensibilizou grande número de pessoas, frente ao Mercadão nas proximidades da agência dos “Correios”, entre as ruas Monsenhor Soares e Cel. Afonso.
Pois foi, exatamente neste local, área muito movimentada tanto de ônibus como de pedestres, naquela calorosa e insuportável quarta-feira 22, à tarde, que a gárrula e ágil ave, se desgarrou de suas colegas e foi-se enredar em fios de nylon quando procurava migalhas para se alimentar nas calçadas daquele logradouro público.
Presa solidamente nos pés pelo emaranhado cipoal de linhas, a pomba toda branca, qual inocente e despida de pecado algum, ficou pendurada no alto de uma das tesouras, sustentáveis da construção. Debatia-se afoitamente e igual condenado prestes a ser executado, quanto mais se batia mais complicava sua situação, já desesperada. Agitava-se no ar, qual bandeira ao vento, cenário então presenciado curiosamente por atenta multidão que se postava no trecho da Monsenhor Soares, dificultando a mobilidade humana.
Talvez fosse o início de um infausto acontecimento, esperado por todos os presentes. Mas, a salvação surgiu com a feliz aparição de uma guarnição do Corpo de Bombeiros de Itapetininga, chamada pelo cidadão Cláudio Uriel, com comércio estabelecido no Mercadão.
Os bravos homens, prontos e dispostos a enfrentar quaisquer emergências, destemidos, valentes e intimoratos, imediatamente tomaram ciência da angustiante situação. Após tentar alcançar o alvo, e não conseguindo pois a escada não atingia o objetivo, galgaram o telhado, muito perigoso, e “pacientemente e com extrema delicadeza acolheram com as mãos a frágil e desesperada pomba”, já em estado quase fatal.
Com os olhos voltados para a emocionante cena, semelhante a cinematografia, aplausos foram intensos aos “bravos soldados do fogo”, sempre prontos e dispostos a acorrer e salvar quem necessite de seus préstimos. Constitui-se em final feliz, colocando a salvo a já agonizante ave.
Os bombeiros, pertencentes à guarnição, Sargento Alencar, e os soldados Galvão e Coelho, após deixar a ave em boas condições de saúde, em cima do carro, deixavam que o “símbolo da Paz” iniciasse, naquele céu totalmente azul, seu voo para a plena liberdade.
O pombo, sacralizado na doutrina cristã, e que integra a história da religião, proporcionou sentidas lágrimas de emoção e alegria a todos, testemunhas do inédito fato e os “olhos desses valorosos e destemidos bombeiros refletiram a luz de seus corações, ao imprimir caráter sagrado à aquela ave.

Fonte: Jornal Correio de Itapetininga.

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