terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A CAVERNA DO DIABO – UM MUNDO À PARTE NO UNIVERSO SUBTERRÂNEO DO VALE DO RIBEIRA - SP

MEGAPHONE DO QUINCAS




Chegada a Eldorado – a um passo da caverna

Mesmo para quem assistiu ao filme “Santuário”, produzido por James Cameron, em imagem convencional, 3D, dublado ou legendado, conhecer a “Gruta da Tapagem” ou melhor, “a Caverna do Diabo” não decepcionará. No mínimo, estará infiltrado no cenário perfeito para assuntos de espeleologia, grutas, cavernas, o sonho da viagem ao centro da terra.
Seu trecho aberto à visitação tem aproximadamente 600 metros e possui escadas e passarelas de concreto com corrimão e iluminação o que permite a quem visita uma visão ampla e segura da caverna. É uma das poucas cavernas do mundo onde é possível uma visita educativa com estudantes e demais interessados.
Conhecida pela beleza de seus salões e pela boa infra-estrutura, conta com mais de 8 mil metros de galerias. 
O ingresso custa R$ 20,00 por pessoa, dos quais R$ 9,00 são destinados à manutenção e investimentos no parque e os R$ 11,00 restantes são direcionados à Monitoria Ambiental Autônoma, associação que recebe qualificação do Parque Estadual Caverna do Diabo e tem entre seus integrantes principalmente moradores dos Quilombolas da região do Vale do Ribeira.
Antes de entrar em alguns detalhes que explicam física e divinamente o fascínio que exerce sobre o ser humano a ‘exploração/visitação’ da caverna, queria chamar a atenção para o ocorrido com nosso albino querido, filho de Lagoa do Carro, Alagoas, e que só não tira som do vento quando o vento não assopra, o mestre-mago-alquimista da música Hermeto Pascoal.
Logo no início da descoberta e a abertura indiscriminada para a visitação da gruta, fim dos anos 60, início dos 70, o povo resolveu cada um “tirar uma casquinha” da caverna, como souvenir. 
Imagine, se a coisa não tivesse um freio não teríamos nem gruta mais a vislumbrar. 
Foi nesse alvoroço que nosso ousado Hermeto mexeu os dedos, batucando nos calcários, que frágeis, quebraram. 
Dali em diante, ninguém mais leva lembrancinha para casa.



Local (estrias) onde Hermeto Pascoal, o mago da música instrumental brasileira, resolveu fazer mais uma de suas experiências, e tirar um ‘som’. 
Ladio Furquim, nosso guia, reproduz a sonoridade.


Caverna do Diabo

Descoberta em 1886 pelo pesquisador e naturalista alemão Richard Krone, sendo por ele mesmo explorada a primeira vez em 1891. Foi depois batizada com o nome de Gruta da Tapagem, porque sua entrada ficava em alguns momentos tapada, tornando-se um lugar misterioso.
Krone deixou vários escritos que, anos depois, revelou uma das mais belas cavernas já encontradas em todo mundo, por volta de 1964, quando adquiriu a denominação de Caverna do Diabo, que acabou se popularizando mais que seu verdadeiro nome.
O início da formação da caverna é apontado pelos pesquisadores como ocorrido no período pré-cambriano (há milhões de anos). 
Atualmente, sabe-se que a caverna possui mapeados quase 10 quilômetros de galerias e salões em seu interior, todos ricos em espeleotemas (formações de carbonato de cálcio).
De toda esta área apenas 7% é aberta à visitação turística, com enorme manancial de amostras de raras formações com estalagmites (no chão), estactites (do teto para baixo), colunas, torres, travertinos, helectites e outras.
Bem, e o surgimento do nome ‘Caverna do Diabo’? 
Provém de algumas lendas dos índios que habitavam as proximidades da gruta. 
Uma delas contava que eles acreditavam que se alguém fosse atingido pelas gotas que pingam do teto, seria imediatamente transformado em pedra.
Para os índios, as estranhas formações geológicas que chamam atenção pela imensa beleza, eram pessoas e outros animais petrificados pelas malditas gotas.
Os caboclos, que posteriormente também habitaram o local, acreditavam que os ruídos ouvidos na entrada da gruta eram gemidos de almas penadas a receber os castigos do diabo.
As crianças desobedientes eram ameaçadas de serem deixadas nas redondezas da caverna como castigo pelas suas estripulias.
Situada no município de Eldorado, é administrada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e pela Fundação Florestal, por estar dentro do Parque Estadual de Jacupiranga.



O caminho para a caverna – animais peçonhentos, cobras e lagartos



Ribeirão das Ostras



Lençois, cortinas (estalactites)



Êxtase, medo e alívio. Corrimões e escadarias.

Fechando a crônica, mas não o assunto: se for por lá, é recomendação obrigatória calçar bota ou tênis, por motivos óbvios, mas todo mundo esquece.
Para sentir que depois de 1 hora e meia você foi e voltou de outro planeta, a temperatura interna da caverna é de 18º, contra os 28,29º do lado de fora.
Portanto, como disse o nosso guia: “não se apavore se sentir algumas coisas estranhas nesse mundo de dentro do chão”………..

(*) Geologia, geografia, hidrologia, biologia (bioespeleologia), climatologia, arqueologia e química são algumas das ciências que contribuem para o conhecimento espeleológico. Os estudos espeleológicos apoiam-se normalmente em levantamentos topográficos. A simples exploração ou visita das cavernas está por vezes associada à espeleologia, embora não se deva confundir com esta ciência.
Fonte: Jornal da Besta Fubana

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