quinta-feira, 30 de março de 2023

SÓ PODE TER SIDO CRIMINOSO.


Museu da Capelinha, que serviu de esconderijo para o capitão Carlos Lamarca, é destruído após incêndio no Vale do Ribeira; 
Patrimônio cultural ficou conhecido por abrigar o esconderijo para o capitão Carlos Lamarca e seu grupo de 16 guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), quando eram perseguidos pela ditadura militar, em 1969.
Por g1 Santos
30/03/2023 


Fogo destrói Museu da Capelinha, em Cajati, no Vale do Ribeira

O Museu da Capelinha ficou destruído após um incêndio do Parque Estadual do Rio Turvo, em Cajati, no Vale do Ribeira. O local, considerado patrimônio cultural, abrigava a gruta que serviu de esconderijo para o capitão Carlos Lamarca e seu grupo de 16 guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária, quando eram perseguidos pela ditadura militar, em 1969.
O museu abrigava um acervo de fotos e documentos sobre a passagem de Lamarca pela região. Painéis, livros e móveis também ficaram destruídos. As chamas se alastraram pela área de exposições, e diversas peças de arte foram queimadas. No entorno do local incendiado existia ainda um importante sítio arqueológico.
O pesquisador Ocimar Bin, explicou que no local havia um espaço onde a população poderia conhecer a riqueza do Vale do Ribeira. "Uma das regiões mais importantes e o maior pedaço da Mata Atlântica. Aqui a gente conseguia retratar tudo isso. Queremos reconstruir, com o apoio da sociedade, da comunidade e de parlamentares".



Estrutura do acerto do Museu da Capelinha pegou fogo e ficou destruído no Vale do Ribeira — Foto: Museu Capelinha

Incêndio
O fogo no museu começou no domingo (26), por volta das 15h, e consumiu rapidamente todas as instalações. Segundo o gestor do parque, Tiago Leite Vecki, o incêndio durou aproximadamente duas horas. No momento do incidente, no local havia apenas um funcionário. Ninguém ficou ferido.
"Quando chegamos aqui vimos que os painéis temáticos estavam queimados. Infelizmente, o que não foi destruído por completo, ficou quase todo comprometido", disse ele.
Por meio de nota, A Fundação Florestal esclarece que o Museu não continha materiais originais, documentos ou qualquer peça de acervo pessoal de Carlos Lamarca. O local abrigava painéis relativos a eventos ocorridos no âmbito do parque, entre os quais um relativo à passagem do capitão.
Ainda segundo a Fundação Florestal, os documentos originais referentes às descobertas arqueológicas pelas quais a região tornou-se conhecida foram transferidos ao patrimônio da USP há cerca de vinte e três anos. A Fundação Florestal acionou a Polícia Civil para registro da ocorrência e está fazendo um levantamento dos danos e reparos necessários.



Acervo e estrutura do Museu que abrigada gruta e trilha do Lamarca ficou destruído — Foto: Museu da Capelinha

Patrimônio histórico e cultural
Conhecido como Museu da Capelinha, o Centro de Exposições Temáticas foi inaugurado em 2012, e continha exposições temáticas com várias informações sobre o Parque Estadual do Rio Turvo, o Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga, a Mata Atlântica e o Vale do Ribeira, além de réplicas de animais da Mata Atlântica.
Em 1999, arqueólogos, geofísicos e biólogos, encontraram o esqueleto fossilizado de um homem, com aproximadamente 9 mil anos. O fóssil do Homem da Capelinha posteriormente denominado pelos pesquisadores de “Luzio” (referência a Luzia, fóssil de esqueleto feminino encontrado em Belo Horizonte que viveu há mais de 11 mil anos, considerado o mais antigo das Américas). Luzio foi transferido para o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP em 2000.
A região também se destaca pela grande quantidade de Sambaquis [material formado de conchas característicos da antiga população do litoral]. Historiadores afirmam que o local onde Luzio [habitante da região há 10 mil anos] foi encontrado pode ter sido um cemitério, onde os corpos eram cobertos por uma grande camada de conchas, formando os Sambaquis, atingindo entre 80 centímetros a um metro.



Museu da Capelinha ficou destruído após incêndio que atingiu o local em Cajati — Foto: Museu Capelinha.

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