quinta-feira, 7 de julho de 2016

DONA OLÍMPIA, UMA LENDA MINEIRA


Achei tão sensacional a história, que transcrevi para o meu blogue o que li no blog "Na Cozinha da Margô Tem de Tudo Um Pouco...", hoje com quase dois milhões e meio de visualizações.
Dona Olímpia Angélica de Almeida Cotta, neta do Marquês de Paraná.
Nasceu: 31 de agosto de 1889 e faleceu aos 87 anos em novembro de 1976.
Quem conheceu Sinhá Olímpia ou já ouviu falar? 
Eu conheci! 
Pude ver ao vivo e a cores essa lenda feminina de Ouro Preto, cheia das vaidades!
Eu era criança e toda a família viajou para Ouro Preto, para passar o dia. Era nosso costume aos domingos, meu pai encher o carro de filhos e levar para passear em algumas cidades ao redor de BH. 
Minha mãe preparava a 'matula': uma cesta cheia de lanches gostosos, sucos, água, café e tudo mais que precisasse...
Quando a vi pela primeira vez ela já era idosa, falava embolado e a gente não conseguia entender direito os casos que ela contava. Mas tinha a postura elegante, de uma descendente nobre do império. 
Andava com um estandarte na mão, cheio de enfeites que ela ia colecionando, outros achava na rua mesmo. Era decorado com flores, penas, flores de papel crepom, santinhos, pacotes vazios de cigarro, fotografias, broches… 
Mas o que me chamou a atenção foi a quantidade de papel de bombom, daqueles que tem franja. Tudo coloridinho e bem amarrado, era bonito o barulhinho balançando ao vento! Ah, dizem que era estudada, tocava piano, escrevia poesias e chegou a ser professora...


A princípio, eu a achei engraçada e comecei a rir dela, mas minha mãe rapidamente me repreendeu, disse que era falta de respeito, que ela era uma senhora importante e muito conhecida! 
A história que eu sei é que foi apaixonada por um rapaz mais pobre. Seu pai não permitiu o casamento e então, ela caiu em depressão e começou a embaralhar as ideias. Com o tempo, começou a perambular pela cidade, pedindo ajuda para comer e vestir. O que ela ganhava a mais, ainda dividia com os pobres. A fama de uma mulher nobre que virou andarilha, correu no falatório do povo e mereceu até uma crônica de Carlos Drumond de Andrade!


No site www.tccolympia.wordpress.com/, há uma descrição da sua popularidade:

" Foi capa da revista Times, participou do Programa do Chacrinha, retratada por fotógrafos e pintores, inspirou músicas e poemas, foi tema de samba enredo da Mangueira, conheceu Juscelino Kubitscheck, Tancredo Neves, Vinícius de Moraes, Rita Lee e muitos outros famosos. Recebia cartões e presentes do mundo inteiro. Cartões vindos da Inglaterra, chapéus do mercado das pulgas de Paris, medalhas, moedas e outros presentes de várias partes do mundo, chegavam pelo correio."
Ela era uma criativa contadora de casos com linguagem culta e gramatical, que ninguém sabia distinguir o que era verdade e o que era obra da sua imaginação. 
Com o tempo, foi acolhida nos braços dos moradores e autoridades, que passaram a cuidar dela. 
Dona Olímpia afirmava que conhecera Tiradentes, falava dos inconfidentes, de D. Pedro I e a Princesa Isabel com a maior intimidade. 
Dependurava cartões e lembranças em sua roupa. 
Tinha uma coleção de chapéus, presenteados por turistas. Vestia várias saias ao mesmo tempo, uma em cima da outra. Minha homenagem aos loucos de lucidez, aos que pensam diferente e que rendem uma boa prosa. 
Essa é a história que eu sei. 
Se você souber de outra, comente aqui.

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