quarta-feira, 16 de maio de 2012

O POETA ARMANDO FOGAÇA.


O poeta Armando Fogaça tinha uma coluna no extinto Jornal "Caminhos", da Associação Casa do Sertanista de São Miguel Arcanjo.
Para quem não conhece, Armando Fogaça é filho do saudoso professor José Fogaça (na foto, o primeiro da direita) e irmão de Nestor Fogaça, Maria Luiza, José, Iracema, Paulo, Antonio e Aparecida ( por parte do pai) e de Dora, Arlete, Georgino, Agnaldo, Renata e Dilermando, filhos gerados pelo segundo casamento de  José Fogaça com dona Benedita.
Na segunda edição, de 7 a 20 de abril de 2.001, ele escreveu um texto chamado:
                              "Cotidianamente"

"O ser humano é até engraçado; observando a todos dá a impressão que todos se conhecem, sabem o porquê de tudo, que eles tem uma finalidade concreta neste mundo, neste planeta. Eu fico pensando: será que é só eu que não sei de nada, que não tenho certeza de nada?
Não que fique confuso vivendo junto com todos; esse nosso cotidiano é fácil de se aprender. Mas quanto mais tento explicar, ou melhor, entender os fenômenos que nos levam a esse cotidiano, aí fico perdido. Simplesmente ficar vivendo o dia a dia sem se preocupar com e como chegamos a isto, é que é difícil, ou sem se pensar em como ou aonde vamos chegar, aí está a dificuldade.
Observando a todos, tenho a impressão que estão sabendo de tudo, coisas que não sei.
Eu queria ter a mesma certeza que eles tem sobre tudo que nos cerca e sobre o nosso interior, que para mim é supercomplexo. Não sei de nada, de todos os impulsos que nos governam ou desgovernam. 
Esses impulsos que nos fazem ir para a frente, sem se importar com os acontecimentos que vão se fazendo em nossa vida. Apagando os entes que vão partindo desta vida, com outros que vamos conhecendo e entrando no nosso mundo.
Os dias e noites vem e vão sem parar e a maioria dos homens vive nesse nosso cotidiano horas e horas entregues a afazeres que não os transformam em nada.
E pensar que todos nós nos achamos o máximo, mas no fundo somos levados para lá e para cá, como se fôssemos marionetes.
Ficar horas parados dentro de um escritório ou qualquer outro lugar, a troco de que?
Ficar olhando o tempo passar, a vida se esvaindo por nossos dedos, sem se poder fazer nada...
A nossa bela sociedade vai achar que agora sim estão trabalhando, são moças e rapazes bonzinhos que pensam no futuro, mas que futuro? Tudo acontecendo e a gente não participando de nada que realmente valesse a pena, não percebendo a vida como ela é realmente, não vivendo plenamente. Presos a coisas mesquinhas, "não faça isso", "não faça aquilo", "isso é errado", "isso é certo".
Quem poderá nos dizer de verdade o que é certo ou errado?
Sei que ficamos horas e horas parados, entregues a afazeres que não nos transformam em nada.
Ficamos todos olhando o tempo passar, a vida se esvaindo por nossos dedos, sem se poder fazer nada..."

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